sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Porque eu estou indo para onde eu vou


Dia desses recebi um email contendo antigas profecias maias sobre o fim do mundo em um texto cheio de imagens atemorizantes e purificadoras.

Dia desses fiquei pasmada assistindo uma edição do Lavanderia da MTV em que uma garota repleta de tatoos e modificações corporais extravasava todo seu desprezo pelos seres humanos comuns (leia-se não tatuados e não modificados) ao mesmo tempo em que quase implorava por sua aprovação.

Dia desses li um capítulo de uma simplicidade contundente num livro da década de 90 em que um pai escreve cartas a seu filho sobre vários aspectos da vida masculina que necessitavam reflexão e cuidado no processo de aquele filho tornar-se um homem. Era uma carta sobre espiritualidade.

As profecias maias alertavam para um tempo onde sanções e códigos sociais deixariam de existir e o que pareceria permissividade em excesso ia determinar o modo de cada um julgar a si mesmo e equilibrar seus valores com seu próprio comportamento.

O barraco do programa de televisão soa como um paradoxo se o confrontamos com essa profecia.
A menina escolheu tatuar cada centímetro que tatuou e escolheu mutilar cada centímetro que transformou do próprio corpo. Cobrar a aprovação unânime do restante da sociedade não parece fazer muito sentido. Quem estava lá opinando contra ou a favor também não fazia muito sentido. Porque a real discussão não era acerca de arte corporal, cultura pop ou enquadrar pessoas dentro de paradigmas como descolados e caretas. No fundo, era uma discussão sobre valores arraigados nos espíritos de cada um.

O que leva ao terceiro item da proposição: a lição de espiritualidade que o pai ensina ao filho não era um dogma para que o filho seguisse determinada religião e nem era um código moral que ele desejava ver o filho respeitar. É mais profundo que isso. O autor assume que o cerne de cada religião está ligado à verdade e que cada uma funciona como um instrumento de uma grande orquestra. Cada pessoa toca o instrumento que melhor se encaixa ao seu espírito... O importante era o filho saber que cada religião era um caminho que conduzia ao mar. E que a escolha sobre que caminho seguir era muito pessoal. E que mesmo que nenhum instrumento o tocasse, ele desbravaria seu próprio caminho se acreditasse que o mar estava além. Ele alertou o filho de que também havia quem não escolhia caminho nenhum. Essas pessoas eram como sapos que viviam dentro de poços e que não acreditavam que havia mar.

A poesia da metáfora contida nesse capítulo, o absurdo do paradoxo apresentado no dilema da freakgirl e a atualidade de um dos aspectos de uma profecia da civilização há tempos extinta, surpreendentemente, mostram a mesma coisa. Viver de acordo com a verdade significa encontrar a verdade dentro de si mesmo. E só aí. Significa se comprometer com o caminho que escolhemos e nos sentir felizes e plenos com nossas escolhas, mesmo que não exista parâmetros sociais ou históricos para os pesarmos. O fiel dessa balança só pode ser encontrado no íntimo de cada um.

Nenhum comentário:

Postar um comentário