quinta-feira, 13 de agosto de 2009

No meu tempo...


Por que tendemos a deixar oportunidades e possibilidades de realização em um tempo que não podemos recuperar? Certamente naquela época de outrora também nos dedicávamos com afinco ao outro tempo que então não podíamos alcançar.

Por que fugimos do confronto com o tempo presente? Por que nos sentimos seguros onde não estamos e nem nos podemos encontrar? Eu sempre fico com uma frase de uma música, adivinhem só, do Eddie Vedder na cabeça... Ela diz : "Tidal waves don't beg forgiveness, crashed and on their way. Father he enjoyed collisions; others walked away" (Ondas de maré não imploram perdão, quebram-se ao longo do caminho. Meu pai apreciava os confrontos, outros iam embora) Fico lembrando disso para não esquecer de que confrontos também são importantes e cruciais na vida da gente. Talvez se não aprendemos a vivência-los quando saímos da adolescência para a idade adulta também não iremos conseguir fazê-lo ao passar de adultos para velhos... E confrontar pode tanto significar romper com antigos padrões ou reconciliar-se com eles. Se não confrontamos o nós que somos com o aquele que seremos, corremos o risco de nos atar a estereótipos... e de perder a oportunidade de decidir quem queremos ser. Perdemos a oportunidade de ser aquilo que acreditamos e aí deixamos uma melancolia nos invadir até que nos acostumemos com ela e ela se tornar parte de quem somos. Deixamos ela se tornar um álibi que justifica o fato de termos desistido da escolha!

Se não entendemos que o tempo presente é o único "lugar" que podemos estar e atuar iremos sempre querer voltar a ele ou alcançá-lo onde ele nunca vai estar... Eu ainda poderia fazer mil referências ao tema e contrastar as várias vertentes desta problemática... mas acho que cada um pode fazer isso por si e descobrir que tipo de velho a pessoa que você é, será ou quer ser!

A única refência a mais que faço, e assim mesmo só para nutrir um pouco de poesia é esta letra do David Gilmour do Pink Floyd, que fala das coisas que a gente ganha e perde na vida e faz muitas referências ao mundo mágico da infância e do "sino" que divide uma fase e outra! Eu adoro como no clipe da música, todos os objetos que se referem ao passado são exageradamente aumentados... É como aquela sensação de voltar em uma construção da infância e pensar: Mas parecia ser tão maior!!!

*Trechos traduzidos: Além do horizonte do lugar em que vivíamos quando éramos jovens, num mundo de fascínio e milagres, nossos pensamentos vagavam constantemente, sem fronteira... O tinir do sino da cisão tinha começado! Seguindo a longa Estrada e descendo a Escarpa, eles se encontram sim, perto da Fenda... Havia bandagens maltrapilhas que seguiam nossos passos, fugindo antes que o tempo levasse embora nossos sonhos... deixando que a míriade de minúsculas criaturas nos atassem ao chão, a uma vida consumida por lenta decadência... A grama era mais verde. A luz era mais brilhante. O gosto mais doce. A névoa do entardecer brilhava. Os amigos ao redor em uma noite de maravilhas... Fatigados para sempre pelo desejo e a ambição. Há uma fome que ainda não foi satisfeita. Nossos olhos cansados ainda perscrutam o horizonte. Obstinados na direção desta estrada que percorremos tantas vezes...

Um comentário:

  1. Tudo seria muito mais produtivo se apenas usassemos o tempo a nosso favor. Se aproveitassemos a flexibilidade adquirida durante nosso viver trabalhando nossa visão em 360 graus. Mas cada um só é capaz de utilizar o campo de visão dentro do ângulo que conseguiu desemvolver melhor. Resta-nos ampliar este campo enquanto podemos.

    ResponderExcluir