segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Words like violence...


Às vezes você se pega assistinho a um filme sem saber por quê até ouvir algo que faz sentido! Claro que há algo de muito tocante em histórias de crianças que resolvem intuitivamente mistérios e dilemas que adultos não conseguem resolver racionalmente! E há algo de tocante em filmes de crianças que amadurecem durante a Grande Depressão de 1929. A primeira dessas histórias que me emocionou foi aquele "O Inventor de Ilusões", quando o garotinho de 12 anos se vê obrigado a se tornar adulto depois da dissolução de sua família. Assisti quando ainda criança e as emoções que causou ainda permanecem muito vívidas... É o tipo da história que mostra que só se pode ganhar algo verdadeiro quando se perde outras coisas...

Daí esse fim de semana assisti a Kit Kittridge, uma garotinha que também amadurece no contexto da Crise da década de 30 e vê sua casa estilo "sonho americano", transformar-se em pensão, vê seu pai ir embora em busca de trabalho e a expressão no rosto de sua mãe tornar-se cada vez mais cansada... Enfim... Me lembrou o Inventor de Ilusões e talvez por isso fiquei assistindo, mas é cheio de mensagens válidas.

Há o personagem de um garotinho, abandonado pelo pai e que tenta consolar a amargura da mãe escrevendo-lhe cartas em nome desse pai ausente... Há um momento na história em que ele desabafa com Kit: "Eu odeio as palavras... porque você acredita nelas... mesmo quando não são verdadeiras".

Ah! Como essa única frase fez valer o filme todo! Me fez questionar as palavras que já ouvi e já pronunciei... Palavras são sempre promessas, e são sempre pontes. Então não se poderia dizer absolutamente nada quando não se quer realmente dizê-lo. Isto porque se toda a dinâmica ao nosso redor é móvel, flexível e mutável... quando se fala, você cristaliza imagens. E não há garantias de que o outro, o seu interlocutor, não ficará atado à essas imagens que suas palavras criaram. Por isso são promessas, e por isso há que se ter responsabilidade absoluta com o seu uso.

Depois do filme fui visitar uma amiga, e a caminho, no supermercado, comprei por absoluto impulso a "Bons Fluidos" desse mês. Lá dentro achei uma matéria sobre um lugarzinho lindo com cerejeiras na Inglaterra que é um retiro de meditação Vipassana, aquela que você passa dias e dias sem abrir a boca! Para absolutamente nada!!! Nada é mesmo por acaso, viu! E na visita, enquanto todas aquelas mulheres falavam sem parar sobre suas vidas, eu simplesmente tive vontade de ficar quieta!!! Foi estranho e incômodo...

Bom, estou contando tudo isso aqui porque achei válido compartilhar! Mas prometo usar o silêncio com mais abundância do que ficar tagarelando irresponsavelmente de agora em diante!!! O silêncio é de ouro e a linguagem é uma fonte de mal entendidos!

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