terça-feira, 19 de janeiro de 2010

For landing I've been cleared


"Assim, Raquel, não se aflija. A vida é uma ciranda com muitos começos."

Finalmente assisti àquele filme Closer, tão comentado e não sabia por quê! Não achei nada de mais inclusive, e não fosse o fato de hoje eu estar meio do avesso, talvez nem o mencionasse... Anyway, o que vale a pena comentar sobre esse filme é que agora entendo porque tornou-se tão popular. A sinceridade das personagens é realmente cativante!!! Faz parecer que agem corretamente! Afinal ser sincero é uma virtude. Mas em todo o filme eles conseguem ser sinceros apenas a respeito de suas infidelidades. Não são sinceros sobre o amor que não sentem, e criam um emaranhado absurdo de fios turvos ligando o quarteto protagonista...

E o único objetivo das ligações que mantinham era o sexo. Outro ponto na audiência. Bom, tudo isso é só pra tentar resgatar um pouco do que poderia ser uma união sadia, que fizesse o casal crescer juntos... e é lógico que estou falando de uma perspectiva espiritual! É óbvio que como fazemos na maioria dos casos, procuramos permanecer dentro da nossa zona de conforto. Tudo o que nos remeta ao mais ínfimo sentimento de desconforto, descartamos. Somos especialistas em criar o álibi perfeito para justificar a permanência em nossas bolhas, tão comodamente, sendo carregados pela inércia. Acho que assim também acontece com as interações e uniões humanas. Aliás que hoje, nossa sociedade individualista prega o tempo todo o quanto é mais vantajoso ficarmos a sós. Mesmo que vamos sentir solidão... pelo menos estamos protegidos. O máximo que fazemos no sentido de nos relacionar fica no campo da distração, de chats da internet e plataformas bem distantes da vida real... Aliás, que o filme mostra bem essa faceta da atualidade.

Mas qual a dinâmica disso na realidade? Eu fico pensando que uma vez que somos criaturas em desenvolvimento, querendo se auto-educar para atingir a plena consciência, já não é fácil conviver consigo mesmo... imagina com as outras pessoas, e em um casamento, imagina tão perto de outra pessoa! Talvez por isso o nome do filme seja "Perto demais"... O problema é que só serve pra dizer que perto demais somos fracos e ainda heróis por sermos sinceros a respeito de nossas fraquezas. Se as assumimos bravamente, então estamos absolvidos. Mas isso é uma ilusão. Porque não faz com que sejamos melhores, apenas faz com que seja confortável continuar convivendo com nossos erros.

Mas pra não terminar nessa deprê, tem uma coisa que me conforta. É da dissertação "O Matrimônio", do segundo volume do livro "Na Luz da Verdade", de Abdruschin. Lá ele fala que todo matrimônio sadio precisa de trabalho em comum e objetivos elevados da mesma forma que o corpo precisa de movimento e ar fresco. Quem desejar construir vida em comum fundamentando-se na comodidade e total despreocupação só poderá colher um estado doentio com todos os efeitos colaterais.

Às vezes, e mesmo que não estejamos preparados para viver a realidade das coisas, é preciso que a gente baixe o escudo e apenas confie, aceitando o que surge (mesmo se for doído) com alegria no coração, com genuíno agradecimento. Porque nada pode ser sempre cor de rosa por aqui, e em muitos casos somente sofrimentos advindos de confrontos (aqueles os quais nos esforçamos tanto para que não nos alcancem) podem nos mostrar a Verdade. Basta que estejamos com os olhos bem abertos!

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