terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Anseio



Já falei sobre esperançar há alguns posts atrás! Pois é, esperança também é verbo, o que indica ação. À parte o momento professor Pasquale, quando esperamos que algo aconteça é inevitável sentir certa ansiedade... Mas temos que saber a diferença entre ansiedade que vem de ânsia e a que vem de anseio!

Ansiedade de ânsia é algo que quer nos consumir, ou que ficamos desesperados para consumir e assim logo se acabar. Aliás que "desesperar" já significa "não esperar". Se não sabemos esperar não poderemos viver aquilo que esperamos, pois estaremos inevitavelmente colocando aquele momento que nos causa ansiedade em algum espaço que não lhe pertence! Tudo tem seu tempo certo para acontecer, e é apenas lastimável que no atual contexto da humanidade essa sabedoria esteja se perdendo a cada dia, para dar lugar ao que podemos chamar de viver até a exaustão. Aquele ritmo mecânico em que muitos vivem (do filminho aí de cima), consumindo e sendo consumidos por sensações ou emoções que acham válido que se repita ad infinitum... mesmo que não faça nenhum sentido! E prazer por prazer é mera fuga. E longe de mim julgar as pessoas, mas acho que isso é o mesmo que se alimentar de sombras.

Ansiedade de anseio, é coisa muito diferente! É primeiro esperançar... (que relembrando, é construir, é acreditar, é levar adiante...) E aí você não se surpreende que dessa esperança tudo o que tem sintonia correspondente, se aproxime de você. E nem se surpreende que os eventos vão sucedendo-se de forma tão harmoniosa que cada momento esteja perfeitamente encaixado no tempo a que pertence. E você passa a, naturalmente, confiar tanto que o futuro que anseia é, de fato, real; que a ansiedade não é mais uma sensação de consumir. É apenas uma cóceguinha até gostosa na barriga, de bem estar, porque tudo está encaixado e só falta esperar mais um pouquinho para que o tempo e o espaço encontrem a junção perfeita! Esperar não, esperançar... continuar cultivando! Porque só mesmo assim para as coisas que queremos acontecerem. E só assim para saber que são esses os momentos pelos quais se vale a pena viver, afinal os construímos dentro de nós! São nossos.

É essencial saber que só quando agimos desse modo é que podemos sentir que tudo o que nos acontece, de fato, nos pertence. Então nunca mais poderemos reclamar do nosso contexto ou das nossas contingências, saberemos que fomos e somos responsáveis por elas! Quem gosta do Rilke sabe que “É preciso que nada de estranho nos possa advir, senão o que nos pertence desde há muito.” Falar mais, para quê?!

Um comentário:

  1. Achei a explicação "perfeita" para o que eu procurava. Amaria muito fazer parte deste blog, ou de receber alguns emails de incentivo espiritual e psicológico. Valeu mesmo... sidneyacamargo@gmail.com

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