terça-feira, 25 de agosto de 2009

All the things come back to you




"A americana
Danah Zohar, física e filósofa pelo MIT – Instituto de Tecnologia de Massachussets e pós-graduada em estudos sobre religião em Harvard, acredita que ninguém, sozinho, será capaz de salvar a humanidade, mas a mudança precisa começar em cada indivíduo de modo que, juntos, ainda possamos criar um mundo diferente. Citando o psicanalista Carl Gustav Jung, ela diz que “se há algo errado com o mundo, é porque algo está errado comigo. Se eu quero endireitar o mundo, preciso endireitar a mim mesmo”. É assim que começa este artigo ótimo no site da Abril, Planeta Sustentável. Eu sugiro a leitura, é só clicar no link do site para visualizar o texto.

De novo, repito que é ótimo ler o que já sabemos para não nos esquecermos. Nós herdamos e construímos uma cultura onde a responsabilidade individual é quase inexistente... Dizemos "se Deus quiser" e não percebemos que com isso transferimos a responsabilidade. Não que não se possa confiar em Deus... Devemos sempre confiar Nele, mas também devemos amarrar nosso camelo...

Bom, Danah Zohar enumera 12 princípios que podem nos ajudar a nos tornar mais responsáveis diante da vida:

1. Usar positivamente as adversidades
2. Ter consciência de si mesmo
3. Ser humilde
4. Praticar a compaixão
5. Assumir um compromisso de valor com as relações
6. Ser espontâneo
7. Ter visão holística
8. Fazer perguntas fundamentais e profundas
9. Reformular de paradigmas
10. Ter habilidade para ir contra a corrente
11. Celebrar a diversidade
12. Ter senso de vocação

De qualquer forma, acredito que já existe uma nova consciência borbulhando dos porões do inconsciente coletivo... Outro dia li, não lembro onde, alguem dizendo que tem certas atitudes que não combinam mais... Não fazem nenhum sentido e portanto vão deixando de ser aceitas. E se pararmos pra observar vemos que é isso mesmo, podemos ver isso acontecer como um mal estar insconsciente ainda que não conseguimos definir direito, mas com certeza percebemos que há uma força nos impulsionando a deixarmos de ser reativos e nos obrigando a nos tornar criativos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Caminhando e Cantando


Dia desses eu cometi a insanidade de caminhar pelo centro dessa paulicéia desvairada em plena luz dos postes do início do século XX, ou seja: à noite... quando cerram-se as portas do comércio tradicional da cidade, as ruas dali podem se transformar em decadentes redutos de consumidores de crack. Já é deprimente ver aquilo na TV, então imaginem ao vivo a poucos passos de distância...

Anyway, não eu não fui até lá apreciar ou me envolver em nenhuma atividade ilícita... Fui com o nobre propósito de extirpar a visão apavorante e preconceituosa que sempre nutri pelo centro. Achava que o simples fato de colocar os pés ali, já indicava que alguma coisa ruim ia me acontecer... péssimo, não?! Bom... acontece que por ali tem um grupinho muito animado que se reúne às quintas-feiras, 8 da noite em ponto, em frente ao Teatro Municipal e munidos de um microfone, um guia e personagens cheias de histórias pra contar vão desvendando o passado de casarões e prédios de toda a região na Caminhada Noturna que já faz parte do roteiro turístico da cidade.

A proposta consiste em encorajar a revitalização dos bairros centrais inserindo-os nos roteiros de turismo e fazer com que as pessoas comecem a enxergar o que, geralmente, decidem não ver. Realmente, é incrível como o simples fato de ficar sabendo qual a origem daqueles prédios e monumentos faz com que eles passem a, de fato, existir! E, mesmo sendo impressionante/apavorante presenciar aquelas pessoas fumando crack assim em plena rua... o passeio vale a pena.

Eu amei a experiência, mas gostaria de enfatizar um pequeno detalhe que chamou minha atenção durante o passeio. Aconteceu quando chegamos na Praça Princesa Isabel e todo o grupo parou no meio de uma partida de futebol de rua de uns garotos que devem morar por ali, interrompendo o jogo... O guia queria nos mostrar o imponente monumento do Duque de Caxias esculpido pelo italiano Victor Brecheret e acho que não percebeu que a garotada se aborreceu... Um deles até pediu para darmos licença, o guia perguntou: por que? e o menino respondeu: porque estamos jogando bola. Mas o guia o decepcionou dizendo: Ah! é rápido, já vamos sair... Mas acho que para quem estava no auge da emoção da partida aquilo não foi nenhum pouco rápido. Mas o pior foi que depois dos séculos que nos demoramos ali no meio do "campo de futebol", o guia nem sequer agradeceu a paciência dos moleques!!!

Só menciono essa desatenção, porque a postura do guia (e do restante do grupo tambem, já que todos estávamos ali) não é nenhum pouco coerente com a bonita filosofia do movimento. Revitalizar o bairro não é apenas contemplar construções históricas, é sobretudo incentivar as ações que fazem com que os moradores daquele lugar vivam em harmonia e felicidade. Eu achei o máximo saber que tem meninos jogando bola na rua aquela hora da noite num lugar onde eu, preconceituosamente, achava que só existia coisas ruins.

De fato, o problema com o turismo e a idéia de fazer dele um produto sustentável tem a ver mais com a postura do turista com a relação às pessoas que habitam os lugares que visita do que com sua postura com os lugares somente. O segredo está em perceber as pessoas... talvez porque ninguém saiba sua origem, seu passado, não entendam que elas, de fato, existem... Talvez seja exagerado falar tudo isso, e é claro que os meninos também poderiam pausar espontaneamente seu jogo e ir ouvir a história do lugar onde moram... Mas se alguém tem que começar essa empatia, eu diria que o grupo de caminhada poderia bem cativar os moradores do mesmo jeito que cativou a nós, os "turistas".

Ah! e vai uma dica, é preciso ir preparado: são duas horas de caminhada, então leve agua, vá com roupa e sapatos confortáveis e faça xixi antes, porque será difícil achar um banheiro.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

No meu tempo...


Por que tendemos a deixar oportunidades e possibilidades de realização em um tempo que não podemos recuperar? Certamente naquela época de outrora também nos dedicávamos com afinco ao outro tempo que então não podíamos alcançar.

Por que fugimos do confronto com o tempo presente? Por que nos sentimos seguros onde não estamos e nem nos podemos encontrar? Eu sempre fico com uma frase de uma música, adivinhem só, do Eddie Vedder na cabeça... Ela diz : "Tidal waves don't beg forgiveness, crashed and on their way. Father he enjoyed collisions; others walked away" (Ondas de maré não imploram perdão, quebram-se ao longo do caminho. Meu pai apreciava os confrontos, outros iam embora) Fico lembrando disso para não esquecer de que confrontos também são importantes e cruciais na vida da gente. Talvez se não aprendemos a vivência-los quando saímos da adolescência para a idade adulta também não iremos conseguir fazê-lo ao passar de adultos para velhos... E confrontar pode tanto significar romper com antigos padrões ou reconciliar-se com eles. Se não confrontamos o nós que somos com o aquele que seremos, corremos o risco de nos atar a estereótipos... e de perder a oportunidade de decidir quem queremos ser. Perdemos a oportunidade de ser aquilo que acreditamos e aí deixamos uma melancolia nos invadir até que nos acostumemos com ela e ela se tornar parte de quem somos. Deixamos ela se tornar um álibi que justifica o fato de termos desistido da escolha!

Se não entendemos que o tempo presente é o único "lugar" que podemos estar e atuar iremos sempre querer voltar a ele ou alcançá-lo onde ele nunca vai estar... Eu ainda poderia fazer mil referências ao tema e contrastar as várias vertentes desta problemática... mas acho que cada um pode fazer isso por si e descobrir que tipo de velho a pessoa que você é, será ou quer ser!

A única refência a mais que faço, e assim mesmo só para nutrir um pouco de poesia é esta letra do David Gilmour do Pink Floyd, que fala das coisas que a gente ganha e perde na vida e faz muitas referências ao mundo mágico da infância e do "sino" que divide uma fase e outra! Eu adoro como no clipe da música, todos os objetos que se referem ao passado são exageradamente aumentados... É como aquela sensação de voltar em uma construção da infância e pensar: Mas parecia ser tão maior!!!

*Trechos traduzidos: Além do horizonte do lugar em que vivíamos quando éramos jovens, num mundo de fascínio e milagres, nossos pensamentos vagavam constantemente, sem fronteira... O tinir do sino da cisão tinha começado! Seguindo a longa Estrada e descendo a Escarpa, eles se encontram sim, perto da Fenda... Havia bandagens maltrapilhas que seguiam nossos passos, fugindo antes que o tempo levasse embora nossos sonhos... deixando que a míriade de minúsculas criaturas nos atassem ao chão, a uma vida consumida por lenta decadência... A grama era mais verde. A luz era mais brilhante. O gosto mais doce. A névoa do entardecer brilhava. Os amigos ao redor em uma noite de maravilhas... Fatigados para sempre pelo desejo e a ambição. Há uma fome que ainda não foi satisfeita. Nossos olhos cansados ainda perscrutam o horizonte. Obstinados na direção desta estrada que percorremos tantas vezes...