sexta-feira, 1 de julho de 2011

Safran Foer no Embu

foto montagem

Por alguma dessas sincronicidades da vida, descobri (mas foi lançado em 2010) que o Jonathan Safran Foer escreveu um livro sobre a escolha entre ser carnívoro ou vegetariano. O autor, festejado pelo seu romance inicial - Everything is iluminated - desta vez não escreveu uma ficção. Li o primeiro capítulo de 'Comer animais' e fiquei surpreendida com o estilo do autor ao tratar o assunto! Este tipo de tema transforma-se com tanta facilidade num dogma que faz com que as pessoas logo se posicionem e ressintam-se ou abandonem o assunto. Mas Foer trata a questão com uma carga tão honesta e pessoal, expondo suas próprias idiossincrasias de forma tão transparente, que consegue transformar a obra numa pesquisa pra lá de cativante!

Anyway, este post não é sobre vegetarianismo, veganismo, nem literatura! A sincronicidade que mencionei deve-se ao fato de que logo depois e sem conexão aparente, comecei a me envolver numa causa que tem me deixado indignada, preocupada, apavorada e pensativa. Embu das Artes é um desses lugares mágicos que a gente guarda com carinho junto com as mais doces memórias da infância, mas como numa distopia perversa tem de assistir que seja ameaçado de forma vil pelos interesses excusos do capitalismo. Ok! Essa frase ficou meio romântica demais. Mas de tanto o capitalismo querer adequar o meio ambiente aos seus interesses, daqui a pouco não tem mais nada... nem capitalismo. Se é que isso comove algum capitalista.

Bom... não quero ser panfletária! Quero me inspirar no Foer... que, depois do nascimento do filho, decidiu pesquisar por si mesmo de onde vem a carne que come e ficou horrorizado com a crueldade desta indústria. Acho que é consensual que ficamos horrorizados quando começamos a nos aprofundar nestas questões. Hoje ninguém se aprofunda muito em nada, então ninguem fica horrorizado e, sem horror nada pode ser modificado (infelizmente este horror é necessário quando a sociedade encontra-se tão embotada e apática como estamos)

São causas demais e tão pouco tempo! Não coma carne, não use pele de animais, coma comida orgânica, diga não às queimadas da amazônia, proteja as tartarugas, salve as baleias... as nobres e as nem tão nobres: plante sua fazenda sem sair do computador, administre um café sem sair do computador, assista as goleadas do último campeonato, compre bolsas, sapatos e um carro novo (sem sair do computador)... Estou sendo panfletária de novo, né?!

Só que a base de todas as nossas ilusões consumistas: nosso chão, ar e água estão no limite e sem eles nem nossas mais delirantes alucinações persistiriam... A causa verdadeiramente nobre mais próxima a mim no momento é a luta pela Area de Preservação Ambiental Embu Verde. Uma região preservada que abriga aves, animais e plantas raras. Riquezas naturais sem preço que podem desaparecer pra dar lugar a mais indústrias... E eu me pergunto (e por que não ninguém mais?): será que precisamos de mais indústrias (ou pelo menos que sejam construídas em áreas preservadas)? Será que vamos continuar a construir um mundo horroroso em cima do mundo que precisamos pra viver? Eu espero que não.

Espero que sejamos capazes de olhar o mundo e ver o que realmente interessa. Espero que sejamos capazes de nos aprofundar, horrorizar e lutar. Será que só por hoje eu sou capaz de parar qualquer coisa inútil que eu esteja fazendo pra unir minhas forças às de quem tem uma causa nobre?! ... Fazer dela minha causa também?! E você? É capaz?!

Este blog não tem a audiência necessária pra transformar o assunto numa manchete nacional! É uma gota de um riacho que oxalá, transforme-se num oceano. Se quiser saber mais e se engajar, acesse:

4 comentários:

  1. Olá
    Obrigado pelo trecho do livro.
    Você viu a última frase do capítulo, "Se nada importa, não há nada a salvar".
    Se você se importa, não importa com o que, então é porque ainda há algo a salvar, certo? E enquanto houver pessoas como você, não interessa o alcance do blog, o que importa é que existe um ser humano que se importa. Fique firme aí com seu blog! Abraço

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  2. Oi Luis! Eu agradeço pelo encorajamento. O pessoal de Embu está tentando chamar a atenção da grande mídia para o assunto. Há claros indícios de que a população está sendo manipulada na alteração do plano diretor da cidade! Tem bastante gente lá que se importa e precisa ser ouvida, então minha última frase no post é um desejo forte pra isso! Quero que não só a esta questão, mas a tantas outras tão essenciais,seja dado o devido espaço e atençao!

    Enfim, a frase da avó do Foer é mesmo dessas pra gente não esquecer nunca! Eu agradeço por ter destacado ela no seu comentário! Abraço.

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  3. Oi

    Por curiosidade acabei comprando o livro do Foer pra ler, muito bom, valeu a dica. Tem mais algum pra indicar, rsrs

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  4. Que bacana Luis! :) Então... que coincidência você me perguntar se tenho mais algum pra indicar! Hoje mesmo, por acaso eu achei um de mesmo tema que fiquei com vontade de ler. Parece bom! Chama-se 'A Vida dos Animais' de J.M.Coetzee http://veja.abril.com.br/290502/p_133.html . Abs!

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