terça-feira, 13 de abril de 2010

Uma ciranda, cheia de recomeços...

Dá pra assistir o filme todo aqui

Eis que a TV a cabo ainda é uma boa, às vezes... quando você dá a sorte de achar um filme que vale mais a pena do que zapear o controle remoto. É o caso de Life as a House! De algum modo o Kevin Kline sempre me faz parar de apertar o seletor de canais, mas o filme é mesmo muito bom.

É uma daquelas histórias que mostra o que devemos escolher se queremos viver uma vida que realmente vale a pena. Apesar do climinha meio sessão da tarde, o filme aborda uma questão fundamental: a de que na maioria das vezes gastamos o tempo que temos buscando o sentido da vida onde ele não está, e deixamos de lado o que realmente tem valor.

Fala dos anseios que procastinamos, esperando o momento ideal... e ele nunca chega. Eu lembrei de novo do Nilton Bonder (quantos de nossos esforços e sacrifícios são oferendas ao nada?) e lembrei do Mario Quintana ( quando se vê, já são 6 horas... quando se vê, já é sexta feira... quando se vê, já passaram 60 anos...).

O título em português do filme é "Tempo de Recomeçar"... Eu, particularmente, acho que restringe o conceito do título original: A vida como uma casa! O Kevin Kline herda uma casa do pai, uma casa que sempre amaldiçoou e que sempre quis derrubar para construir outra. Mas nunca o fez. Viveu nela com sua esposa, seu filho passou a infância lá, nela separou-se da mulher e a dissolução da familia se deu ali. Só o cachorro ficou. A mulher casou-se de novo, o filho cresceu e se tornou um adolescente problema, hermético e sem limites. Sempre insatisfeito.

Se vemos a vida como uma casa, podemos traçar a seguinte analogia. Herdamos a vida e nem sempre ela é o que gostaríamos que fosse a não ser que tenhamos a coragem de derrubar as paredes que nos limitam e construir novas! Ou melhor seria, derrubar as paredes e construir pontes, pois o filme mostra bem o poder unificador do trabalho, que une ao mesmo tempo que redime.

De súbito, Kevin Kline vê-se com os dias contados. Diagnosticado com câncer. E começa a história meu-amor-o-que-você-faria-se-só-te-restasse-esse-dia... Ele decide pôr em prática tudo o que deixou de lado e os pequenos milagres vão acontecendo. Às vezes uma coisa ruim força uma coisa boa, ele diz. E se nós, em nossas vidinhas, percebêssemos isso com mais frequência, talvez não precisássemos mais vivenciar nada ruim! Nos adiantaríamos e quebraríamos o círculo opressivo dos comportamentos viciados e poderíamos também presenciar os pequenos milagres que dão sentido à existência, ou como melhor definiu Mario Quintana (de novo):

basta um momento de poesia

para nos dar a eternidade inteira.