terça-feira, 23 de novembro de 2010

Alma grande


Nem sempre é bom revisitar o passado, mas dia desses tive uma grata surpresa quando fui consultar a programação do Sesc e vi que daqui meia hora ia começar o show do Sergio Pererê. Passei a mão na bolsa e na filha e fui correndo pra lá! 

Eu tinha assistido esse artista há uns 10 anos atrás quando acabava de entrar na faculdade em Minas Gerais e ficara impressionada com a força das imagens de algumas letras, com o porte orgulhoso do cantor e o poder de sua voz e batuques. O show conseguiu me transportar para uma áfrica muito brasileira que conseguia transformar a dor em ritmo e produzir uma energia tão contagiante que era capaz de fazer qualquer esperança florescer.

Não podia perder a chance de vivenciar novamente essa experiência! Amei do começo ao fim, mas queria compartilhar duas letras-poesia que me tocaram especialmente. Uma que ele fez pra mãe dele, Serafina! A letra é assim: 

Quando não vejo a vida no capim
Quando a estrada parece não ter fim
Se o mundo se torna tão ruim

Quando entro e não sei como sair
Quando perco a vontade de seguir
Se me esqueço do quanto é bom sorrir

Ela, Ela acende uma vela
Ela, Ela acende uma vela
pra mim

Quando me aperta o peito e a voz não sai
Quando o vento se cala e a noite cai
Se acredito na ausência de meu pai

Quando me falta sorte ou gratidão
Quando grito, esperneio ou choro em vão
Se acredito que o amor é ilusão

Ela, Ela acende uma vela
Ela, Ela acende uma vela
pra mim

É claro que transporto a idéia para dentro de  minhas próprias convicções! Não entendo a letra como desenvolvimento da frase tão repetida: "Reze por mim" ou "Rezarei por você"... Gosto do símbolo da vela, que indica que a mãe faz um desejo de luz para o filho quando ele vê apenas escuridão!  E a outra é "Alma Grande", que ele escreveu quando o pai faleceu! Achei tão especial o modo como ele encoraja o pai a seguir em frente e encontrar sua alma. Acho que nunca ouvi nenhuma outra canção cantar sobre a morte com sentimento tão genuíno e sem apego assim, como no trecho: "... Segue sem saudade de onde vem. Vive o ponto onde mira o seu olhar. Desespero e medo não lhe convém. Com seu novo manto caminhará e não caminhará só jamais".


Poesia assim engrandece mesmo a alma da gente!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Bodas


Um casamento na familia sempre faz a gente pensar no assunto! Qual o verdadeiro significado de se casar?! Sim... porque muitos se casam por motivos equivocados. Vide a quantidade de divórcios que pipocam por aí... Muitos casam-se por medo de passar o resto da vida sós...antigamente as mulheres se casavam para fugir do jugo de pais muito severos, casavam-se para legitimar a vida sexual que desejavam ter. Mas hoje, com paradigmas sociais mais flexíveis, por que haveríamos de querer nos casar? Percebo que ainda existem pessoas que vêem no casamento a promessa de uma liberdade que não têm e no fim reclamam de ter trocado uma algema por outra. Ainda existem machismos extremos (por parte de homens e mulheres) que vivem o casamento com papeis muito bem definidos onde o homem provedor controla uma mulher submissa que torna-se escrava doméstica /sexual.

Hoje as mulheres podem ser independentes (se assim quiserem) e não precisam aceitar uma relação unilateral, mas ainda romantizam o matrimônio, e no fundo acham que a submissão faz parte do jogo. Longe de querer denegrir esta instituição, vejo que cada um tem idéias muito próprias sobre o que quer receber de um casamento. Mas é raro alguém que realmente pense no que pode dar de si mesmo quando chega a hora de celebrar esse rito de passagem arquetípico.

Claro que também há aqueles que casam-se sem ter idéia nenhuma do que seja o casamento, vivem os preparativos intermináveis da cerimônia, a escolha do vestido, dos presentes, dos convidados ... e não constroem a base necessária para a vida em comum que se iniciará depois da celebração! O verdadeiro casamento só começa depois disso, afinal a cerimônia devia apenas simbolizar uma união e um compromisso que já existem. 

Numa época onde o individualismo é tão valorizado (apesar da solidão epidêmica que contamina toda a sociedade), fico me perguntando por que alguém ainda se casa?! Daqui a pouco estarão se desentendendo, brigando por ninharias, disputando algum controle sobre o outro. Então percebo que a humanidade é composta de otimistas! Mesmo sabendo de tudo isso, têm a capacidade de ignorar os fatos por completo e pagar pra ver se conseguem viver o ideal que almejam! Daí que cada um tem um ideal tão diverso do outro que fica difícil manter a harmonia.

Posso parecer muito negativa, mas ainda acho que casamentos verdadeiros... amores pra vida inteira... só acontecem quando se pensa no que você pode dar para o desenvolvimento individual do outro (ao invés de pensar no que quer receber). O Flavio Gikovate, que é referência no assunto, diz que geralmente os casais são compostos por um individuo generoso que doa e outro egoísta, que só recebe. É matemática! Nunca poderia haver harmonia assim. Dois egoístas também não melhoram muito o resultado da conta! Mas dois generosos?! Esses sim, acho que têm alguma chance!!!

A conclusão é que generosidade é amor posto em prática (que frase mais Khalil Gibram). E amor não se parece com posse ou cobrança. Amor não é receber, é doar! E quando a gente doa de coração aberto não pode esperar receber nada em troca... Claro que isso não é pra justificar as uniões entre generosos e egoístas, porque continuar dando pra alguém que só recebe também não é amor, é escravidão! Então ficam aqui os meus votos de que cada um sozinho aprenda primeiro a ser generoso antes de fazer uniões que busquem apenas atender a desejos narcisistas!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Lenda dos Guardiões

Assista ao trailer aqui
Depois de séculos finalmente fui ao cinema! Tá certo que pra assistir um filme infantil, mas saí de lá surpreendida! Primeiro que era de uma profundidade muito grande para ser classificado simplesmente como infantil. Alguns críticos disseram que é tudo clichê, mas I don't care, amo boas histórias que contam sobre ideais e sobre valores como honra, fidelidade e nobreza. Se o propósito do filme é mostrar a luta entre bem e mal, prefiro que o bem vença mesmo que seja um clichê! Os críticos são mesmo cruéis, mas não entendo como um épico pode fugir a conceitos arquetípicos... Todos já sabem o que acontece, mas acho que o objetivo dos épicos não é surpreender ninguém com ineditismos, e sim nos lembrar mais uma vez que o bem é maior que o mal, que a luz é mais forte que a escuridão... são histórias pra alentar a alma! O que faríamos sem elas?

Fiquei surpresa porque esperava um filme infantil e assisti a uma história com alto poder formador que não corrompe o humor das crianças com ironias e sarcasmos que elas nem entendem anyway! Isso é raro de se ver hoje em dia e portanto louvável, na minha opinião.

Enfim, "A lenda dos guardiões" é um filme sobre a intuição. E sobre a escolha de deixar a vida ser conduzida por princípios ou pelo medo.  Conta a história de dois irmãos, Soren e Kludd, suindaras que passaram a infância ouvindo do pai as histórias dos guardiões de Ga'hoole, corujas nobres que no passado defenderam todo o reino de um cruel destino. Soren ama e  encena estas histórias para a irmãzinha Eglantine enquanto Kludd, pensa que tudo não passa de uma grande bobagem e um enorme tédio! Certo dia, os dois caem do ninho e são sequestrados por corujas que os levam a um lugar sombrio e inóspito, onde transformam os filhotes sequestrados de tytos-alba em soldados, pois são uma espécie superior. As demais espécies sofrem um tipo de lavagem cerebral e tornam-se coletoras de um material encontrado nas partículas regurgitadas pelas corujas para a construção do que parece ser uma "arma nuclear" que destruirá os guardiões e ajudará estas corujas sinistras a usurpar o reino.

Embora Soren possa ser um soldado, ele escolhe ficar junto com os coletores para defender uma nova amiga que fez no cativeiro. Já Kludd, sente-se envaidecido por pertencer a uma raça superior e torna-se o soldado (nazista) exemplar. Soren e Gylfie (a corujinha-duende, sua amiga) não se deixam hipnotizar e são auxiliados por um soldado cansado das vilanias dos Puros (as corujas nazistas), que os incumbe de atravessar o mar que os levaria até Ga'hoole e contar aos Guardiões tudo o que se passava naquele estranho local.

À medida que a trama avança, e Soren finalmente encontra os Guardiões, ele também encontra dentro de si mesmo todos os valores nobres e elevados que encenava em suas brincadeiras e torna-se o grande herói da história! Kludd, torna-se cada vez mais corrupto e inebriado pelo poder prometido pelos Puros. E os dois irmãos tornam-se assim os grandes exemplos antagônicos que representam a humildade que confia na própria intuição (as moelas, mencionadas na história) e se mantém fiel aos seus valores mesmo em face das piores ameaças e a arrogância que por medo, coloca o ego acima do bem e do mal e é capaz de cometer os mais absurdos atos justificando-os com sua sofismática superioridade.

O apelo visual do filme é belíssimo, porque a coruja já é um pássaro cativante e enigmático, que parece guardar mesmo a sabedoria de um outro mundo! E a animação as caracteriza com tal sutileza de detalhes que é mesmo impressionante! Ainda mais em 3D. A trilha sonora também é grandiosa e muito bem executada. Se o filme tem falhas de roteiro, se o diretor perde a mãe às vezes, deixa pra lá. O que gostei mesmo foi de ver que as crianças também podem contar alguma profundidade nas histórias que consomem, pois hoje em dia há cada vez menos opções assim. O filme é baseados nos três primeiros livros da autora  Kathryn Lasky , que também espero ler em breve!


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sonho de Padaria


Eu, como acredito no poder da gentileza, não poderia deixar de compartilhar essa singularidade cotidiana! Quinta-feira, cidade de São Paulo - o stress - seis e meia da tarde e você com uma criança com dor de barriga em uma padaria fervilhando de clientes esperando o pão quentinho! Aí você está lá na fila que parece de banco esperando pra ser atendida e quando finalmente chega sua vez, e você já estava quase desistindo porque afinal você nem frequenta essa padaria tanto assim mas por causa da dor de barriga da criança era a que ficava mais dentro do seu itinerário e lembrando que não tem leite ou pão em casa  sera muito pior ir embora já que já ficou uma eternidade na fila mesmo, bom... como eu ia dizendo: finalmente chega sua vez e um senhor todo alto astral que ignorava completamente o clima estressante do lugar te atende e diz: "olá! e então o que vai querer? não não não... o que vai querer não! antes de mais nada você tem que dar isso aqui pra esta princesinha que ficou tanto tempo esperando!" e te entrega um pão de queijo que acabou de sair do forno e está derretendo de tão bom. "Pronto, agora pode pedir! e não precisa pedir com pressa não que a vez é sua!".

Achei simpático e fiquei mesmo surpresa por ele ter quebrado aquele sentimento de stress do qual ninguém está a salvo quando se está entre um dia cheio no trabalho e uma noite cheia de trabalho em casa! Eu admiro as pessoas que entregam alegria junto com o trabalho que executam! Esse senhor me ensinou que qualquer que seja nossa realidade não precisamos nos deixar levar pela corrente pesada que possa nos envolver. Não é só porque uma situação é estressante que você precisa ficar estressado e deixar de ser gentil. Vou virar freguês!!!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Half Nelson



Half Nelson é um daqueles filmes que quando acaba, você fica se perguntando o que foi que acabou de ver... Tem toda a historia da estética construída pela cenografia e movimentos de câmera, que ampliam a sensação de solidão e desnorteamento do personagem de Ryan Gosling – Daniel Dunn – professor de história de um colégio num bairro negro meio barra pesada.

Os desavisados podem achar que trata-se de um destes filmes onde o professor maravilhoso redime toda a turma com sua sabedoria magnânima e é redimido pelo amor dos alunos. Mas não. Não há espaço para clichês nesta fita que nem sequer foi lançada no Brasil (dá até pra entender que o público aqui seria bem escasso, e by the way quem quiser assistir está em cartaz no canal film & arts).
O enredo não constrói heróis nem vilões e torna-se marcante justamente por não lançar mão de nenhum julgamento fácil. Fiquei com o verso  do Pink Floyd na cabeça: Us and them, and after all we’re only ordinary men...

É um retrato delicado e contundente de uma amizade estranha entre um professor branco, viciado em crack, cuja única motivação é fomentar a análise crítica em seus alunos e uma garota negra de 13 anos filha de um pai que não se interessa por ela, de uma mãe que não tem tempo pra ela e irmã de um garoto que está preso por tráfico de drogas. Ela tenta encontrar os critérios para as escolhas que tem de fazer sozinha. Ele, o professor, sente-se tão tragicamente sozinho e perdido que escolhe viver entorpecido para não ter que sentir mais nada.

Drey, a garota negra que esconde sua timidez debaixo de bonés rappers, encontra em Dunn a referência masculina que não tem em casa. Mas a relação dos dois não é facil de construir...esbarra a toda hora nas lacunas e vazios dos dois. É uma afinidade silenciosa que os aproxima. É intuitiva porque constitui-se de verdades que ambos sonegam e que mais os fazem isolar-se do que integrar-se.

Bom, acho que valeu a pena assistir (era a única alternativa decente em comparação com todos os canais da HBO) e tem cenas e frases ótimas. Eu achei especialmente simbólica uma das aulas de Dunn, quando ele tenta explicar a idéia de opostos complementares do oriente que não é compreendida no ocidente (de novo vou citar o Pink Floyd: Up and down, and in the end it’s only round and round and round)... como uma árvore pode ser torta e ainda ser reta, como algo pode ser fraco e forte ao mesmo tempo. É simbólico pois dentro de cada um de nós podemos encontrar o que quisermos: força ou fraqueza, e então viver de acordo com o conceito que escolhermos, mesmo que a escolha seja inconsciente. Talvez nosso trabalho seja o de tornar cada escolha mais consciente e no final do filme é mesmo o que parece que Dunn e Drey estão aprendendo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

No more nuggets

Blargh!!!!!!!!! Porque nem só de rosas, ops, azaléias é feita a vida! Estava num dos tweets que recebo: Isso é o que vai pro seu estômago quando você come nuggets! E você abre o link e encontra essa matéria: (que em livre tradução diz):

Say hello to mechanically separated chicken. It’s what all fast-food chicken is made from—things like chicken nuggets and patties. Also, the processed frozen chicken in the stores is made from it.
Basically, the entire chicken is smashed and pressed through a sieve—bones, eyes, guts, and all. it comes out looking like this.
There’s more: because it’s crawling with bacteria, it will be washed with ammonia, soaked in it, actually. Then, because it tastes gross, it will be reflavored artificially. Then, because it is weirdly pink, it will be dyed with artificial color.
But, hey, at least it tastes good, right?
High five, America!
*smack*

Diga olá para o Frango separado mecanicamente. É disso que é feito todo frango de fast-food (como nuggets e patties). Frango processado congelado também é feito disso. Basicamente, todo o frango é esmagado e prensado - olhos, vísceras, TUDO e sai parecendo com essa foto. Tem mais: porque está contaminado com bacterias, será lavado com amônia, deixado de molho na verdade! E aí, porque o gosto é nojento, a pasta é artificialmente "ressaborizada". E aí, porque tem essa cor rosa esquisita, é tingida com corante artificial. Mas, hey, pelo menos é gostoso, não?!
High five, america.

Comida é um tema que sempre aparece por aqui... Não que não saibamos que muito do que comemos é processado, tem sabor e cor artificiais, mas ver esta foto é chacoalhão... Esqueça as atrativas embalagens que prometem refeições über praticas! Melhor passar mais tempo no mercado e na cozinha e ter certeza que está comendo comida de verdade! Meu estômago está revirando...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Spring cleaning


Estou feliz porque, com a ajuda da minha salvesalve mãe que entende tudo sobre os verde seres autótrofos, agora tenho um jardim para minha filha dizer "bom dia, florzinhas!" e brincar de menina-do-dedo-verde. Foi assim que comemoramos a primavera: plantando um jardinzinho lindo de azaléias, flores da família das ericáceas que são reconhecidamente resistentes e estão floridas mesmo quando as condições são adversas, nos lembrando que a vida pode continuar bonita mesmo quando as circunstâncias não são lá grande coisa. Afinal circunstâncias são circunstanciais e com o perdão da redundância, podem mudar a qualquer instante. O que não pode mudar é nossa disposição para com a vida... assim como as azaléias devemos continuar florindo, admirando a beleza, defendendo a verdade, venerando a nobreza*... o resto é o resto!

As azaléias trouxeram ótimas reflexões! Se olhassêmos para a natureza com mais frequencia, com certeza não nos deixaríamos abater com facilidade. Vale muito mais arregaçar as mangas e plantar um jardim por exemplo, do que malbaratar o tempo cultivando pensamentos tristes, invejosos e ressentidos! As azaléias que vieram morar conosco ensinam lições tão óbvias que vale a pena repetir, porque são estas que esquecemos primeiro!

Se não cuidarmos, se não estivermos despertos, o cotidiano passa a ser uma série de ações mecânicas, automáticas, despidas de alma alguma. Daí nos tornamos vulneráveis e alvo certeiro de pensamentos sombrios. Quando vemos, nem queremos mais levantar da cama. Nos perguntamos: para que enfeitar com flores a casa? Para que olhar o céu? até esquecer de lembrar que coisas como flores e o céu existem. Tudo é cinza e nada está bom! Reclamamos como disco arranhado cobrando de todos o que achamos que a vida nos ficou devendo. Mas se você planta um jardim, tudo muda. Não se pode mais ver o mundo sob o filtro de uma paleta esmaecida se você está cultivando um jardim! Os pensamentos sombrios fazem ricochete na alma de quem planta um jardim! Como a infelicidade poderia penetrar a alma de quem mantém um jardim??? 

Mas atentem que não basta comprar um jardim e colocar lá não! É preciso, antes, jogar um monte de coisa fora para começar a semear e cultivar um jardim. É preciso doar-se, dizer todo dia "bom dia, florzinhas"  e desejar que elas sejam felizes moradoras da sua casa.

*Admira a beleza,
Defende a verdade,
Venera a nobreza,
Escolhe a bondade!
Assim é que o homem
Será conduzido,
Às metas na vida;
Aos retos caminhos
Na hora em que age:
À paz, quando sente;
À luz, quando pensa;
E aprende a confiar na
Regência divina
De tudo o que há
No vasto cosmo,
No fundo d 'alma.



Rudolf Steiner          

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao amor

Me desculpem os leitores que entram aqui e faz tempo não encontram nenhuma novidade! Sem tempo pra escrever demais... e até sem assunto também. Estou tentando praticar o silêncio que o dr. Deepak Chopra recomenda para quem quiser alcançar o espaço de auto-referência - aquele lugar onde se confronta o Eu essencial. Tarefa um pouco difícil, mas vamos lá... De qualquer modo, queria compartilhar um texto recem-descoberto, que me inspirou imenso!!!

FORJANDO A ARMADURA

“Nego-me a submeter- me ao medo

Que me tira a alegria de minha liberdade

Que não me deixa arriscar nada
Que me torna pequeno e mesquinho
Que me amarra
Que não me deixa ser direto e franco
Que me persegue, que ocupa negativamente minha imaginação
Que sempre pinta visões sombrias
No entanto não quero levantar barricas por medo do medo
Eu quero viver, e não quero encerrar-me
Não quero ser amigável por ter medo de ser sincero
Quero pisar firme porque estou seguro e não para encobrir meu medo
E quando me calo, quero fazê-lo por amor
E não por temer as conseqüências de minhas palavras
Não quero acreditar em algo só pelo medo de não acreditar
Não quero filosofar por medo de que algo possa atingir-me de perto
Não quero dobrar-me, só porque tenho medo de não ser amável
Não quero impor algo aos outros pelo medo de que possam impor algo a mim
Por medo de errar, não quero tornar-me inativo
Não quero fugir de volta para o velho, o inaceitável
Por medo de não me sentir seguro no novo
Não quero fazer-me de importante por temer que, do contrário, seria ignorado
Por convicção e amor, quero fazer o que faço
E deixar de fazer o que deixo de fazer
Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao amor
E quero crer no reino que existe em mim.”

Rudolf Steiner

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sem herói


"Não existem mais líderes"... às vezes é o que acho e sei que outros devem achar isso também. Principalmente em ano eleitoral. É bom saber que existe alguém cujos valores são fortes o bastante para que nos inspirem e nos sentimos meio orfãos sem essas imagens.

O passado é cheio de figuras assim, mas hoje em dia, quem tem o apelo de um Che Guevara, de um Mahatma Gandhi, de um Kennedy até? Parece que a civilização atingiu aquele estágio quando as crianças crescem e descobrem que os pais não são heróis. São apenas humanos. Ou ainda, pode ser que a civilização até já passou desse estágio, mas ainda esteja aprendendo que não dá pra depositar todas as esperanças em um líder. Eles também são apenas humanos e o desenvolvimento mútuo depende muito mais de que cada um faça sua parte.

Em uma era onde profissionais de qualquer setor são bombardeados com treinamentos sobre liderança, aprendemos que o líder está em cada um de nós, em qualquer segmento da sociedade. Um pouco como aquele videozinho do TUM CHALO. Por outro lado, também é uma era onde os valores que nos serviriam de inspiração, pouco aparecem. O foco está voltado para outras direções: nos tornamos uma sociedade inacreditavelmente fetichista. Objetos traduzem e incorporam valores que buscamos. Carros e jeans significam liberdade e com essa liberdade aviltada é que nos preenchemos.

Os heróis que cultuamos hoje são muito diferentes dos heróis de outrora. As histórias arquetípicas que sempre funcionaram como repositório cognitivo do comportamento humano, continuam funcionando assim hoje. Mas o conteúdo delas é bem diferente. O objetivo máximo dos protagonistas de hoje pode ser comprar um jeans da moda, por exemplo! Ou enriquecer escandalosamente fazendo gols! Ou voltar à plena forma uma semana depois de dar à luz trigêmeos. E torcemos por esses "heróis".

Abra o jornal ou ligue a TV e será bombardeado por violência, sexo e velocidade. Perdemos a capacidade de sonhar. De construir um mundo melhor à partir de pensamentos sobre um mundo melhor. Não acreditamos que um mundo melhor possa existir e portanto, não sonhamos com ele. Se houvesse algum líder hoje em dia, desses como haviam no passado, com certeza não o veríamos e não o ouviríamos. A não ser que estivesse vestindo o jeans e dirigindo o carro da moda. Se o tal líder fosse mulher só a enxergaríamos se estivesse nua e seu corpo fosse invejável e desejável. Mas aí não seriam mais líderes como de outrora.

O mundo que construímos não deixa lugar para Guevaras, Gandhis. Cristos... Cada um está sozinho, por sua conta... dedicando seu tempo a consumir as sombras contadas nas histórias feias de hoje em dia (inflando-as) ou sentindo-se só por não encontrar eco nestas mesmas histórias. São estes últimos que devem parar de esperar por líderes e começar a procurá-los dentro de si mesmos e então, agir inspirados por seus valores. Sem platéia e sem desânimo. E então as pequenas histórias pelas quais tanto anseiam começarão a ser ouvidas, mesmo que como apenas sussurros.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O mundo é como nós somos

... ou porque quero estar cercado só do que me interessa...

É interessante como somos vulneráveis ao ambiente externo e ao que nos circunda. Por que será que de repente o desânimo nos abraça se nem mesmo sabemos de onde ele surgiu? Dias atrás estava bem pra baixo, daí comecei a ler coisas aleatórias e esse livro pulou no meu colo: Energia Ilimitada, do Dr. Deepak Chopra. Além de ensinar qual o seu dosha e oferecer soluções práticas do ayurveda para eliminar a fadiga crônica, o livro traz insights valiosos para o auto-desenvolvimento.

Ao reconhecermos que há uma conexão direta entre mente e corpo, torna-se claro entender que o que pensamos afeta nossa estrutura física e nossa saúde. Assim, ter boa saúde é sinônimo de ter uma vida interior saudável, o que pode ser garantido se adotarmos uma postura positiva com relação à vida em vez de nutrir sentimentos e emoções tóxicas que acabam por embotar nosso organismo e conseqüentemente, nossa vida. Isso remete diretamente à filosofia de Abdruschin que nos alerta a manter puro o foco dos pensamentos!

Chopra ensina: O mundo é como nós somos! É tudo questão de sintonia.Ainda mais se depois você lê a Lya Luft em uma história que diz assim: A vida é uma mesa posta, há quem escolha as coisas boas e há quem só se serve dos venenos! Quantos de nós não se envenenam assim, espontaneamente?! Mas o guru da medicina ayurvédica salienta que isto é muito mais do que pensar positivo, é ter acesso a uma fonte inesgotável de energia e fluir com ela!

Em Energia Ilimitada, aprendi muitas coisas que já sabia mas que teimo em esquecer! Aprendi que quando concentramos nossa atenção em determinada coisa, essa coisa cresce. Portanto devemos estar atentos a respeito do foco e da qualidade de nossa atenção! O livro diz que não podemos entreter o negativismo. O que equivale a dizer que não devemos alimentá-lo se não queremos que ele cresça! Não é maravilhoso saber o quanto podemos ser verdadeiramente donos de nosso destino e realmente viver a vida que queremos viver?!

Aliás, Deepak Chopra esclarece brevemente sobre o dharma, o caminho espiritual de cada um. E o impulso básico é sempre ser melhor do que somos e para isso devemos encontrar o equilibro interior para que nossa individualidade desenvolvida e plenamente responsável se expresse livremente e não se aprisione em imagens ilusórias das expectativas alheias.

Achei especialmente importante ler que os desapontamentos, frustrações e derrotas muitas vezes nos fazem assumir uma postura de auto-proteção e defesa, que acabamos desistindo dos sonhos e nos auto-limitamos e que isto é extremamente prejudicial para o desenvolvimento espiritual.

Enfim, me animou! (E olha que ânimo e alma tem uma raiz etimológica comum, não é à toa of course!).

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O abstrato


É engraçado como procuramos definições para nos sentirmos seguros e firmes no chão! Estava eu justamente agorinha pensando sobre como já sofri por querer que as coisas não mudassem e agora vivo em constante processo de adaptção (e multiplicado por dois, porque quando se tem filhos pequenos você tem sempre que ser esteio das mudanças que vivenciam também).

Daí estava eu conjecturando com a minha própria pessoa, que até que estou me saindo bem em acompanhar as mudanças da vida! Nem me espanto mais quando acabo de me acostumar com algo e aí esse algo muda sem aviso prévio. Já sei que basta me mexer e agir! Acertar o passo com a mudança. Acho que finalmente estou aprendendo que lamentar-se é pura perda de tempo e desperdício de energia! É uma sensação revigorante!

Para completar a sincronicidade, a "personal message" da minha irmã no msn hoje é assim: "Quando nada é certo, tudo é possível". Ou seja quando não há nenhuma definição, qualquer coisa pode acontecer, inclusive a realização dos seus sonhos. Ou melhor, aquilo com que você está sintonizado pode finalmente tomar forma! Consolidar-se... e talvez desvanecer-se outra vez, e tudo recomeça...

Outra coisa que aprendi?! Que embora tudo mude o tempo todo no mundo, e que há que se estar sempre preparado e alerta, tem coisas que não mudam! São as coisas que realmente nos definem, aquilo que nos torna quem somos e que fornecem o "chão" sobre o qual construímos o caminho da jornada da vida. É o amor que sentimos por aqueles que nos são caros. A fidelidade que lhes devotamos. É nossa fé convicta naquela Força que coloca tudo em movimento (se a temos, of course!). São todas as virtudes e os ideais que compõem nosso caráter.

Houve quem me criticasse muito por querer a permanência das coisas! E eu me confundi, e achei que não me sentia bem com as coisas mutantes... mas quando aprendi que há também valores sólidos e imutáveis, vi que talvez era isso o que estava cobrando! Mas de nada adianta cobrar de quem não tem! E quem tem, não precisa ser cobrado. Erro meu se acreditei que podia tirar leite de pedra! Isto exposto, considero-me em paz com questões do passado que refluem garganta acima, mesmo contra a minha vontade... Já aprendi, agora podem ir!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

MoM


Eis um post que bem poderia ter saído no dia das mães, mas whatthehack! Sincronia não tem sido a minha mais importante qualidade... Ser mãe, sim, eu acho que tem!!! Modéstias à parte, outro dia estava pensando sobre como a mãe que você é para o seu filho pode refletir no tipo de pai ou mãe que ele será pro filho dele um dia no futuro.

É uma responsabilidade e tanto. E, um mês depois, ainda reflete o tema do último post que fala sobre o filme "Life as a house". Este post aqui vai acabar sendo sobre um filme também. Assisti só trechos, mas valeram a pena. Riding in car with boys acompanha a trajetória (real) de Bev, cuja vida é drasticamente alterada quando se torna mãe aos 15 anos. Ela nutre o sonho de tornar-se escritora, mas o filho precoce e o desastroso casamento com o pai da criança, viciado em drogas vão adiando e impedindo os sonhos da protagonista. O que faz a história merecer ser contada em filme é que a determinação da tal Beverly a leva longe, a leva a se tornar o que tem de ser.

É óbvio que para isso, seu casamento se desfaz! Casais só dão certo quando crescem juntos. Mas o mais interessante de ver é como a relação dela com o filho vai sendo construída. Dos poucos trechos que assisti, achei marcante a discussão que eles têm, quando o filho já é adulto, para acertarem as contas a respeito de todos os engasgos que tiveram ao longo da vida. O filho sente-se culpado por ter sido obstáculo no desenvolvimento da mãe, sente-se culpado por não poder deixá-la pois foi por ele que ela tanto batalhou e ele a culpa por isso... enfim as clássicas discussões entre filho e mãe solteira. Passada a discussão, ela deixa claro que não estaria melhor sem o filho, que não foi ele o que deu errado na vida dela, foi ele quem a salvou!

Eu acho que filhos são mesmo capazes de fazerem isso com a gente. São capazes de fazerem com que queiramos ser pessoas melhores por eles. É claro que nem todos devem enxergar assim... como bem é retratado o pai do tal menino no filme. E aí fiquei pensando nas mães que têm depressão pós-parto, por exemplo... será que deve ser algum sentimento inconsciente muito aterrorizante de saber estar recebendo essa mágica e, de repente, perceber que talvez não terá coragem de usá-la! Há mães que ao invés de se melhorarem, corrompem os filhos ensinando-lhes conceitos baseados em um falso amor que deterministicamente, os fará serem maus pais? Pode soar cruel para alguns... mas o que quero dizer é que se não tivermos coragem para sermos melhores seres humanos quando temos uma pequena vida sob nossa responsabilidade, estamos desperdiçando uma chance enorme.

Um filho é quase como um microuniverso que podemos moldar, uma hora ou outra vão acabar sendo a expressão da visão de mundo que carregamos. São pequenas luzinhas iluminando os cantos escuros dentro de nós e fazendo com que nos questionemos... mas somente, se tivermos coragem!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Uma ciranda, cheia de recomeços...

Dá pra assistir o filme todo aqui

Eis que a TV a cabo ainda é uma boa, às vezes... quando você dá a sorte de achar um filme que vale mais a pena do que zapear o controle remoto. É o caso de Life as a House! De algum modo o Kevin Kline sempre me faz parar de apertar o seletor de canais, mas o filme é mesmo muito bom.

É uma daquelas histórias que mostra o que devemos escolher se queremos viver uma vida que realmente vale a pena. Apesar do climinha meio sessão da tarde, o filme aborda uma questão fundamental: a de que na maioria das vezes gastamos o tempo que temos buscando o sentido da vida onde ele não está, e deixamos de lado o que realmente tem valor.

Fala dos anseios que procastinamos, esperando o momento ideal... e ele nunca chega. Eu lembrei de novo do Nilton Bonder (quantos de nossos esforços e sacrifícios são oferendas ao nada?) e lembrei do Mario Quintana ( quando se vê, já são 6 horas... quando se vê, já é sexta feira... quando se vê, já passaram 60 anos...).

O título em português do filme é "Tempo de Recomeçar"... Eu, particularmente, acho que restringe o conceito do título original: A vida como uma casa! O Kevin Kline herda uma casa do pai, uma casa que sempre amaldiçoou e que sempre quis derrubar para construir outra. Mas nunca o fez. Viveu nela com sua esposa, seu filho passou a infância lá, nela separou-se da mulher e a dissolução da familia se deu ali. Só o cachorro ficou. A mulher casou-se de novo, o filho cresceu e se tornou um adolescente problema, hermético e sem limites. Sempre insatisfeito.

Se vemos a vida como uma casa, podemos traçar a seguinte analogia. Herdamos a vida e nem sempre ela é o que gostaríamos que fosse a não ser que tenhamos a coragem de derrubar as paredes que nos limitam e construir novas! Ou melhor seria, derrubar as paredes e construir pontes, pois o filme mostra bem o poder unificador do trabalho, que une ao mesmo tempo que redime.

De súbito, Kevin Kline vê-se com os dias contados. Diagnosticado com câncer. E começa a história meu-amor-o-que-você-faria-se-só-te-restasse-esse-dia... Ele decide pôr em prática tudo o que deixou de lado e os pequenos milagres vão acontecendo. Às vezes uma coisa ruim força uma coisa boa, ele diz. E se nós, em nossas vidinhas, percebêssemos isso com mais frequência, talvez não precisássemos mais vivenciar nada ruim! Nos adiantaríamos e quebraríamos o círculo opressivo dos comportamentos viciados e poderíamos também presenciar os pequenos milagres que dão sentido à existência, ou como melhor definiu Mario Quintana (de novo):

basta um momento de poesia

para nos dar a eternidade inteira.

terça-feira, 30 de março de 2010

Carona



Ontem li algo sobre como os seres humanos vivem deitando empecilhos no caminho dos outros, impedindo com isso que todos se elevem... É verdade. Quantas vezes em nosso profundo egoísmo não sobrecarregamos outros e assim os impedimos de florescer em seu próprio desenvolvimento?!

Tempos atrás li algo também que dizia: "Unicamente sozinho cada um poderá tornar-se livre dentro de si mesmo". Fez muito sentido para mim, que em minha jornada pela vida já confundi integração com dependência. Quanta imaturidade!!! No último fim de semana conversei muito com a minha mais especial amiga, a minha mãe, sobre como os julgamentos das pessoas que estão próximas de nós podem determinar quem somos e o quanto isso pode ser danoso e nocivo e que somente uma coragem muito grande pode libertar qualquer um de tais determinismos.

Temos visto o mundo tornar-se caótico. Todas as relações estão em xeque. Relações de trabalho, relações familiares, relações do homem com a natureza, a relação do ser humano consigo mesmo... Tudo para aprendermos a ser realmente livres e elevados. Disso depende não sobrecarregarmos ninguém com nada que não lhes pertence. Disso depende não impedirmos ninguém de tornar-se o potencial que pode ser, determinando seu caminho com julgamentos próprios.

Dia desses assisti também a um filmeco na TV em que uma mulher tenta aprender essa lição sobre encontrar-se em si mesma e não nos papéis que desempenha dentro das relações que mantém. Digo filmeco porque não era nenhuma obra-prima do cinema e era tão cheio de clichês bobos que quase nem assisti até o final. Mas um dos diálogos que salva a história de ser um mero romance barato, foi a fala de um monge beneditino, ainda em dúvida sobre consagrar seus votos. Ele diz algo assim: "Às vezes eu vivencio Deus como esse maravilhoso Nada. E então parece que o sentido da vida é apenas descansar nele. Contemplá-lo, amá-lo e eventualmente desaparecer nele. E então, outras vezes, é o oposto disso. Sinto Deus como uma presença que envolve tudo. Venho aqui e parece que o Divino se movimenta sem cessar. E sinto como se a Criação fosse esta Dança que Deus está fazendo e que tudo o que temos de fazer é acertar nosso passo com ela."

O que tem a ver com o que disse acima?! Tem que realmente sinto que cada um deve buscar sem desânimo, o lugar que ocupa nessa dança sem se impor a nada ou ninguém... E então torna-se possível encontrar aí um pouco de Felicidade! Porque será sua, só sua.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Whatever you think...


Quer você pense que consegue ou que não consegue, estará certo! Essa frasezinha anda rondando meus pensamentos e a cada vez que penso a respeito, faz mais sentido. Nossa realidade é construída através do que acreditamos. São nossas convicções que servem de matéria à consolidação dos cenários que nos envolvem.

Tudo o que dizemos e fazemos, até o modo como nos posicionamos fisicamente, são reflexos do que acreditamos intimamente. São ecos do que cultivamos em nosso interior. Parece óbvio, mas nem sempre é tão fácil perceber que nossa infelicidade decorre do fato de não termos bem alinhados pensamentos e atitudes. Quanta confusão deixaria de existir se todos agissem conforme prometem. Não apenas o que prometem aos outros, mas principalmente o que prometem a si mesmos.

Nas últimas semanas tenho enfrentado um grande medo! Tenho pedido coragem para enfrentá-lo e tenho confiado que tal coragem brotaria em mim apenas porque eu acreditava ser possível. Ela surgiu. Ouvi muitos "clics" de coisas se encaixando, e descobri que o medo faz com que deixemos de ser honestos com nós mesmos. O medo nos obriga a criar álibis para que não precisemos nos movimentar e assim, sair de nossa bolha. A zona de conforto que, muitas vezes, ganha essa alcunha por ser paradoxalmente desconfortável. Sim... porque há sempre aqueles que justificam tudo o que não fazem e que não são com lamentações que surgem e crescem à partir do pavor que carregam. Um medo que começa a ter muitos nomes, apenas para não se chamar mais "medo". E então passa a se chamar "mentira".

São esses, os que chamamos "vítimas", que quando olham para si e não gostam do que vêem, tratam de buscar um outro, ou alguma outra coisa, a quem responsabilizar por suas falhas ou restrições. Sentem-se confortáveis assim. É uma forma de não avançarem ou se arriscarem e permanecerem "seguros" dentro da imutabilidade/previsibilidade de seus caminhos.

Porém quando tomamos para nós a responsabilidade individual para com nossa própria vida, então abre-se um mundo de possibilidades. Tudo de repente, "tem jeito". Tudo é possível. Tudo pode dar certo! São vivências assim que transformam todos os nossos esforços de auto-afirmação em verdadeira confiança. Somente quando nos posicionamos como donos de nossa própria vida, é que podemos enxergar claramente que mesmo as circunstâncias mais aterradoras serão válidas se as enfrentarmos com coragem.

É bem possível que quando nos dispusermos a enfrentar a vida com tanta confiança as coisas tornem-se cada vez mais difíceis. E então, muitos podem desanimar... achando que deveriam é tornarem-se mais fáceis... mas aí não faria sentido! A confiança que acompanha a coragem que decidimos sentir não torna nada mais fácil, mas com certeza torna tudo bem mais leve! E a leveza é que nos possibilita enfrentar bravamente tudo o que vier. Ela atesta que estamos sendo verdadeiramente honestos conosco e por isso, ao invés de criar barreiras e paredes com os inputs que a vida traz; criaremos pontes, estradas, chão e uma série de elementos que prometem aventuras imprevisíveis na jornada pelo desenvolvimento. É só o que garante que de fato, estaremos vivendo a vida!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Tic Tac

And you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking

O tempo! Tenho pensado sobre ele... mas não pensem que seja uma crise existencial de meia idade antecipada. No rodapé deste blog, está lá a citação do Tolkien: Tudo o que nos cabe é decidir o que fazer com o tempo que nos foi concedido, é a lição mais valiosa que Gandalf ensinou ao hobbit Frodo Bolseiro. Daí fui ao teatro dias atrás, assistir a Alma Imoral, e depois de ficar bem tonta com os labirintos textuais entre os conceitos extremos que Nilton Bonder criou para justificar um nova linguagem que realmente compreenda a natureza humana, guardei a seguinte frase: "E quantos de nossos esforços e sacrifícios são, na verdade, 'oferendas' ao nada?"

Aliás, que fiquei surpreendida durante o espetáculo porque descobri que já tinha citado Bonder aqui no blog, uma historinha de um rabino e um homem rico que encontrei na coluna do Eugenio Mussak, da Vida Simples. Tinha esquecido... guardei a história e deixei o nome do livro e autor totalmente esquecidos... talvez a meia idade esteja chegando mesmo! Anyway, por falar em Eugenio Mussak, no começo do ano ele escreveu sobre a passagem do tempo. E a conclusão dele sobre nossa ansiedade sobre o tema, sobre seu efeito irreversível e sobre nossa insatisfação, eu guardei também. Ele diz: "Nossa paz com o tempo é diretamente proporcional à paz que estabelecemos com nossas escolhas e decisões." O que nos leva de volta ao Tolkien, Gandalf e a epopéia da Terra Média...

Mas eis que hoje recebo um email falando desse geólogo visionário que reúne física quântica e profecias ancestrais para dizer coisas interessantíssimas sobre a inversão do sentido de rotação da Terra e seus pólos magnéticos e como poderemos vivenciar o mundo a partir do ponto zero. O tal cientista chama-se Greg Braden e estuda fenômenos como respostas remotas em tempo real do DNA aos estímulos emocionais. O que prova que tudo na matéria são irradiações da vontade e que há uma energia que conecta a todos. O que isso tem a ver com o tempo?! Em resumo bem leigo, parece que ao nos aproximarmos desse Ponto Zero, o tempo parecerá acelerar-se. E quando finalmente a inversão for consolidada, então tudo o que pensarmos ou desejarmos irá se manifestar muito mais rapidamente. A reciprocidade será sentida de forma imediata e a intenção terá um papel preponderante na vida e relações humanas.

Junte com isso o fato de que "qualquer resultado que possamos imaginar e cada possibilidade que sejamos capazes de conceber, é um aspecto que já está criado e existe no presente como um estado adormecido de possibilidade", e então perceberemos que acessar o invisível à partir de nossas vibrações é trazer para o plano físico algo que já existe em algum outro nível, causando intervenções na matéria. Se isso começar a acontecer de forma imediata, então será fácil perceber as ligações entre causa e efeito e tornar-se consciente delas.

Em física quântica, o conceito de quarta dimensão serve para definir o "eterno agora"; porque passado, presente e futuro não encontram-se mais organizados de forma linear (medidinhos e quantificados pela "inteligência" humana de até então). São aspectos conjuntos de um mesmo instante, uma "tríade temporal" que compõe uma evolução da consciência. Afinal, para sobreviver em tal mundo, conforme configurado por Braden, é fundamental amadurecer individualmente esta consciência espiritual de se saber responsável por suas escolhas e decisões, (já que elas imediatamente manifestam-se na matéria), para sintonizá-las nas freqüências certas. Que o nosso DNA se expanda quando irradiamos amor, alegria e gratidão e que se retraia, apagando códigos de sua sequência, quando sentimos medo ou raiva; é mero detalhe material para uma transformação que já foi prometida há eras atrás, desde dimensões muito além das racionalmente conhecidas.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Eu vejo você

* Spoiler Alert = Se você ainda não assistiu o filme, esse texto pode estragar algumas surpresas!

Ok, tantos já comentaram, criticaram e resenharam e me pergunto o que mais teria eu a acrescentar ao tema! Estou falando de Avatar, o novo blockbuster do James Cameron... Li uma resenha do Globo que sintetiza perfeitamente tudo o que se pode dizer a respeito. Algo como: você sabe o fim da história desde o começo do filme e ainda assim é imperdível! É mesmo.

Anyway, eu ainda queria deixar registrado (nem que pelo menos pra mim mesma) as impressões que ficaram. Primeiro que assistir uma revolução tecnológica em 3D já foi o máximo! Uma pena que a sala Imax estivesse lotada. Minha última experiência em salas 3D durou 15 minutos, minha filha ficou apavorada com a "densidade visual" da Era do Gelo e quisporquequis ir embora, mal o filme começara. (Filhos!!!).

Mas de volta ao filme... é realmente um roteiro previsibilíssimo! Cheio de estereótipos e maniqueísmos que já cansamos de ver. Mas a imagem que o diretor conseguiu criar para transmitir a mensagem de que a conexão com a natureza é imprescindível à nossa existência é fascinante e tem sim o poder de cativar os corações embrutecidos (quero eu acreditar!). É como se ele tivesse reatualizado mitologias (as quais ninguém presta mais atenção hoje em dia), criando com elas imagens hi-tech inéditas. Trocando em miúdos, ele conseguiu transformar folclore em ficção científica.

Parece inédito, mas a história que ele conta é arquetípica. O povo que ele criou, os na'vi, tem características puramente elementais, seres intuitivos que não perderam a ligação com a natureza... que a respeitam acima de tudo e que inserem-se em seu movimento e atuam dentro de seus limites. Parecem ingênuos, selvagens e primitivos e portanto, o alvo perfeito do etnocentrismo violento, presunçoso e usurpador dos seres humanos. Mas são eles os verdadeiramente sábios, porque possuem a consciência de que a reciprocidade é que faz fluir a energia fundamental que movimenta todo o equilíbrio de Pandora. Achei perfeito eles serem azuis, e ao invés de associá-los aos Smurfs, lembrei das gravuras de mitologia indiana que usa o azul como tom de pele daqueles despertos e espiritualmente elevados.

Achei interessante o contraponto entre os cientistas e os militares: Aqueles que buscam respostas e a massa operacional acéfala que executa ordens sem questionar. Sendo assim, posso tentar palpitar sobre o porque de o protagonista ter sido escolhido por Ewya (a suprema deidade de Pandora). Talvez ele não estivesse totalmente enrijecido dentro de paradigmas racionais científicos (como o seu colega cientista, que no começo sente-se invejoso e injustiçado) mas tinha "subido de nível" porque se dispôs a vivenciar a realidade dos na'vi imerso em sua realidade, de dentro de seu avatar! Uma empatia que um militar jamais admitiria. Ele era o único da história cuja busca ainda não havia se solidificado numa imagem predefinida por ferramentas limitadas constituindo, portanto, um alvo inalcançável!

Em cada momento em que Pandora aparece na tela, ficamos deslumbrados. Não é um mundo árido e artificial como o das super-naves dos seres humanos. É vivo, é literalmente cheio de Luz e consequentemente, de cor... um mundo sinestésico e em HD. Nada está entorpecido, tudo se movimenta. A narrativa vai nos linkando a este mundo ideal, e quando a estúpida avidez militarista ousa destruir tudo podemos sentir o que significa o conceito de "pecado", sem qualquer resquício de hipocrisias católicas.

Quanto mais o herói vivencia a realidade à partir da perspectiva de seu avatar, mais real ela se torna... ou mais consciente ele se torna de um saber para o qual nenhum outro ser humano da história estava preparado (e ele abre o caminho para muitos deles). Pra mim o filme representa muito bem o conceito de ascese. Do mesmo modo como ele transforma folclore em ficção científica, ele transforma religião em ciência. Devolve a esse signo (tão banalizado) sua real profundidade. Escancara uma verdade que todos sabemos ainda que a maioria de nós a tenha escondido de si mesmo.

Não é por acaso que a cena final do filme é um closeup dos olhos do protagonista se abrindo. Ao sermos invadidos por olhos que se abrem imensos e nos perscrutam, e ao lembrar da reciprocidade que preenche a saudação na'vi "Eu vejo você", nos sentimos imediatamente impelidos a olhar para nossa própria alma e perguntar: estou desperto?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Words like violence...


Às vezes você se pega assistinho a um filme sem saber por quê até ouvir algo que faz sentido! Claro que há algo de muito tocante em histórias de crianças que resolvem intuitivamente mistérios e dilemas que adultos não conseguem resolver racionalmente! E há algo de tocante em filmes de crianças que amadurecem durante a Grande Depressão de 1929. A primeira dessas histórias que me emocionou foi aquele "O Inventor de Ilusões", quando o garotinho de 12 anos se vê obrigado a se tornar adulto depois da dissolução de sua família. Assisti quando ainda criança e as emoções que causou ainda permanecem muito vívidas... É o tipo da história que mostra que só se pode ganhar algo verdadeiro quando se perde outras coisas...

Daí esse fim de semana assisti a Kit Kittridge, uma garotinha que também amadurece no contexto da Crise da década de 30 e vê sua casa estilo "sonho americano", transformar-se em pensão, vê seu pai ir embora em busca de trabalho e a expressão no rosto de sua mãe tornar-se cada vez mais cansada... Enfim... Me lembrou o Inventor de Ilusões e talvez por isso fiquei assistindo, mas é cheio de mensagens válidas.

Há o personagem de um garotinho, abandonado pelo pai e que tenta consolar a amargura da mãe escrevendo-lhe cartas em nome desse pai ausente... Há um momento na história em que ele desabafa com Kit: "Eu odeio as palavras... porque você acredita nelas... mesmo quando não são verdadeiras".

Ah! Como essa única frase fez valer o filme todo! Me fez questionar as palavras que já ouvi e já pronunciei... Palavras são sempre promessas, e são sempre pontes. Então não se poderia dizer absolutamente nada quando não se quer realmente dizê-lo. Isto porque se toda a dinâmica ao nosso redor é móvel, flexível e mutável... quando se fala, você cristaliza imagens. E não há garantias de que o outro, o seu interlocutor, não ficará atado à essas imagens que suas palavras criaram. Por isso são promessas, e por isso há que se ter responsabilidade absoluta com o seu uso.

Depois do filme fui visitar uma amiga, e a caminho, no supermercado, comprei por absoluto impulso a "Bons Fluidos" desse mês. Lá dentro achei uma matéria sobre um lugarzinho lindo com cerejeiras na Inglaterra que é um retiro de meditação Vipassana, aquela que você passa dias e dias sem abrir a boca! Para absolutamente nada!!! Nada é mesmo por acaso, viu! E na visita, enquanto todas aquelas mulheres falavam sem parar sobre suas vidas, eu simplesmente tive vontade de ficar quieta!!! Foi estranho e incômodo...

Bom, estou contando tudo isso aqui porque achei válido compartilhar! Mas prometo usar o silêncio com mais abundância do que ficar tagarelando irresponsavelmente de agora em diante!!! O silêncio é de ouro e a linguagem é uma fonte de mal entendidos!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Move on


A citação aí em cima diz assim: "Você pode passar minutos, horas, dias, semanas ou até meses re-analisando uma situação, tentando juntar as peças, justificando o que podia ter sido, o que teria acontecido... ou pode largar as peças no chão e seguir em frente" (Mesmo que você não fale inglês vai perceber que ele xinga um palavrão, mas minha educação só permite que eu traduza assim mesmo! E olha como sou legal de me dar ao trabalho de traduzir as coisas para que vocês leitores não precisem usar o tradutor do google!)

Antes eu já coloquei o pensamento do Pessoa que fala sobre a travessia! Acho que significa que estou passando por algum processo assim né... de me modificar! Anyway, sempre acredito que estou... Bom, eu muitas vezes amaldiçôo minha tendência de super-analisar as coisas... de não deixar as malditas pecinhas pelo chão e simplesmente seguir em frente como se nada houvesse se passado! Deixar que o entendimento venha com o tempo, ou que não venha também... às vezes isso até deve ser bom.

Ainda é cedo para fazer o balanço do que aprendi nesse ano! Mas acho que vale a pena assim ,em pleno fevereiro, ter aprendido que quando o que a gente quer não acontece a gente invariavelmente ganha algo de que precisa. Por piores que sejam as situações com as quais nos defrontemos, elas são necessárias e úteis no caminho que escolhemos. É preciso só que confiemos na vida e no que ela traz. Hoje estou parecendo um livro de recortes, tem um monte de coisas que me motivam e dão novo fôlego e assim, suponho que possa ser motivador também para aqueles poucos que lêem as bobagens que escrevo.

É um provérbio sueco que diz: "Me ame quando eu menos merecer porque será quando eu mais vou precisar", que me lembra a Canção dos Homens da Tolba Phanem - a história da tribo africana que mostra aos nossos corações que somente o amor pode transformar o mundo.

É esse fotógrafo que captura o interior das ondas e faz lembrar que por mais doído que seja o baque da maré, é mesmo lindo poder presenciá-lo e saber deixar que ele te transforme. E vocês hão de lembrar dos versos do Eddie Vedder que me emocionam que dizem "Tidal waves don't beg forgiveness, crash upon their way"... Mesmo se as ondas partem-se sobre nós , impunemente, e estilhaçam nossos sonhos podemos entrever a beleza do Mistério que conta um pouco sobre quem somos, de onde viemos e para onde estamos indo. Acho maravilhosamente inspirador a consciência que adquirimos quando nos recuperamos desses tombos...

É uma historinha simples de pai e filha, sobre monstros que ensina que onde existe amor não há medo, só iluminação. Mil coisas que tenho hoje para dividir...

Às vezes buscamos respostas, quando tudo o que deveríamos querer era encontrar a paz. Aliás que mesmo que, muitas vezes, as perguntas sejam mais importantes que as respostas... talvez não seja hora de perguntar nada. Talvez seja hora de apenas seguir em frente, contemplando o horizonte mesmo que seja de dentro de uma onda que está se estatelando nas nossas costas... O que aprendi até aqui foi que é hora de viver de maneira simples, de nunca deixar de acreditar nos sonhos, de ser agradecido sempre, por tudo; de só ter amor para dar, e de nunca desperdiçar uma boa risada com rugas no meio da testa!

Não sei se é um post "poliana" demais! Auto-ajudista demais! Mas com certeza é um post para impulsionar quem queira, para além das pequenas besteiras que transformamos em questões fundamentais... É só ter coragem de deixar para lá!

Travessia

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Comida!



Estou preocupada, aterrorizada na verdade! Existe um Codex Alimentarius que entrou em vigor em 01 de janeiro de 2010... Ao que parece disfarça-se de preocupação com o bem-estar social mas não passa de uma conspiração macabra para que a Indústria Farmacêutica e as Grandes Corporações controlem o futuro dos alimentos.

Tem muito material pra ler e assistir bem aqui! E você pode saber melhor sobre o que é esse codex aqui.Eu não sei como vamos continuar a viver se começarmos a prestar atenção a toda teoria da conspiração que aparece... Será que abstrair poupa pelo menos o aparecimento de novos cabelos brancos?

Brincadeirinhas a parte, é claro que não! Mas mais do que nunca é preciso prestar atenção a tudo mesmo. Urge que questionemos a origem de tudo o que consumimos. Mas ainda assim continua o embrulho no estômago, porque é preciso saber em qual fonte confiar? Cada discurso está contaminado com as próprias ideologias...

Anyway, em linhas gerais o Codex estipula que (isso segundo seus opositores):

- Suplementos nutricionais, como vitaminas, por exemplo, não poderão mais ser vendidos para uso profilático ou curativo de doenças; potências de qualquer suplemento liberado, estarão limitadas a dosagens extremamente baixas, sub-dosagens, na verdade, e somente as empresas farmacêuticas terão autorização para produzir e vender esses produtos (preferencialmente na sua forma sintética) em potências mais altas - no caso da vitamina C, por exemplo, qualquer coisa acima de 200mg será considerada "alta", e será necessária uma receita médica para se poder comprá-la.

- Alimentos comuns, como o alho ou o hortelã, por exemplo, poderão ser classificados como drogas, que somente as empresas farmacêuticas poderão regulamentar e vender. Qualquer alimento ou bebida com qualquer possível efeito terapêutico poderá ser considerado uma droga.

- Alimentos geneticamente modificados não precisarão ser identificados como tal, e não saberemos a origem do que estamos comendo; a criação de animais geneticamente modificados também já consta dessa mesma pauta, ou seja, vai ser difícil saber que bicho se está comendo.

- Aditivos alimentares, a maioria sintéticos, como o aspartame, por exemplo, serão aprovados para consumo sem que se tenha conhecimento dos efeitos a longo prazo de cada um nem das interações entre eles a curto e longo prazos.

- Todos os animais destinados ao consumo humano, deverão receber hormônios e antibióticos como medida profilática; sabe aquele "gado orgânico", criado solto em pastagens e tratado só com homeopatia?... nunca mais!

- Todos os alimentos de origem vegetal deverão ser irradiados antes de serem liberados para consumo: frutas, verduras, legumes, nozes... nada mais chegará à nossa mesa como a natureza fez - tem gente brincando de Deus, mas desta vez não para criar, e sim para DEScriar.

- Os produtos "orgânicos" estarão completamente descaracterizados, pois terão seu padrão de pureza reduzido a níveis passíveis de atender às necessidades de produção em grande escala; alguns aditivos químicos e várias formas de processamento serão permitidos; tampouco haverá obrigatoriedade por parte do produtor de informar que produtos usou e em que quantidades - rótulos não serão obrigatórios na era pós-Codex.

- Para a agricultura convencional, os níveis residuais aceitáveis de pesticidas e herbicidas estarão liberados em níveis que ultrapassam em muito os atuais limites de segurança! Em outras palavras, estarão envenenando nossa comida.

Em síntese: os objetivos do Codex incluem (1) globalização das normas, (2) abolição da agricultura/criação orgânica, (3) introdução de alimentos geneticamente modificados, (4) remoção da necessidade de rótulos explicativos de qualquer espécie, (5) restrição de todos os remédios naturais, que serão classificados como drogas.


Medo!!!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Making sense

Um dos momentos mais significativos na vida de um homem é quando ele sente que se esgotaram as ambições e está simplesmente esperando, sem saber o quê. Esse é o momento em que a iluminação está mais próxima.


A iluminação não é uma meta. Não está lá, longe, para você alcançá-la. Você não pode fazer da iluminação uma ambição: essa é a maneira mais correta de perdê-la. A iluminação acontece nesse vazio, quando todas as suas ambições terminaram. Você não sabe o que fazer, aonde ir.


Nesse silêncio — porque não há um tumulto de desejos, nenhum desejo ardente de ambição — a iluminação acontece por conta própria. É um subproduto, não uma meta.


E é por isso que você está se sentindo triste, insatisfeito: muito embora todas as ambições tenham terminado... Por que uma pessoa deveria se sentir insatisfeita? Deve existir algo na vida que não seja parte da mente ambiciosa, sem a qual uma pessoa não pode se sentir satisfeita.


Você pode realizar todos os seus desejos, todas as suas ambições, e ainda assim se sentirá insatisfeito. Na verdade, você se sentirá mais insatisfeito do que aqueles que ainda estão correndo atrás de desejos, porque pelo menos para eles existe uma esperança de que amanhã eles alcançarão a meta.


Hoje pode parecer vazio, mas a ilusão, a alucinação do amanhã mantêm o hoje, de certa forma, escondido para eles. Mas agora, para você, não há nada que possa esconder sua realidade: você está insatisfeito.


Portanto, uma coisa fundamental está muito clara: mesmo que todas as ambições sejam satisfeitas, o homem não está satisfeito. Existe algo que não é uma ambição, e, a não ser que você o alcance — e não é um empreendimento —, a não ser que ele aconteça a você, a insatisfação o deixará triste.


Essa situação acontece a todas as pessoas afortunadas; quanto ao mais, todos estão correndo atrás de seus desejos, e existem tantas coisas a fazer na vida. Não há tempo para se sentir insatisfeito, não há tempo para sentir tristeza. A esperança no amanhã dissipa toda a tristeza.


Mas agora você não tem nenhuma esperança no amanhã. Somente o hoje está com você, e é bom que você esteja esperando, sem saber o quê. Se você está esperando intencionalmente por algo, isso é desejo, então a mente estará lhe pregando uma peça.


Se você está simplesmente esperando, terá chegado ao fim da estrada. Não há mais nenhum lugar para ir; o que você pode fazer exceto esperar? Mas esperar pelo quê?


Se você pudesse responder "estou esperando por isso ou por aquilo", perderá a iluminação. Então sua espera não é pura. Não é uma simples espera. Se você puder ter certeza de que é uma espera pura, não dirigida a nada, a nenhum objeto, estará na situação correta, na qual a iluminação acontece.


Portanto, você está em um belo estado, inconsciente dele, por causa da pura espera e tristeza... A pessoa não pode ver o que existe de belo nisso. Somente os despertos podem perceber o que há de belo nisso.


Essa é a situação na qual você desperta, como um subproduto. De outro modo a vida permanece um sono espiritual. Todos os desejos e ambições não são nada além de sonhos desse sono.


Uma tristeza, uma profunda insatisfação, em geral não parece algo muito glorioso, não é algo de que se orgulhar; mas eu lhe digo que isso é algo de que você pode se orgulhar. Apenas permaneça na sua tristeza. Não tente transformar isso em outra coisa.


Permaneça na sua espera — não tente dar a ela um objeto. A pura espera atrai a derradeira experiência que chamamos de iluminação. A pessoa não deve buscar a iluminação como uma meta. A iluminação vem a você quando você está maduro, e esse é um tipo de amadurecimento necessário.


No Ocidente isso está acontecendo com muitas pessoas, mas elas não sabem. Estão tristes, em profunda angústia; estão se afogando no álcool, nas drogas, em perversões sexuais; estão tentando esquecer a tristeza com todo tipo de coisas. Estão tentando, de alguma maneira, transformar sua espera em objeto.


Alguns tornam-se religiosos e começam a esperar por Deus. Alguns começam a filosofar que a vida não tem sentido, que a vida não é nada além de angústia, que dá náusea.


E a beleza é que Jean-Paul Sartre, que dizia continuamente que "a vida é sem sentido, apenas ansiedade, angústia, náusea" — também escreveu um livro chamado A Náusea —, viveu muito tempo. Então para que viver se a vida é apenas náusea, para que escrever um livro sobre isso? Se a vida é sem sentido, para que questionar isso? Para conseguir um Prêmio Nobel?


O que estou dizendo é totalmente diferente do que está acontecendo no Ocidente. O que estou dizendo é o que tem acontecido no Oriente nos últimos dez mil anos: quando o homem chega ao ponto em que todas as ambições são inúteis, é porque ele as viveu e descobriu que não valem a pena; ele alcançou a meta que queria e descobriu, então, que não havia nada a ser descoberto, que foi apenas uma alucinação, um oásis que parecia real à distância, mas que, à medida que se aproximou, desapareceu, restando somente o deserto.


O Oriente tem usado isso de diferentes maneiras. Nem um único filósofo pregou o suicídio. Nem um único homem nesse estado ficou maluco ou se voltou para as drogas. Mas durante séculos tem sido aceito que esse é o momento de maior potencial da vida.


Se você puder apenas esperar, sem esperar por nada; apenas esperar, pura espera... deixe a tristeza estar lá, deixe a insatisfação estar lá, elas não podem impedir sua iluminação. Somente uma coisa pode deter sua iluminação: se você fizer da sua iluminação um objeto.


Se a espera for pura, a iluminação acontecerá, e com o seu acontecimento existe a satisfação, grande regozijo, e a vida vem a florescer. É por isso que eu digo que esse é um momento tremendamente belo. Não o perca.

Osho, em "Dinheiro, Trabalho, Espiritualidade” (achei aqui)