domingo, 27 de dezembro de 2009

Esperança, do verbo Esperançar!


Quando o filósofo Mario Sérgio Cortella fala, não há muito mais o que se acrescentar! Então transcrevo abaixo, na íntegra, o texto "A resignação como cumplicidade" que é tão incisivo em tentar despertar nosso sentimento de responsabilidade.

O escritor suíço Denis de Rougemont, um arguto defensor da unidade européia e, especialmente, um estudioso da ocidentalidade, disse algo (em meados do século passado) que inspirou discursos conhecidos de muitos políticos: "A decadência de uma sociedade começa quando o homem pergunta a si próprio: ‘O que irá acontecer?’, em vez de inquirir: ‘O que posso fazer?’".

A decadência (seja ela na sociedade mais ampla, seja em quaisquer instâncias, como família, trabalho, política etc.) principia quando o imperativo ético da ação é substituído pela acomodação e pela espera desalentada, isto é, quando se abre mão do dever que emana da liberdade e exige, para ser exatamente livre, uma intervenção consciente. Isso é lembrado em razão de um sorrateiro entorpecimento que acomete a muitos, aniquilando pouco a pouco a capacidade de reagir e de apontar como fora de lugar muitas coisas que parecem encaixar-se, sem arestas, na vida cotidiana e que precisam ser fortemente rejeitadas, de modo que esta não dê lugar ao abatimento que apenas aguarda, em vez de buscar provocar resultados.

Estamos nos acostumando —com rapidez e sem resistência ativa— com alguns desvios que parecem fatais e inexoravelmente presentes, como se fizessem "parte da vida": violência, desemprego, fome, corrupção e outros. É a prostração como hábito! E o conveniente pesar estampado no rosto e nas palavras para disfarçar uma simulada impotência individual mas que, no fundo, é expressão de um egonarcisismo indiretamente conivente. Tão confortável assim pensar... Lembre-se, então, de Fernando Pessoa, para o qual "na véspera de não partir nunca, ao menos não há que arrumar malas".

Pode-se argumentar que, felizmente ainda há muita esperança. Mas, como insistia o inesquecível Paulo Freire, não se pode confundir esperança do verbo esperançar com esperança do verbo esperar. Aliás, uma das coisas mais perniciosas que temos neste momento é o apodrecimento da esperança; em várias situações, as pessoas acham que não há mais jeito, que não há alternativa, que a vida é assim mesmo... Violência? O que posso fazer? Espero que termine... Desemprego? O que posso fazer? Espero que resolvam... Fome? O que posso fazer? Espero que impeçam... Corrupção? O que posso fazer? Espero que liquidem... Isso não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo. E, se há algo que Paulo Freire fez o tempo todo, foi incendiar a nossa urgência de esperanças.


Seria possível também usar aqui palavras como desalento, desânimo ou até covardia tolerante. Júlio Cortázar, o argentino que deu novos contornos à prosa latino-americana dos anos 60 em diante, afirmava que "a covardia tende a projetar nos outros a responsabilidade que não se aceita". Ou, pensado de outra forma, visite-se o romancista francês Jules Renard, com sua obra permeada por ironias cruéis (uma delas, aqui representada em 1957 por Cacilda Becker com o nome de "Pega-Fogo"): "Dando ouvidos apenas à sua coragem que nada lhe dizia, ele absteve-se de intervir".

Por isso resignar-se é, de forma contundente, concordar involuntariamente ou até ser cúmplice passivo. Melhor ficar com o vaticínio de André Destouches, compositor e diretor artístico da Ópera de Paris no reinado de Luís 15; o músico, especializado em tragédias líricas (como as que muitos pensam estar vivendo), advertia que "os ausentes nunca têm razão".


Encontrei esse texto bem aqui. Faz parte do livro de provocações filosóficas "Não Nascemos Prontos". E em uma comunidade do orkut também achei essa citação "...Nossa tarefa no mundo é Mandelar, MadreTerezadeCalcutear, ZumbidosPalmeirear, ChicoXavierar, ou seja, transformar em verbo os grandes homens e mulheres que lutaram contra qualquer forma de discriminação" Eu até diria os homens e mulheres que fizeram de suas vidas uma obra de amor, ou de justiça, ou de liberdade... Ao invés de esperar por heróis devemos fazer o que pudermos, devemos fazer a nossa parte! Nada mais.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

This little light of mine


Gayatri Mantra: OM BHUR BHUVAH SVAH OM TAT SAVITUR VARENYAM BHARGO DEVASYA DHEEMAH DHIYO YO NAHA PRACHODAYAT

A campanha de Natal do Boticário traz uma musiquinha que apesar de aparentemente superficial é na verdade tão profunda! Resume-se a dizer "Essa luzinha do meu ser, vou deixar ela brilhar". E o que se passou em mim quando eu ouvi foi mais ou menos isso: essa luzinha é a centelha divina da qual somos portadores. É nossa consciência. A consciência que viemos buscar. Deixar ela brilhar é libertá-la. Acender nossa consciência, trazê-la à Luz, nos protege e liberta. Por isso gostei tanto da energia boa que sai da TV quando passa o filme do Boticário, que com certeza não me convenceu a comprar perfumes e maquiagem mas me fez pensar em coisas tão mais profundas.

Daí uma cliente querida me mostrou um mantra, que também me comoveu muito. É um dos mantras mais poderosos segundo a tradição hindu porque contém a sabedoria de todos os Vedas, os livros sagrados hindus, o que significa que nos mostra a essência de toda nossa existência. O nome do mantra é Gayatri, que significa algo como fazer florescer a energia vital que nos protege ou que nos liberta... A letra de 24 sílabas foi traduzida assim em um site que pesquisei:

"Eu Saúdo aquele Ser, possuidor da efulgência divina e que é a causa e sustentação de todos os planos da existência.Que minha mente esteja sempre fixa e absorvida Nele e que Ele possa iluminar, purificar e inspirar meu intelecto."

É lógico que eu substituo intelecto por intuição ou espírito, afinal como confiar em traduções internéticas do sânscrito? E aí ele fica muito parecido com o simpático refrão chiclete de "This little light of mine, i'm gonna let it shine"...

Por fim, li hoje na dissertação Natal, do terceiro volume de Na Luz da Verdade de Abdruschin a seguinte frase:

"Transformai tudo o que pensais e fazeis num servir a Deus! Então vos sobrevirá aquela paz pela qual ansiais. E quando os seres humanos vos afligirem pesadamente, seja por inveja, maldade ou baixos costumes, tereis a paz dentro de vós para sempre e ela ajudar-vos-á, finalmente, a vencer todas as dificuldades!"

E eis que encontro a melhor forma de saber como deixar a minha luzinha interior brilhante e minha intuição inspirada! E porque Natal é Nascimento, faz sentido iluminar o espírito, prestar atenção a ele e permitir que nasça ou renasça... É o que quero levar para o ano seguinte e o que desejo que todos levem também!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

As princesas hoje em dia



Ontem levei filha e sobrinhas para ver a Princesa e o Sapo no cinema! Fora o contexto Barack Obama em que o filme foi lançado... sim, porque pela primeira vez na história a Disney tem uma princesa negra, afro-americana natural da efervescente Nova Orleans dos anos 20! Bom, fora o contexto Barack Obama, eu gostei muito dessa nova forma de contos-de-fadas que vi ontem...

É lógico que Tiana (a princesa do título) não é uma princesa, é uma garota pobre e trabalhadora que sonha abrir o próprio restaurante. Aliás, sonho que herda do pai e pelo qual abre mão das diversões próprias da juventude para se dividir em jornadas duplas de trabalho a fim de juntar todo o dinheiro de que precisa. Só estou salientando esse ponto, porque para quem ainda não percebeu, desde os contos de Andersen e dos irmãos Grimm, o casamento com um príncipe, objetivo final da maioria dos contos de fadas, era a principal forma de ascensão social para a mulher. Uma ascensão que a libertava de serviços e maus tratos domésticos...

A principal novidade que este conto revisitado traz, a meu ver, é o fato de que Tiana não quer se ver livre do trabalho. Pelo contrário, ela acredita que é preciso batalhar muito para chegar lá! Também não acredita que beijar um sapo, na esperança de que vire príncipe seja a solução de seus problemas, ao contrário, dessa vez quem está em busca de um casamento vantajoso para si é o príncipe! O moleque irresponsável e fanfarrão que torra a fortuna da família em farras de jazz pela cidade até que os pais lhe cortam a mesada e desencadeiam o cenário perfeito para que charlatões, como o Homem da Sombra, se aproximem e dêem o bote!

Tá, estou estragando a surpresa de quem ainda não assistiu, mas se quer saber minha opinião sobre o filme pare de ler agora, vá até o cinema mais próximo e depois continue a leitura... Porque não posso evitar continuar falando sobre todas as inovações culturais que esse filminho trouxe. Enfim, é este príncipe folgado e desesperado, agora sem a mesada dos pais, que se deixa ser transformado em sapo... E que convence Tiana a beijá-lo, porque assim pode retomar sua forma e poderá ajudá-la com o sonho do restaurante. O fato é que depois do beijo, é a princesa que vira sapo! E os dois são lançados numa aventura maluca nos pântanos da Louisiana. Conhecem personagens tão simples e singelos que os ajudam em sua jornada. Eu fiquei especialmente comovida com o vagalume Raymond que é apaixonado por uma estrela a quem chama Evangeline e que em sua simplória caipirice dá grandes lições filosóficas, tanto para crianças de 3 anos como para as de 30 aqui!

O clímax: é lógico que a princesa e o sapo se apaixonam em alguma hora do filme. Mas não termina como nos contos de fadas tradicionais em que a princesa segue com seu principe para o mundo dele, no cavalo branco dele! Aqui, Tiana traz o principe para o seu sonho e ele sente-se encorajado a trabalhar e ajuda-la a construir o restaurante. É o trabalho em comum que finalmente os une, e é a primeira vez que vejo a mulher representada como guia que conduz a vontade masculina, enobrecendo-a; e não como um troféu, ou objeto que satisfaça a cobiça dos homens! Eu gostei!!!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A irradiação do amor

All you need is love! Love, love, love... Incontáveis os que já escreveram sobre o tema e fácil dizer que todos, indistintamente, precisam dele... Por que estou falando disso hoje? Não é porque estou apaixonada, certamente... Mas porque vem chegando essa época do ano, em que se pode sentir o que é o amor, não o sentimento melosinho de posse alheia, mas o amor universal que movimenta e mantém o universo inteiro.

Falar em posse alheia, comecei a observar que há aqueles que acreditam no amor e não sabem o que ele é. Por exemplo, dia desses na Rodoviaria do Tietê, uma mulher de origem bem simples ia andando abarrotada de malas e sacolas e uma pequenina caixinha que miava estridentemente pelos corredores. Eram 4 gatinhos espremidos dentro de uma caixinha minuscula de pardais... Se fossem pardais ja seria lastimável, imagine gatinhos...

Talvez se perguntasse, aquela senhora ia dizer que amava os bichinhos, por isso os levava consigo... Mas em sua ignorancia, ela que nunca observou o movimento do universo e da vida, não pode ser levada a sério, pois confunde amor com posse. Quem pode julga-la? É um pouco o que fala o profundo Dr. Bach em sua terapia floral. Querer ser dono, possuidor da vida alheia só pode trazer doença! Se nos sentimos compelidos a possuir alguém, a dominá-lo com nossa personalidade é porque, muito provavelmente, não sabemos ser livres com relação a nós mesmos. Isso tem a ver com desapego e com a consciência de que amar é servir ao próximo, sendo-lhe útil. Não falo de submissão e nem de ser falsamente humilde. Servir denota a idéia de fazer o outro feliz, agradar ao outro, mas também e,não raras vezes, somos úteis quando temos coragem de ser sinceros e saber dizer a verdade mesmo que doa. Quando temos coragem de viver a verdade, mesmo que doa.

Nesta época do ano em que a maioria está ocupada fazendo compras de natal, planejando viagens, jantares e comemorações, eu queria ficar bem quieta, olhando o estrelar do céu. Sentindo o que sutilmente ocorre sem que quase ninguem note: uma poderosa renovação de forças que é capaz de transformar quem deseja ser realmente trasformado.

Acho que foi nessa época do ano que Rilke escreveu essa frase tão poderosa que esse carinha que segue o blog postou em seu perfil de membro. Para quem nunca notou, a frase é assim: "Não há força no mundo exceto o amor, e, quando o carregamos em nós, simplesmente o temos, mesmo que fiquemos perplexos sobre como usá-lo: ele exerce seu efeito, irradia e ajuda para fora e além de nós. Não se deve jamais perder essa fé, é preciso simplesmente (e se não fosse nada mais) resistir nela!" Obrigada fjmjr por ter me apresentado tão nobre reflexão! E que todos possamos encontrar amor assim para soltar os gatinhos que carregamos em caixinhas de pardais.


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Agora eu já sei...


Ha! Achei o máximo essa tira do Ryotiras! Sabe contar piada quem entende que comédia e tragédia são a mesma coisa! Porque se a gente pára pra pensar vê que a solidão muita vezes assombra pelo motivos errados mesmo... E quantos não temem o que chamam solidão, quando na verdade temem a si mesmos? Seus fantasmas? Suas falhas? Seus vazios? E quantos não vivem a vida toda acreditando serem vítimas das atitudes alheias?

Quantos relacionamentos não são baseados em cobranças e julgamentos ao invés de amor e empatia? Falar nisso lembrei de uma palestra linda do semiótico Edward Lopes, em que ele falava sobre o Outro e nossa relação com este Outro. E como esse processo de "espelhar-se" transformava o outro em um "outro eu"... não lembro muito mais, só lembro que essa imagem poética me cativou. E agora, à perspectiva dessa tirinha podemos ver que esse "outro eu" pode ser um repositório dos aspectos negativos que temos mas que não queremos que habite nosso "eu verdadeiro".

Há tantos relacionamentos familiares que se fundamentam nessa troca constante e ininterrupta em que um joga uma falha no colo do outro e, o mais surpreendente, o outro começa imediatamente a carregá-la! E esses comportamentos viciados criam toda uma existência de remorsos e desencanto, de amarguras e tristezas! Tomara que possamos todos aprender que coexistir e conviver não pode ser o resultado de laços que se emaranham dessa forma ao redor das pessoas envolvidas, as prendendo, limitando e tolhendo seus caminhos! Estar junto deve ser uma escolha de companheiros de jornada! Tanto em familia como em sociedade.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Home

Clique na imagem para assistir, porque restringiram a incorporação do vídeo!

O bom de se assistir um filme dirigido por um fotógrafo é poder mergulhar em cada imagem e vivê-la como se fosse uma experiência. Não é babação de ovo, mas ver as imagens estonteantes apresentadas por Yann Arthus-Bertrand no fantástico Home é uma vivência intensa (principalmente se você passa a maior parte dos seus dias confinado em um escritório).

Enfim, o filme é sobre nossa casa: o planeta Terra, sobre quantos milhões de anos levou para se formar e sobre como em milésimos de segundos nós destruimos tanto. Não é novidade... A produção desse tipo de conteúdo é cada dia mais frequente e não é para menos... Em alguns momentos você se sente dentro de Baraka ou Koyaanisqatsi ou mesmo folheando National Geographics! A voz da narradora da versão em inglês tem o poder de te transportar para dentro das imagens... eu não sei explicar, me senti estranhamente envolvida pelo filme!

E desesperada! Falei no último post, de há quase um mês atrás, de como é importante enxergar o lado cheio do copo... De certa forma, Home acaba por pretender isso também. Mas a urgência de sua mensagem fala mais alto. Como paralisaremos o círculo vicioso horrendo da produção/consumo que impusemos ao ciclo natural do planeta?

Quando cada um perceber que mudar a si é o primeiro passo para mudar o mundo, teremos alguma esperança... Anyway, é bom ver a tecnologia do HD trabalhando por uma causa nobre para variar e mostrando algo, com o perdão do niilismo, mais relevante do que todo o besteirol que somos capazes de consumir. E sim, esse post está bem mal humorado!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O lado cheio do copo



Ok! Sem muito tempo para articular elocubrações muito complexas, queria voltar ao propósito primordial deste blog (aquele que diz .. mais do que isso, você vai encontrar um palco onde ouvir a voz dos que desejam contribuir com a mudança...) para compartilhar a história desse Tião Rocha que apareceu no Globo Rural há alguns domingos atrás...

Um homem que descobriu que entre o conhecimento e as pessoas só precisa haver a sombra de uma árvore. O exemplo perfeito de sustentabilidade que todos buscam hoje em dia... Educação integrada à natureza. É poesia do começo ao fim essa reportagem. Eu fiquei especialmente emocionada quando ele lança seu próprio conceito de Indice de Desenvolvimento Humano, falando sobre o lado luminoso das coisas! Luz é energia, movimento e portanto, transformação. Tão simples que dá vontade de chorar. Igual aquela música que diz que você é capaz de mudar o mundo apenas com suas duas mãos... É mesmo!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

If less is more, how you keeping score?


"As coisas têm peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, posição, textura, duração,
densidade, cheiro, valor, consistência, profundidade, contorno, temperatura, função,
aparência, preço, des-tino, idade, sentido. As coisas não têm paz".

Arnaldo Antunes (valeu Eloua)

É possível viver bem com pouco?! É justo vivermos reclamando de que precisamos de mais para viver melhor? A revista Época, em dezembro do ano passado, publicou uma matéria em que traça um panorama histórico da mania humana de acumular bens de consumo e os caminhos alternativos que muitas pessoas estão tomando. Vale a pena ler, e quem não leu na "época" em que foi publicada, pode ler aqui.

Hoje eu fiquei viajando pelos pensamentos do Mário Sérgio Cortella, que fala de como estamos criando para nossos filhos um mundo sem futuro enquanto criamos crianças sem paciência de esperar o processo natural das coisas; viajei pelas poéticas do arnaldo antunes, de quem minha irmã é fã e sempre posta trechos como essa citação do começo; lembrei-me da vida sustentável que John Seymour ensinou em seus guias práticos e de como estamos longe de sermos auto suficientes porque é tão mais fácil comprar tudo prontinho nas lojas; me lembrei da letra que o Eddie Vedder compôs para o Into the Wild, lembram? Temos uma cobiça, com a qual todos estamos de acordo. E você pensa que tem que querer mais do que precisa. Até que tenha tudo não poderá ser livre...

Uma coisa levou a outra até que achei esse artigo da Época, e esse blog desse cara que está se desfazendo das coisas que possui... ou que o possuem! Por que insistimos em possuir coisas?! Em ser donos do que não usamos só pra construir determinada identidade que queremos. É dica demais para um dia só, não acham, todas essas pessoas dizendo a mesma coisa?

Nós caímos tão facilmente na armadilha de achar que nossa identidade está vinculada ao que consumimos. Somos o que vestimos, os lugares que frequentamos, as marcas que escolhemos...

A Época diz que o celular é o ícone de consumo dos tempo atuais! Não é só porquê dá status ter um iphone, mas porquê ele nos possibilita continuar comprando e consumindo! Dia desses assisti um documentário que mostrava a situação aterradora da República Democrática do Congo: aquele caos africano não é acidental. Muito ao contrário, é causado propositadamente pois em um país imerso em confusão e guerras civis é fácil subtrair clandestinamente suas riquezas naturais. O Congo é rico em coltan, um minério raríssimo usado na fabricação de celulares!!! Será que as pessoas se importariam de trocar de celular a cada 3 dias se soubessem quanta miséria humana cabe naqueles poucos centímetros com toques polifônicos?


sábado, 26 de setembro de 2009

A intuição

Faz tempo que quero escrever sobre ela... mas nunca sei por qual fio da meada puxar esse assunto que muitos tratam como mera superstição e outros como amuleto para resolver questões em qualquer nível de complexidade... Enfim, a intuição é matéria da espiritualidade. Só pode acreditar nela, aceitando-se anteriormente o pressuposto de que o ser humano, além de mamífero, é também um ser espiritual!

Digo "aceitando-se", mas talvez seja melhor dizer "decidindo-se em favor do pressuposto de que blábláblá"... É difícil entrar no reino metafísico sem parecer dogmático quando o materialismo é um traço predominante da era atual! Eu repudio dogmas... E tento escrever o que na verdade são efeitos de vivências e experiências muito pessoais. O que significa que muitas vezes vou estar errada... mas que algumas vezes vou me sentir ligando os pontos de um quebra cabeças que pode fazer sentido exclusivamente para mim. Caso algum leitor sentir que esses pontos que ligo também completam seus quebra-cabeças pessoais, pergunto-me: que voz dentro deles desencadeou tal sensação: a razão, a emoção ou a intuição? Todas as três juntas?

Quando leio o Rubem Alves por exemplo. E me sinto prestes a chorar ao constatar que aquele exato parágrafo que acabei de ler contém uma verdade, um lumezinho de uma pista que me leva a ligar pontos do meu quebra-cabeças, daí penso que minha intuição é que ilumina aquele determinado pedaço de verdade, como quando apontamos um caco de espelho em direção ao sol. E então, minha razão, meu raciocínio liga cada luzinha dessas que minha intuição iluminou ou refletiu e forma um todo com sentido... não, um quase-todo com sentido! Minha emoção? Ela me faz querer chorar quando leio coisas como "Há um momento na vida em que cada separação anuncia a Grande Separação"...

Posso tentar definir intuição não pelo que ela é, e sim pelo que não é! Não é o ato de encadear conceitos e formar panoramas lógicos. Este é trabalho da razão. Mas é bússola que mostra quais conceitos encadear, que idéias articular... Mas, também não quero me aventurar nesse discurso pseudo-metafísico de lógica e hipóteses. Talvez eu não precise tentar definir o que a intuição seja. Mas admiti-la significa admitir que brilha em nós a centelha de algo eterno. E que se carregamos semelhante instrumento, é lógico e óbvio admitir também que, a menos que a apaguemos, não estaremos caminhando no escuro... As imagens inconscientes produzidas por esses cacos de espelhos tremeluzentes têm o poder de fazer brotar convicções em nível consciente, mas somente se silenciarmos todos os ruídos que preenchem nosso eu interior e nada nos dizem na realidade.

É amplamente aceito que a intuição é qualidade feminina! Mas isso não quer dizer que só as mulheres a possam possuir, apesar de terem banalizado o termo com previsões ridículas sobre romances e riqueza material, o que muito deve ter contribuído para que quem quisesse ser sério de verdade, privilegiasse a sensatez do intelecto.

Estou lendo esse livro fantástico da Editora Antroposófica que fala das fases da vida (minha mãe sempre acerta). Bernard Lievegoed, o autor, quer nos mostrar que a biografia humana se dá através de fases, mas que principalmente o fio que perpasse as fases e dá unidade identidade a biografia é composto do sentido que buscamos para a vida. Comecei a ler ontem, então não posso falar muito. Mas estou achando o máximo a introdução quando ele diz que todo desenvolvimento busca uma finalidade. Nós como seres humanos que somos enfrentamos simultaneamente, pelo menos 3 tipos de desenvolvimento: biológico, psicológico e espiritual. É facil entrar em acordo quanto à finalidade do desenvolvimento biológico: o homem nasce, cresce, atinge o ápice, reproduz-se e morre! As duas outras abordagens são tema frequente de controvérsias. Mas ele, Bernard, ao polarizar o mundo espiritual e o mundo físico prevê que cada desenvolvimento ocorre no intervalo entre polaridades afins. Assim:

O desenvolvimento biológico ocorre na polaridade entre maturação e declínio.
O desenvolvimento psicológico ocorre na polaridade entre extroversão e introversão.
O desenvolvimento espiritual ocorre na polaridade entre criatividade e sabedoria.

Bernard ainda afirma que o meio caminho entre estas polaridades é que fornecem os frutos do desenvolvimento estável: boa saúde, paz de espírito e plenitude, respectivamente. O que isso tem a ver com intuição? Respondo com um grifo do mesmo livro:

"Em certa medida este desenvolvimento ocorre naturalmente, mas sua plenitude só poderá ter lugar se nós quisermos levá-lo conscientemente até o fim. A educação de origem externa é então suplementada pela auto-educação de origem interna, às vezes denominada caminho de desenvolvimento interior. É somente assim que o desenvolvimento do pensamento, do sentimento e da vontade pode ser completado, e apenas então o homem desabrocha plenamente para tornar-se o que é capaz de ser. A inteligência cresce em estatura para tornar-se sabedoria, a habilidade para comunicar-se se transforma em delicadeza e a auto-afirmação se torna confiança."

Eu só consigo enxergar êxito neste caminho se contemplarmos a intuição, que se relaciona com o desenvolvimento da vontade que o texto fala. Somente a intuição, a meu ver, pode ser este guia para um caminho interno de desenvolvimento em busca de plenitude espiritual. Mas há aqueles, e este é mais um grifo do livro de Lievegoed, que acham o caminho do desenvolvimento sistemático muito lento, e que acreditam virem a ser capazes de avançar rumo a uma consciência superior com a ajuda da química. Certamente, experimentam o ultrapassar de um limiar, encontrando-se então, porém, numa área crepuscular na qual se familiarizam com experiências altamente emocionais para o indivíduo, mas que não poderão usar posteriormente. Pelo contrário, nós os vemos deslizando sempre mais para a alienação, ou até refugiando-se em drogas mais fortes.

Mas enfim, como desvencilhar-se da utilização unilateral de nossas faculdades que desembocam quase sempre em lógicas limitadas e frustrantes que não nos mostram de fato, o sentido que devemos seguir? O silêncio, com certeza é uam arma. A disciplina é outra. Mas sobretudo, esta auto-educação deve nos levar ao equilíbrio entre nossos pensamentos, palavras e ações. Para finalizar, deixo mais um grifos para que encontrem eco em nossos espíritos:

“Vós, que muitas vezes procurais de modo tão convulsivo encontrar o verdadeiro caminho, por que fazeis tudo assim tão difícil? Imaginai com toda a simplicidade como flui através de vós a força pura do Criador, a qual dirigis com os vossos pensamentos em direção boa ou má. Dessa maneira, sem esforço nem quebra-cabeça, tereis tudo! Considerai que depende da simplicidade de vossas intuições e pensamentos, essa força prodigiosa acarretar o bem ou o mal. Que poder benéfico ou destruidor vos é concedido com isso!

Não precisais nesse caso fazer tal esforço que vos provoque suor na fronte, nem precisais agarrar-vos às chamadas práticas ocultistas, a fim de, mediante contorções corporais e espirituais, possíveis e impossíveis, alcançar algum degrau totalmente insignificante para vossa verdadeira ascensão espiritual!”

“Lembrai-vos com alegria pura, que podeis, sem nenhum esforço, através de vosso simples e bem-intencionado intuir e pensar, dirigir essa força única e gigantesca da Criação. Exatamente de acordo com a maneira de vossa intuição e de vossos pensamentos são os efeitos dessa força. Atua por si, bastando apenas que a guieis. Isso se processa com toda a simplicidade e singeleza! Para tal não se faz necessário erudição, nem mesmo saber ler ou escrever. A cada qual de vós é dado em igual medida! Nisso não há diferença.

Assim como uma criança pode, brincando, ligar uma corrente elétrica, mexendo num interruptor, disso decorrendo efeitos incríveis, da mesma forma vos é outorgado o dom de guiar a força divina, através de vossos simples pensamentos.”

(Trechos da dissertação: Responsabilidade, Abdrushin, Na Luz da Verdade)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

42


Às vezes acontece de você procurar a Verdade pela vida toda e de repente ela te acertar assim, bem no meio da cara, em algum lugar entre os jardins e o paraíso... Ali, no meio das batatas rústicas, onde você descobre que tudo o que faz está, no mínimo, equivocado!!! Não esperem que eu entre em detalhes... mas é óbvio que este não é um fenômeno exclusivo e, para percebê-lo , basta estar aberto e alerta.

Concordo que deve parecer uma conversa meio louca e você, leitor, talvez esteja deslocado... mas esses dias me peguei pensando: por que raios a gente defende ideais que não põe em prática? por que constantemente arranjamos álibis pra justificar nossas faltas e fraquezas? por que nos aprisionamos em padrões e estereótipos que já sabemos que não dão em nada mas que continuamos repetindo?

Tá legal, parece bem o post em que falei sobre a Dorothea Brande e seu texto incrível sobre a Vontade de Falhar... mas acho que ali todo esse conceito ainda estava um pouco genérico e nem tão interiorizado assim. Enfim, eu terminei aquele texto falando do propósito da descoberta, mas a grande verdade é que, na maioria dos casos, não queremos descobrir nada. Queremos viver com o que sabemos ou o com o que achamos que sabemos. Basta constatar um fracasso em qualquer vivência e pronto: travamos. Nos programamos para achar que sempre será do mesmo jeito (e mesmo que não for, nos esforçaremos ao máximo para fazer com que seja)... Nunca mais tentamos aquele caminho, aconselhamos os outros a não tentarem... criamos o caos!

Isso me lembra aquela história do Mochileiro das Galáxias, cujo conceito poderia ser resumido assim: nos esforçamos tanto para encontrar a resposta que nos esquecemos de fazer as perguntas, e sem as perguntas certas as respostas jamais fazem sentido!

Parêntese à parte, se experimentamos o fracasso mais de uma vez, aí estagnamos... Criamos uma realidade inteira baseada na fatalidade do fracasso. Faça assim , dará errado. Faça assado, dará errado também. Desculpe, amigo... mas acho que você jamais vai ser bem sucedido... Como poderia depois de fracassar tão horrendamente?! Você merece estar na pior! Claro que merece!!! E nos condenamos a uma existência tão limitada quanto árida, abdicando de experimentar qualquer coisa que seja somente pelo medo de fracassar. Não! Pela certeza de que fracassaremos! E como seria magnífico se aprendêssemos a nos concentrar mais em buscar perguntas do que em nos resfetalar no conforto mórbido das certezas...

Chame de círculo vicioso, chame de zona de conforto. Whatever! Dá no mesmo... mas como quebramos o ciclo? Quando, de fato, nos enchemos de coragem e dizemos: basta? O que é preciso para que paremos de ser constantemente chacoalhados pela Verdade e então possamos seguir em frente? É óbvio que a simples constatação não basta! Dizemos ok, estou errado but whatthehack!

A grande dica é: Mude você que o resto ao redor também muda. E é fácil dizer, claro! que genial!!! é tão fácil mudar a si mesmo... é óbvio! É o único elemento sobre o qual temos pleno controle... E aí tentamos nos modificar, e fracassamos, e poderia copiar e colar todo o texto a partir do 3º parágrafo para enfatizar a idéia de círculo vicioso, mas você já pegou o espírito da coisa, não é leitor esperto?!

Por que é tão difícil? E como podemos ter êxito?

Não espere pela resposta leitor! Eu mesma a estou procurando, ou pelo menos, tentando me lembrar de procurar... mas, caso a encontre... me avise!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

All the things come back to you




"A americana
Danah Zohar, física e filósofa pelo MIT – Instituto de Tecnologia de Massachussets e pós-graduada em estudos sobre religião em Harvard, acredita que ninguém, sozinho, será capaz de salvar a humanidade, mas a mudança precisa começar em cada indivíduo de modo que, juntos, ainda possamos criar um mundo diferente. Citando o psicanalista Carl Gustav Jung, ela diz que “se há algo errado com o mundo, é porque algo está errado comigo. Se eu quero endireitar o mundo, preciso endireitar a mim mesmo”. É assim que começa este artigo ótimo no site da Abril, Planeta Sustentável. Eu sugiro a leitura, é só clicar no link do site para visualizar o texto.

De novo, repito que é ótimo ler o que já sabemos para não nos esquecermos. Nós herdamos e construímos uma cultura onde a responsabilidade individual é quase inexistente... Dizemos "se Deus quiser" e não percebemos que com isso transferimos a responsabilidade. Não que não se possa confiar em Deus... Devemos sempre confiar Nele, mas também devemos amarrar nosso camelo...

Bom, Danah Zohar enumera 12 princípios que podem nos ajudar a nos tornar mais responsáveis diante da vida:

1. Usar positivamente as adversidades
2. Ter consciência de si mesmo
3. Ser humilde
4. Praticar a compaixão
5. Assumir um compromisso de valor com as relações
6. Ser espontâneo
7. Ter visão holística
8. Fazer perguntas fundamentais e profundas
9. Reformular de paradigmas
10. Ter habilidade para ir contra a corrente
11. Celebrar a diversidade
12. Ter senso de vocação

De qualquer forma, acredito que já existe uma nova consciência borbulhando dos porões do inconsciente coletivo... Outro dia li, não lembro onde, alguem dizendo que tem certas atitudes que não combinam mais... Não fazem nenhum sentido e portanto vão deixando de ser aceitas. E se pararmos pra observar vemos que é isso mesmo, podemos ver isso acontecer como um mal estar insconsciente ainda que não conseguimos definir direito, mas com certeza percebemos que há uma força nos impulsionando a deixarmos de ser reativos e nos obrigando a nos tornar criativos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Caminhando e Cantando


Dia desses eu cometi a insanidade de caminhar pelo centro dessa paulicéia desvairada em plena luz dos postes do início do século XX, ou seja: à noite... quando cerram-se as portas do comércio tradicional da cidade, as ruas dali podem se transformar em decadentes redutos de consumidores de crack. Já é deprimente ver aquilo na TV, então imaginem ao vivo a poucos passos de distância...

Anyway, não eu não fui até lá apreciar ou me envolver em nenhuma atividade ilícita... Fui com o nobre propósito de extirpar a visão apavorante e preconceituosa que sempre nutri pelo centro. Achava que o simples fato de colocar os pés ali, já indicava que alguma coisa ruim ia me acontecer... péssimo, não?! Bom... acontece que por ali tem um grupinho muito animado que se reúne às quintas-feiras, 8 da noite em ponto, em frente ao Teatro Municipal e munidos de um microfone, um guia e personagens cheias de histórias pra contar vão desvendando o passado de casarões e prédios de toda a região na Caminhada Noturna que já faz parte do roteiro turístico da cidade.

A proposta consiste em encorajar a revitalização dos bairros centrais inserindo-os nos roteiros de turismo e fazer com que as pessoas comecem a enxergar o que, geralmente, decidem não ver. Realmente, é incrível como o simples fato de ficar sabendo qual a origem daqueles prédios e monumentos faz com que eles passem a, de fato, existir! E, mesmo sendo impressionante/apavorante presenciar aquelas pessoas fumando crack assim em plena rua... o passeio vale a pena.

Eu amei a experiência, mas gostaria de enfatizar um pequeno detalhe que chamou minha atenção durante o passeio. Aconteceu quando chegamos na Praça Princesa Isabel e todo o grupo parou no meio de uma partida de futebol de rua de uns garotos que devem morar por ali, interrompendo o jogo... O guia queria nos mostrar o imponente monumento do Duque de Caxias esculpido pelo italiano Victor Brecheret e acho que não percebeu que a garotada se aborreceu... Um deles até pediu para darmos licença, o guia perguntou: por que? e o menino respondeu: porque estamos jogando bola. Mas o guia o decepcionou dizendo: Ah! é rápido, já vamos sair... Mas acho que para quem estava no auge da emoção da partida aquilo não foi nenhum pouco rápido. Mas o pior foi que depois dos séculos que nos demoramos ali no meio do "campo de futebol", o guia nem sequer agradeceu a paciência dos moleques!!!

Só menciono essa desatenção, porque a postura do guia (e do restante do grupo tambem, já que todos estávamos ali) não é nenhum pouco coerente com a bonita filosofia do movimento. Revitalizar o bairro não é apenas contemplar construções históricas, é sobretudo incentivar as ações que fazem com que os moradores daquele lugar vivam em harmonia e felicidade. Eu achei o máximo saber que tem meninos jogando bola na rua aquela hora da noite num lugar onde eu, preconceituosamente, achava que só existia coisas ruins.

De fato, o problema com o turismo e a idéia de fazer dele um produto sustentável tem a ver mais com a postura do turista com a relação às pessoas que habitam os lugares que visita do que com sua postura com os lugares somente. O segredo está em perceber as pessoas... talvez porque ninguém saiba sua origem, seu passado, não entendam que elas, de fato, existem... Talvez seja exagerado falar tudo isso, e é claro que os meninos também poderiam pausar espontaneamente seu jogo e ir ouvir a história do lugar onde moram... Mas se alguém tem que começar essa empatia, eu diria que o grupo de caminhada poderia bem cativar os moradores do mesmo jeito que cativou a nós, os "turistas".

Ah! e vai uma dica, é preciso ir preparado: são duas horas de caminhada, então leve agua, vá com roupa e sapatos confortáveis e faça xixi antes, porque será difícil achar um banheiro.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

No meu tempo...


Por que tendemos a deixar oportunidades e possibilidades de realização em um tempo que não podemos recuperar? Certamente naquela época de outrora também nos dedicávamos com afinco ao outro tempo que então não podíamos alcançar.

Por que fugimos do confronto com o tempo presente? Por que nos sentimos seguros onde não estamos e nem nos podemos encontrar? Eu sempre fico com uma frase de uma música, adivinhem só, do Eddie Vedder na cabeça... Ela diz : "Tidal waves don't beg forgiveness, crashed and on their way. Father he enjoyed collisions; others walked away" (Ondas de maré não imploram perdão, quebram-se ao longo do caminho. Meu pai apreciava os confrontos, outros iam embora) Fico lembrando disso para não esquecer de que confrontos também são importantes e cruciais na vida da gente. Talvez se não aprendemos a vivência-los quando saímos da adolescência para a idade adulta também não iremos conseguir fazê-lo ao passar de adultos para velhos... E confrontar pode tanto significar romper com antigos padrões ou reconciliar-se com eles. Se não confrontamos o nós que somos com o aquele que seremos, corremos o risco de nos atar a estereótipos... e de perder a oportunidade de decidir quem queremos ser. Perdemos a oportunidade de ser aquilo que acreditamos e aí deixamos uma melancolia nos invadir até que nos acostumemos com ela e ela se tornar parte de quem somos. Deixamos ela se tornar um álibi que justifica o fato de termos desistido da escolha!

Se não entendemos que o tempo presente é o único "lugar" que podemos estar e atuar iremos sempre querer voltar a ele ou alcançá-lo onde ele nunca vai estar... Eu ainda poderia fazer mil referências ao tema e contrastar as várias vertentes desta problemática... mas acho que cada um pode fazer isso por si e descobrir que tipo de velho a pessoa que você é, será ou quer ser!

A única refência a mais que faço, e assim mesmo só para nutrir um pouco de poesia é esta letra do David Gilmour do Pink Floyd, que fala das coisas que a gente ganha e perde na vida e faz muitas referências ao mundo mágico da infância e do "sino" que divide uma fase e outra! Eu adoro como no clipe da música, todos os objetos que se referem ao passado são exageradamente aumentados... É como aquela sensação de voltar em uma construção da infância e pensar: Mas parecia ser tão maior!!!

*Trechos traduzidos: Além do horizonte do lugar em que vivíamos quando éramos jovens, num mundo de fascínio e milagres, nossos pensamentos vagavam constantemente, sem fronteira... O tinir do sino da cisão tinha começado! Seguindo a longa Estrada e descendo a Escarpa, eles se encontram sim, perto da Fenda... Havia bandagens maltrapilhas que seguiam nossos passos, fugindo antes que o tempo levasse embora nossos sonhos... deixando que a míriade de minúsculas criaturas nos atassem ao chão, a uma vida consumida por lenta decadência... A grama era mais verde. A luz era mais brilhante. O gosto mais doce. A névoa do entardecer brilhava. Os amigos ao redor em uma noite de maravilhas... Fatigados para sempre pelo desejo e a ambição. Há uma fome que ainda não foi satisfeita. Nossos olhos cansados ainda perscrutam o horizonte. Obstinados na direção desta estrada que percorremos tantas vezes...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Desperta

"Tudo o que cabe a nós, é decidir o que fazer com o tempo que nos foi concedido"
Gandalf, o cinzento.

Acho que isso é tudo quanto devemos nos perguntar: o que faremos com o tempo que nos foi concedido? O que estamos fazendo com o tempo que nos foi dado? ... Dificilmente paramos para fazer esta pergunta... Ou frequentemente a fazemos e nos respondemos com alguma ilusão que nos convence. Fatalmente criamos álibis para não fazer o que de fato devemos fazer... Muitos de nós vivemos no modo automático, sem questionar, aceitando o fato de que nossa existência deva ser meramente circunstacial.

Dorothea Brande, uma escritora estadunidense, escreveu Desperta e Vive! na década de 30. Mais um texto maravilhoso que minha mãe me apresentou! Ela, a Dorothea, teoriza sobre nossa Vontade de Falhar. É, na verdade um texto muito óbvio e por isso tão valioso... nos lembra do que escolhemos esquecer. Diz que mesmo para resistir ao movimento inerente à vida, estamos despendendo energia. E se nos concentramos tanto em falhar é admirável a forma como ainda conseguimos nos surpreender quando de fato temos sucesso neste objetivo!

Nos ocupamos com 500 milhões de atividades e a estafa nos alcança como um prêmio que gozamos com orgulho! E que sentido cada uma destas atividades traz para nossa existência?! Queremos saber?! ou apenas procrastinamos para manter a ilusão de que estamos aproveitando bem o tempo que nos foi dado??

São questões duras de se perguntar... ainda mais se perguntamos com seriedade. Implica em decidir a cada passo onde se quer pisar e isso pode doer quando nos habituamos a aceitar cada situação como algo exterior à nossa vontade. Algo de que somos vítimas...

Acho que todas estas são perguntas justas para se fazer, ainda mais no dia do aniversário...

Acredito que estamos aqui pela descoberta... para aprender a desbravar o próprio caminho e é por isso que o mapa de um não pode ser o do outro. Cada um é responsável pelo próprio mapa... deveria ser! Tenho as perguntas e é a busca que desenha o roteiro... Se isto é mais satisfatório do que possuir certezas que te fincam no chão?! inerte?! imóvel?! Talvez não seja tão confortável, mas mesmo parado a energia se esvai...

DESPERTAI, ó seres humanos, desse sono de chumbo! Reconhecei o fardo indigno que carregais e que pesa com uma indizível e tenaz pressão sobre milhões de criaturas. Atirai-o fora! Acaso merece ser carregado? Nem sequer um único segundo!

Que encerra ele? Debulho vazio que se desvanece temeroso ao sopro da Verdade. Desperdiçastes tempo e força em vão. Arrebentai, portanto, as cadeias que vos prendem embaixo, tornai-vos livres, afinal!

Na Luz da Verdade - ABDRUSCHIN


PS: Desculpem-me pela longa ausência do blog. Estaria eu vivendo?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

2012...

2012



Eu estou arrepiada... não, não é o inverno severo que tem soprado seu frio gélido. Mas o trailer desse filme que vai estrear em novembro por aqui...

As imagens são impressionantemente verossímeis. Imagine o Himalaia sendo encoberto pelo mar e inundando para sempre o Tibete embaixo das águas do apocalipse! É claro que não é nenhuma novidade o ser humano imaginar o fim do mundo... Prova disso são os infinitos filmes e livros sobre o tema que circulam por aí.

A novidade? Bem... nem sempre se consegue audiência sendo inédito... mas o que faz com que um tema tão recorrente quanto este ainda desperte interesse?! Talvez porque seja verdade... mais que isso ... talvez porque não seja tão dificil assim sentir que é possível. Um colapso iminente é previsto e refutado sempre e de novo, mas a verdade é que o tempo todo há coisas nascendo e coisas morrendo. Esta é ordem natural das coisas. Mas nos prendemos, nos fixamos tão solidamente em nossa zona de conforto - nosso mundinho particular - que perdemos a acuidade para enxergar lei tão óbvia.

Prova disso é uma das frases do roteiro que diz que quando perdermos a capacidade de nos ajudarmos, então teremos finalmente perdido nossa humanidade. Será que já não perdemos? Não conseguimos mais compreender a unidade intrínseca ao conceito de ser humano... Desejamos o mal ao próximo sem perceber que isso é desejar o próprio mal. (Talvez fosse o que Jesus quisesse dizer com ame teu próximo... ) E mesmo quem quer entender um pouco, muitas vezes o entende de forma frívola e superficial, querendo crer que exercer a caridade material já basta como prova de altruísmo. Talvez para se entender a idéia de Unidade seja preciso saber que um conceito constrói o outro em mútua simbiose... Sem superiorioridade de um sobre o outro... Não entender isso significa permanecer dentro da bolha do mundinho particular... e permanecer dentro da bolha do mundinho particular significa ser pego de surpresa quando qualquer parede começar a ruir...

Imaginar que uma loteria realizada pelo governo pudesse salvar os sortudos vencedores do colapso final é ter uma visão pueril sobre a forma como a ordem do universo é conduzida... Queremos depositar tanto poder em nossas próprias mãos, mas não queremos ser capazes de fazer com esse poder, o que é preciso ser feito... Nos é difícil compreender que poderes são regidos por leis, e que para manejá-los é preciso se adequar a tais leis...

Ao observar atônitos as imagens tão reais do trailer... devemos lembrar que tudo se movimenta... nada permanece no lugar ... e que é extramente perigoso construir zonas de conforto com limites concretos e seguros demais.

domingo, 14 de junho de 2009

Teenage Wasteland

Há umas semanas atrás eu participei de um evento em que as pessoas tinham que doar/vender/ceder algo que tivesse algum significado para elas e assim vivenciar o desapego... Apesar de o conceito ser bacana, fiquei com a impressão de que muita gente levou coisas que queria apenas descartar, que não simbolizavam realmente nada de especial na vida delas... Anyway, azar o delas... eu fiquei com muito dó, mas resolvi deixar para trás uma coisa que era representativa de uma vida que eu mesma deixara para trás... Isso simbolizaria um ponto final, parágrafo, outra linha na atual fase da minha vida.

Era um DVD do Pearl Jam, minha banda preferida da adolescência ... cujas letras eu sempre sentia como trilha sonora da minha própria existência, pois muitas delas continham pequenos insights que significavam algo para cada fase que eu atravessava e podia facilmente me identificar... Mas acho que isso deve ser daqueles comportamentos sociais arquetípicos e talvez seja o que defina a preferência musical das pessoas pela adolescência e idade adulta afora...

Bom, toda essa introdução melgo-nostálgica é apenas pra dizer que ouvindo nesse exato instante um CD do Pearl Jam {acho que o único deles a que eu nunca havia prestado muita atenção, e que sei lá por quê cargas d'agua me deu vontade de ouvir justo agora} impressionei-me novamente por identificar a recorrente sensação de tratar-se de uma trilha sonora do que sinto no momento atual e que, principalmente, traz mensagens valiosas para esse blog aqui... mas se parecer tietice demais, fiquem a vontade para desconsiderar o post!

Apresento a seguir traduções que sintetizam o conceito geral do que eu acho útil e de conceito análogo ao Kalyug... quem for mais tiete do que eu que procure o verso original dentro do contexto completo de cada canção! Mas, sem querer ser malvada, o que vale mesmo é identificar o cunho espiritual das letras, que discorrem sobre mortalidade, colapso, propósito, velocidade e a mensagem de que quando tudo se dissolve é que nos tornamos livres para crescer... Espero que sintam-se inspirados!

"Você está sempre dizendo que há algo errado, eu vou começar a crer
que você deve estar planejando para que aconteça justamente isso."


"Eu encarei uma vida desperdiçada Oh, eu escapei de uma vida desperdiçada
Tendo provado uma vida desperdiçada Eu não volto lá nunca mais"

"Entre tanta loucura, o pensamento torna-se sonolento e ingênuo. É o mesmo todo dia, e a onda não se parte. Olhando nos olhos de quem caiu, você deve saber que há outro, outro, outro, outro e outro caminho."

"Tem um marcador que ninguém vê por causa da areia que cobriu todas as mensagens que ele guarda. Entendemos tão mal o significado contido na Verdade Original, e o expandimos através da fé, mas não do amor."

"Porque as luzes dessa cidade, só são boas se eu for veloz."

"Por favor, amigo, entenda, eu só preciso de um caminho para casa"

"Por que negar todos os problemas quando combinados com os elos perdidos ... Todos os problemas de repente dão conta do infinito ... Antes que minha luz se apague Enquanto as portas se fecham E tão distante está meu lar ... Desejaria que o mundo pudesse seguir com amor novamente"

"Ousei tentar matar o amor, o pecado mais elevado
Respirando insegurança para fora e para dentro
Buscando a esperança, me foi mostrado como andar na linha
Perseguindo o grandioso caminho para toda a luz humana
...
O que eu escolho sentir é o que eu sou"


Clique aqui para ouvir o preview do album

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A alegria é a melhor coisa que existe


Meu pai sempre diz que aquelas pessoas difíceis que são a pedra no nosso sapato, aquelas que nos criam problemas e com quem vivemos em atrito são a esmerilhadeira capaz de polir nossa personalidade, como uma rocha bruta que pode se tornar uma pedra preciosa e brilhante!

Meu pai é mesmo um poeta... e eu sempre me lembro de não esquecer isso que ele sempre diz! Mas hoje mesmo, percebi que falta uma coisa nesse pensamento, uma coisa que acho que ele não disse de propósito. Para que os atritos realmente tenham o poder de esmerilhar nossa personalidade é preciso que façamos essa escolha! A escolha de dizer: Não suporto o fulano, sempre me criando problemas, mas ao invés de reclamar dele vou aproveitar os percalços que ele me proporciona... vou caminhar por eles e sair de lá melhor do que sou!!! E então a esmerilhadeira fica nas mãos do artesão que terá a habilidade verdadeira de transformar a rocha bruta em pedra preciosa e não em um punhado de pó!!!

Acho que Jesus talvez quisesse dizer mais ou menos isso quando aconselhou seus discípulos a amar os inimigos. Hoje, quando nenhuma das estruturas construídas pela humanidade se sustenta muito firmemente, é tão difícil encontrar um norte.... Mas o cultivo de virtudes universais pode ser um guia tão poderoso quanto a própria bússola!

Já falei aqui e aqui sobre como é fundamental decidir-se a ser feliz. O que acontece é que muitas vezes não somos capazes de enxergar que nós mesmos nos boicotamos como diz a matéria de capa dessa revista e, o pior, nos decidimos dia após dia a fazer as escolhas erradas até chegar o dia em que o hábito nos aprisionou para sempre e somos condenados a uma velhice enrijecida (nota de rodapé: não deve ser por acaso que dentre os males que tanto afligem os idosos estejam doenças que tenham a ver com rigidez e mineralização de elementos).

Observo que muitas pessoas estão sempre a reclamar de alguma coisa, quando pergunta-se a elas: E aí, fulano?! Tudo bem? Parece que sentem-se estranhamente impelidas a dizer: "indo...", "mais ou menos", "empurrando com a barriga..." ou limitam-se a um suspiro de frustrado desdém... Afora as protocolares hipocrisias sociais, é preciso estar atento e se alguma vez você deixar escapar alguma dessas respostas medíocres é hora de avaliar se não é o momento de repensar suas escolhas! Afinal, se cada um é responsável pelo próprio caminho, não é possível que tenhamos escohido nos colocar em uma situação que tenhamos que empurrar com a barriga!!!

A não ser que sejamos loucos ou masoquistas!

Em tempo, também é preciso estar atento às reclamações e desabafos alheios... Se este comportamento converte-se em uma constante, com certeza vai transformar-se em um sofrível telefone sem fio que funciona assim: eu reclamo da vida para você, você para o fulano, o fulano para o ciclano e assim sucessivamente até o mundo inteiro achar que a única forma de se viver é reclamando da vida! Quantos paradigmas sociais não devem ter sido criados desta forma?!

Eu escolho ser feliz hoje, e amanhã e depois também. Cada dia é novo e cheio de possibilidades, pode ser que coisas ótimas aconteçam e pode ser que coisas horríveis aconteçam também mas a decisão de ser feliz tem que ser maior que elas e a decisão de empunhar a própria esmerilhadeira é que fará com que sejamos preciosos e brilhantes!!!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Nós somos aqueles que esperamos



Os Hopi, são índios americanos do Arizona, e seu nome é uma abreviação de Hopituh Shi-nu-mu, que significa "Povo Pacífico". Este conceito está profundamente enraizado em sua cultura e religião: consideram-se irmãos de todos os povos e não praticam guerras. Ser um hopi significa esforçar-se por atingir um estado de total reverência e respeito por todas as coisas, estar em paz com elas e viver de acordo com as instruções do Criador da Terra.

Organizam-se em clãs matriarcais e tradicionalmente são artesãos talentosos e agricultores de subsistência altamente habilidosos. A trilogia de Godfrey Reggio apresenta títulos extraídos do idioma hopi: Koyaanisqatsi, Powaqqatsi e Naqoyqatsi. Bom, mas o motivo porque estou falando deles hoje é por causa do texto a seguir que encontrei aqui, o texto fala por si e imagino que cada um que o ler será capaz de identificar na própria alma os grandes temas tratados nele.

Você tem dito às pessoas que esta é a décima primeira hora.

Agora você precisa voltar e dizer-lhes: Esta é a hora.

E precisa dizer-lhes que há coisas que precisam considerar:

Onde você está vivendo?

O que está fazendo?

Que relações está mantendo?

Está na relação certa?

Onde está sua água?

Conheça seu jardim.

É tempo de dar voz à sua Verdade.

Criar sua comunidade.

Ser bons uns com os outros.

E não procurar por um líder.

Este pode ser um bom momento.

Existe um rio que flui muito rápido agora.

É tão imenso e veloz que muitos o temerão.

Eles tentarão se agarrar à margem.

Sentirão que estão sendo despedaçados, e sofrerão enormemente.

Saiba que o rio tem um destino.

Os sábios disseram que temos que abandonar a margem, atingir o meio do rio,

manter nossos olhos abertos e nossas cabeças acima da água

Ver quem está lá conosco e celebrar.

Neste momento da História, não podemos deixar que nada atinja nosso lado pessoal.

Muito menos, nós mesmos.

Sempre que o fazemos, nosso crescimento e jornada espiritual ficam estagnados.

O tempo do lobo solitário acabou.

Unam-se!

A palavra "esforço" deve ser banida de sua atitude e de seu vocabulário.

Tudo o que fizermos agora precisa ser feito de maneira sagrada e em celebração.

Nós somos aqueles que estávamos esperando!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Voice and failure

Clique na imagem para ver o video


Sumida eu né?! Espero que vocês, meu escasso mas fiel público, não tenham morrido de saudades!

Bom queria compartilhar uma coisa que aconteceu esse fim de semana! Fui fazer um curso de Planejamento, Compra e Gestão de Mídia Online e, apesar de ter um conteúdo bem específico da área, ficaram alguns pensamentos e insights que bem se alinham à filosofia desse blog.

Como por exemplo isso: "Poucas empresas se preocupam em investir e principalmente medir os resultados de suas campanhas. A internet possibilita avaliar em profundidade o consumidor, pois possui ferramentas que dizem como ele encontrou seu anuncio ou site, quando entrou, quanto tempo ficou, o que fez por lá, que horas acessou... enfim, aspectos que a mídia offline jamais poderia contemplar. Essa possibilidade faz com que seja muito fácil criar soluções realmente eficazes de comunicação, mas a pergunta é: temos coragem de medir nossos erros para encontrar o caminho para o acerto?"

E a verdade é que a maioria não tem coragem de olhar para a Verdade!
Transpondo para a vida real do cotidiano... muitas vezes (na maioria delas) não temos coragem de aplicar métricas que nos contem o quão equivocados estamos e que por isso deveríamos mudar o caminho. E assim continuamos equivocados ad infinitum... E acontece que só falhamos para que possamos acertar (que o diga Michael Jordan), e se não temos coragem de medir falhas significa que também não temos coragem de acertar!

Outra pérola do curso: "Vivemos a era da transparência, se temos o poder big brother sobre o consumidor, ele também tem acesso e controle da informação e busca apenas o que lhe interessa" As redes sociais dão voz a quem antes só ouvia... É, com certeza um mundo mudado. E se, por um lado, parece tão horrível viver a distopia do 1984, também é magnífico saber que sua voz importa e que é possível ser ouvido e fazer alguma diferença. Então seria interessante que essa característica nova não se limitasse apenas ao âmbito do consumo mas a tantas outras instâncias. E para isso há que se ser um sujeito profundo e há que se buscar conhecimento. Há que se buscar a verdade para fincar na alma, convicções claras e genuínas.

Por falar em voz, queria também compartilhar a tocante campanha da ONU que foi apresentada no workshop. O desafio deles era: em tempos de paz, como convencer as pessoas de que é necessário continuar contribuindo? A ação, veiculada na Australia, que integra mídias on/offline consiste em diversos posters "falantes" com rostos anônimos que, com o apelo "Ouça-me", incentiva as pessoas a fotografar com o celular a boca daquelas rostos e enviar como mensagem de texto para um número impresso no cartaz. Através de tecnologia de reconhecimento de imagem, a pessoa logo recebe uma ligação em que aquele rosto conta sua historia. O teaser era: "Pela primeira vez, mídia impressa que fala" e o mote da campanha é "Dando voz a todos".

United Nations 'Voices' from The Hyperfactory on Vimeo.


Nesse video você pode ver como a campanha impactou os australianos e de simples publicidade, tornou-se um meio de interação que faz com que as pessoas possam se tornar menos egoístas, nem que seja por um instante, dando ouvidos a histórias de outras pessoas. Pessoas que ninguém nunca quer ouvir, pois afinal são retratos de fracassos sociais! E se não temos coragem de ouvir nossos fracassos...

E aqui vc pode ver o hotsite da campanha e ouvir todas as histórias e, inclusive, gravar a sua própria! Se é que ela é assim mesmo tão dramática...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Flores em você


Imagine um homem sensível o suficiente para ouvir o que as flores tinham a dizer e corajoso o suficiente para enfrentar a estreita visão de sua época e divulgar a Verdade do que ouvira...

Imagine um homem que do alto de seus 43 anos, renunciou a tudo o que tinha "construído" até então para viver nesta poética casa inglesa da foto e estabelecer um revolucionário sistema de cura baseado na empatia com a natureza...

É possível que, para muitos, o médico Edward Bach seja apenas um louco que até hoje não tem a mínima relevância no campo da medicina! E parece que temos que concordar, que do modo como a medicina é encarada nos dias atuais é extremamente difícil que a filosofia do Dr. Bach possa encontrar espaço entre tantas práticas radicais e extremas de que muitos lançam mão ao tentar se convencer de que estão cuidando da Saúde.

O próprio conceito "bachiano" de saúde é muito diverso do que estamos habituados a vivenciar até mesmo em nossos próprios discursos e atitudes. E lendo suas palavras (as do Bach) acredito cada vez mais que seja urgentemente saudável despertar para a sensatez de uma consciência pura e verdadeiramente iluminada. Creio que saúde seja tanto uma premissa quanto um presente para quem empreende a busca por esta consciência.

Não acho que tenha mais muito o que escrever a não ser publicar aqui uma coleção de grifos extraídos dos textos do próprio Dr. Bach. :

"A doença serve para nos fazer parar de praticar ações erradas; é o método mais eficaz para harmonizar nossa personalidade com nossa alma. Se não fosse a dor como poderíamos saber que a crueldade fere? ... Na verdade, deveríamos aprender nossas lições no plano mental, salvando-nos do sofrimento físico, mas muitos de nós nao o conseguem. Embora possa parecer cruel de nosso ponto de vista estreito, é na realidade de natureza benéfica. "

"Pudessémos ouvir a voz no nosso Eu Espiritual, vivêssemos nós em harmonia com nossa alma, nenhuma lição severa seria necessária e estaríamos livres de doenças."

"Por exemplo: um paciente tem dor porque há crueldade em sua natureza. Ele pode suprimir tal qualidade dizendo-se constantemente ' eu não serei mais cruel', mas isso significa uma longa e árdua batalha e, se ele conseguir eliminar a crueldade, haverá uma lacuna, um vazio. Esse paciente pode, por outro lado, se concentrar no lado positivo para desenvolver a simpatia e, ao inundar sua natureza com essa virtude, substituir a crueldade por ela sem qualquer esforço tornando seu retorno impossível."


Segundo Bach pôde intuir nem a doença nem a cura pertencem ao âmbito material apenas, a doença é a manifestação física de algo que já ocorria em outro plano.

"A doença do corpo como a conhecemos é um resultado, um produto final, um estágio final de algo muito mais profundo (...) A doença nada mais é do que uma correção; não há nela nada vingativo ou cruel (...) Sempre que cometemos um erro, ele re-age sobre nós, trazendo-nos infelicidade, desconforto ou sofrimento, de acordo com o erro cometido. Seu objetivo é nos ensinar, nos mostrar o efeito prejudicial de nossa ação ou pensamento errado e, ao produzir em nós mesmos resultados semelhantes, nos mostra como tal pensamento ou tal ação pode prejudicar os outros, sendo contrários à Grande Lei do Amor e da Unidade."


"Possivelmente a maior lição de vida a ser aprendida é a liberdade: liberdade com relação às circunstâncias, ao ambiente, a outras personalidades e, para muitos de nós, liberdade em relação a nós mesmos pois, até que sejamos livres, somos incapazes de dar e servir aos nossos irmãos de maneira completa."

Ordem do dia: tentar entender e aplicar estes conceitos no caso da terrível e alarmante gripe suína que assusta o mundo.

+ você pode acessar os textos quase na íntegra procurando por "Terapia Floral - Edward Bach " no Google Books.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O livro


Está certo. Este não é um blog que conta peripécias pessoais desimportantes, mas amei esse teste e vou abrir um parentêse para a cultura inútil, afinal a idiossincrasia é uma constante no panorama atual e bah! o blog é meu e posso fazer do jeito que eu quiser!

Que livro você é? é um teste desenvolvido por Cynthia Costa e Juliana Bernardino. Descubra clicando bem aqui. Acho que certas pessoas que trabalham em bibliotecas ou vivem rodeadas de livros e acompanham este blog também vão adorar fazer uma auto análise à partir da literatura brasileira!

O meu resultado me deixou surpresa! Levantou o astral do dia mezzo claro mezzo escuro que fez hoje. Que bom saber que não sou nenhum livro do Paulo Coelho!!!

"A paixão segundo GH",
de Clarice Lispector


Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver.
Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas.
Outras simplesmente não o conseguem entender.


Assim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria.
Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária.
O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.


E você? Que livro você é?! Não precisam ficar com medo de me dizer, viu...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Nostalgia



* Pena que cortaram a musica da raposa! mas vc pode ouvi-la aqui

Porque dá saudade de um mundo onde o tempo corre em um ritmo diverso.

Onde cativar alguém é parte de um processo de construção de confiança e que, invariavelmentem, incorre em responsabilidade para com o outro.

Imagino que é porque as relações interpessoais hoje são fundamentadas na mesma filosofia do fast-food que o ego perde os limites expandindo-se por sobre quem esteja no caminho. Não é preciso que se importe com mais ninguém, a não ser consigo mesmo...

Mas tudo isso é o óbvio... não vale a pena escrever demais... Afinal, só se vê bem com o coração: o essencial é invisível aos olhos.

sábado, 18 de abril de 2009

Ouro Nero


"- Meu caro Sr. Francis, quem acha que realmente governa uma nação? Os governantes aparentes ou os verdadeiros, os que ficam nos bastidores, manipulando as finanças da nação, em benefício próprio? O Sr. Lincoln é tão impotente quanto nós dois. É um homem infortunado que só pode oferecer slogans a seu povo . E aparentemente o povo só deseja mesmo slogans."

A citação acima pertence à novela Os Capitães e os Reis, publicada em 76 de autoria da escritora anglo-americana Taylor Caldwell (de quem, diga-se de passagem, minha mãe é fã de carteirinha)... Enfim, se não fosse pela minha mãe provavelmente esse post não existiria... Ainda não estou nem no meio deste livro de quase 800 páginas, muitas das quais a autora preenche com descrições tão detalhadas e prolixas que fariam com que eu deixasse de lado a leitura, não fosse o instigante contexto em que o enredo se desenrola. É quase como um Zeitgeist, só que sem a abordagem publicitária e apocalíptica e mais com cara de novelão mesmo.

A trama se passa nos States pré e pós guerra da Secessão (não sei até quando, pois ainda estou na página 284 e falta muito mesmo para o final). Ao longo do enredo principal, a autora nos conta de que forma uma elite composta de investidores e industriais oriundos das mais tradicionais famílias, sabotam governos de todo o globo promovendo guerras e tomando o controle dos países envolvidos nelas através da manipulação das dívidas geradas, no que para eles (a elite conspiratória) não passam de meros quiprocós que mantêm sua estabilidade e poder.

Não vou me alongar nesse papo de teoria da conspiração, mas achei relevante linkar a citação do primeiro parágrafo deste post com a linda campanha com efeito de cores posterizadas que ajudou a eleger Barack Obama e todo o sentimento promissor que veio com sua posse e uma manchete que me chamou a atenção dias atrás dizendo que o presidente americano enviaria mais soldados e mais grana ao Afeganistão... vale comentar que na novela de Caldwell, o petróleo é um elemento significativo do pano de fundo.

Anyway, seja como for... vou fechar com mais um trecho do livro:

"- Não devemos abominar totalmente a hipocrisia. Sem ela, não teríamos civilização, os homens não poderiam viver juntos por mais de uma hora, sem se matarem. Há outras palavras para descrever a mesma coisa, como gentileza, tolerância, consideração pelo próximo, autocontrole. Vou mais longe, dizendo que, sem a hipocrisia, não teríamos igrejas nem sequer religiões.

Uma inquietação indefinida dominou Joseph totalmente.
Reconhecia na argumentação um sofisma, mas não sabia
como contestá-lo sem parecer um tolo pueril.
"


Essa mesma inquietação deve invadir muitos de nós quando paramos um pouco a roda viva do acelerado caótico do cotidiano e começamos a observar com olhar um pouco mais crítico as coisas ao redor... Quantos sofismas engolimos apenas por temer soar como tolos pueris em uma sociedade, que apesar de apologizar a tolice e pueridade (chamando-as de outros nomes enquanto ridiculariza o que deveria ser considerado) não aceita a "tolice" pura, clara e simples da Verdade?

Concluindo... tavez devêssemos compartilhar o horror que Fernando Pessoa um dia cantou:

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,

...


Já era tarde demais!!!