domingo, 27 de julho de 2008

Into the wild, man


Bom... não é bem mais uma novidade do cinema, mas como não compactuo com essa cultura do imediatamente descartável, gostaria de registrar aqui minhas impressões sobre a biografia aterradora desse cara que, muito antes do Tyler Durden, rompeu com todos os vícios da sociedade de consumo e rumou para o Alasca sem grana, sem carro e sem nada além de um obsessivo anseio por reencontrar a si mesmo na natureza selvagem.

Christopher McCandless, prole da típica família-anúncio do american way of life, acabara de terminar a faculdade (o que enchera seus pais de orgulho... de si mesmos?!) e justo quando estava pronto para participar da dinâmica materialista do jogo social... (pausa de suspense)... ele virou as costas, desfez-se de suas economias, picotou cartões de crédito, abandonou seu carro e munido de livros sobre a flora local e clássicos de Tolstoi, Thoreau e Jack London; perambulou pelo território americano (até chegar ao Alasca) colecionando ensinamentos e encontros com pessoas cujas vidas transformaram-se irreversivelmente depois de verem-se refletidas na trajetória obstinada do supertramp.

Não vou estragar a surpresa de quem ainda não assistiu (e se você faz parte deles, leia só mais esse parágrafo), mas negar o materialismo da sociedade em que viveu e aceitar que a verdadeira essência do ser reside na natureza, e não em toda parafernália que criamos para evitar o confronto com nosso self original selvagem foi um ato de extrema coragem e desapego para um cara de 22 anos que tinha tudo pra ser mais um boyzinho dos anos 90.

Se você já assistiu não vai se surpreender com o fato de que ele morre no final... completamente solitário e fragilizado pelas vivências extremas que sofreu na tundra. É um final tocante e imagino que conseguiu arrancar lágrimas até do mais frio coração... Espero que sim, porque chorar no fim é um ritual ancestral que deixa registrado na alma de cada um a sabedoria de descobrir que a felicidade só faz sentido quando é compartilhada. E que compartilhar é um gesto de empatia, consideração e amor.

Acredito que se reintegrar à sociedade, tal qual ela se configura, seria impossivelmente frustrante (na falta de uma expressão mais contundente) para McCandless. Não há outro final para ele, senão morrer.

Não há caminho de volta quando se depara com o limiar da Verdade.

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