sexta-feira, 4 de setembro de 2009

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Às vezes acontece de você procurar a Verdade pela vida toda e de repente ela te acertar assim, bem no meio da cara, em algum lugar entre os jardins e o paraíso... Ali, no meio das batatas rústicas, onde você descobre que tudo o que faz está, no mínimo, equivocado!!! Não esperem que eu entre em detalhes... mas é óbvio que este não é um fenômeno exclusivo e, para percebê-lo , basta estar aberto e alerta.

Concordo que deve parecer uma conversa meio louca e você, leitor, talvez esteja deslocado... mas esses dias me peguei pensando: por que raios a gente defende ideais que não põe em prática? por que constantemente arranjamos álibis pra justificar nossas faltas e fraquezas? por que nos aprisionamos em padrões e estereótipos que já sabemos que não dão em nada mas que continuamos repetindo?

Tá legal, parece bem o post em que falei sobre a Dorothea Brande e seu texto incrível sobre a Vontade de Falhar... mas acho que ali todo esse conceito ainda estava um pouco genérico e nem tão interiorizado assim. Enfim, eu terminei aquele texto falando do propósito da descoberta, mas a grande verdade é que, na maioria dos casos, não queremos descobrir nada. Queremos viver com o que sabemos ou o com o que achamos que sabemos. Basta constatar um fracasso em qualquer vivência e pronto: travamos. Nos programamos para achar que sempre será do mesmo jeito (e mesmo que não for, nos esforçaremos ao máximo para fazer com que seja)... Nunca mais tentamos aquele caminho, aconselhamos os outros a não tentarem... criamos o caos!

Isso me lembra aquela história do Mochileiro das Galáxias, cujo conceito poderia ser resumido assim: nos esforçamos tanto para encontrar a resposta que nos esquecemos de fazer as perguntas, e sem as perguntas certas as respostas jamais fazem sentido!

Parêntese à parte, se experimentamos o fracasso mais de uma vez, aí estagnamos... Criamos uma realidade inteira baseada na fatalidade do fracasso. Faça assim , dará errado. Faça assado, dará errado também. Desculpe, amigo... mas acho que você jamais vai ser bem sucedido... Como poderia depois de fracassar tão horrendamente?! Você merece estar na pior! Claro que merece!!! E nos condenamos a uma existência tão limitada quanto árida, abdicando de experimentar qualquer coisa que seja somente pelo medo de fracassar. Não! Pela certeza de que fracassaremos! E como seria magnífico se aprendêssemos a nos concentrar mais em buscar perguntas do que em nos resfetalar no conforto mórbido das certezas...

Chame de círculo vicioso, chame de zona de conforto. Whatever! Dá no mesmo... mas como quebramos o ciclo? Quando, de fato, nos enchemos de coragem e dizemos: basta? O que é preciso para que paremos de ser constantemente chacoalhados pela Verdade e então possamos seguir em frente? É óbvio que a simples constatação não basta! Dizemos ok, estou errado but whatthehack!

A grande dica é: Mude você que o resto ao redor também muda. E é fácil dizer, claro! que genial!!! é tão fácil mudar a si mesmo... é óbvio! É o único elemento sobre o qual temos pleno controle... E aí tentamos nos modificar, e fracassamos, e poderia copiar e colar todo o texto a partir do 3º parágrafo para enfatizar a idéia de círculo vicioso, mas você já pegou o espírito da coisa, não é leitor esperto?!

Por que é tão difícil? E como podemos ter êxito?

Não espere pela resposta leitor! Eu mesma a estou procurando, ou pelo menos, tentando me lembrar de procurar... mas, caso a encontre... me avise!

7 comentários:

  1. Erica gostei muito de seu blog.
    Em relação ao seu texto acima, considerando que o texto passa a impressão de que você persegue verdades ou mentiras absolutas, gostaria de dizer que não acredito neste paradoxo verdade/mentira, tipo bem/mal. Também não creio que a verdade poderá te acertar a qualquer momento, pois "Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas".
    No entanto, concordo com você no sentido de que temos que questionar os caminhos que nos são impostos. Temos que refletir sobre nos status quo para não ficarmos estagnados em uma zona de conforto provinda da fatalidade do fracasso.
    A verdade deve ser perquirida e, inclusive, questionada, mesmo sabendo que não há uma certeza absoluta, pois o mais importante é essa busca incansável e não a descoberta da resposta.
    Estamos em um labirinto Érica, sabemos que há vários caminhos a ser seguidos e apenas uma saída. Talvez tenhamos que passar por todos os caminhos, questionar qual é o certo ou qual é o errado é o que nos cabe, pois o que o labirinto ensina não é onde está a saída, mas quais são os caminhos que não levam a lugar algum. (Bobbio)

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  2. Oi Mansur! Obrigada por comentar e gostar do blog!!! Seu comentário é muito interessante... em primeiro lugar eu não diria que persigo verdades ou mentiras absolutas! Acho que combina mais comigo dizer que busco a verdade das coisas... e até arrisco dizer que é essa busca que se transfigura em verdade e é lógico que é muito individual, visto eu ser limitada em meu modo de ver, dada minha condição humana, mas só pq não posso "vê-la" em sua totalidade isso não significa que não exista. Eu entendo vc não crer no absolutismo desse conceito pq nós, pessoas do século XXI, somos pós-modernos (até que algum outro pensador nos dê outro rótulo). E a principal característica do pós-modernismo é decompor os Grandes Relatos, substituir verdades absolutas por outras mutantes e variáveis (observe como a política faz bom uso disso). Piadas a parte, é puro reflexo da fragmentação do individuo decorrente do Capitalismo (só pra resumir, pq na verdade aí tem toda uma cadeia de processos que provoca essa fragmentação).

    Quando você diz que concorda comigo sobre questionar os caminhos que nos são impostos, acho que devo ter me expressado mal. Devemos questionar os caminhos que ESCOLHEMOS. Precisamos constantemente nos perguntar de novo o que estamos construindo. Não acredito que caminhos nos sejam impostos! Não é a verdade que devemos questionar, mas sim os caminhos que nos guiam até lá. Só que a impressão que tenho é que a humanidade inteira passou milênios obcecada em defender pontos de vista que cada cultura, nação ou individuo defende como sua própria verdade. E isso só nos distancia da saída desse labirinto que você citou. Quem sabe a saída desse labirinto nos conduza a outro labirinto. Mas para mim isso só comprovaria o quão longe ainda estávamos.

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  3. Nós seres humanos nos contentamos em dar nome às coisas, damos um nome e pronto, aquela coisa deixa de nos ameaçar. Quantas “verdades” escolhemos defender só porque ela chama um nome conhecido? E aí se prestamos atenção vemos que aquele símbolo do nome pode estar imbuído hora de um, hora de outro conceito e muitas vezes são paradoxais (isso ao longo de um período de tempo muito abrangente, é lógico)... mas aí seria então certo afirmar que a verdade é construída justamente por esse paradoxo e que se a quiséssemos encontrar devíamos ter olhado fora ao invés de dentro? Será sempre possível olhar fora e contemplá-la? Esse “fora” nos é acessível de onde estamos? O fato de vermos parte ao invés do todo não nos mostra que somar os pontos de vista nos tornaria muito mais ricos do que tentar negá-los? Eu não sei, por isso, pra mim, cada pergunta é uma cabeça de Hidra...

    E aí vai mais uma: Se você não acredita em paradoxos absolutos pq acha que devemos percorrer todos os caminhos e questionar qual o certo e qual o errado ao invés de encontrar a saída? Não seriam ambas as coisas, partes do mesmo processo? Ache o caminho certo e você encontrará a saída? (Isso considerando que se você não acredita em paradoxos como verdade/mentira, bem/mal tb não acredita em certo/errado, útil/inútil ...) Abraços e obrigada por ler!

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  4. É Érica realmente fui um tanto contraditório ao invocar Nietsche e, no final, dar o exemplo do labirinto de autoria do Bobbio, uma vez que se há uma saída do labirinto, esta saída seria uma certeza.
    Creio, também, que meu posicionamento pós-modernista, o qual “substitui verdades absolutas em mutantes e variáveis”, advém, realmente, de filósofos como Nietsche, pois fui, e acho que ainda sou muito influenciado por seus pensamentos no sentido de questionar certos paradigmas até então tidos como absolutamente verdadeiros.
    Atualmente Érica, busco valorizar a emoção, desvinculando-me um pouco da supervalorização da razão. Creio que há uma ou várias verdades, mas repudio apenas pensamentos baseados em paradoxos absolutos, pois perquiro analisar as coisas através de uma ótica holística.
    Acho que valorizando a emoção eu poderei me integrar melhor no meio em que vivo e, consequentemente, ser mais feliz, sentindo-me realizado. Supervalorizando a razão a pessoa se torna um tanto amarga e, muitas vezes, sem esperança e fé.
    Concordo com Maturana quando diz que: “ o fato é que somos mamíferos e, como tais, somos animais que vivem na emoção. As emoções não são obscurecimentos do entendimento, não são restrições à razão; as emoções são dinâmicas corporais que especificam domínios de ação nos quais nos movemos, Uma mudança de emoção implica uma mudança de domínio de ação”.
    Esta visão holística do Maturana, que entrelaça a razão e a emoção, é o que tendo atualmente buscar para que eu possa achar alguma (ou algumas) saída (será que existe?) do labirinto em que me encontro. Mas o fato de buscar alguma resposta, como nós buscamos, é um passo importante, pois às perguntas são mais importantes que as respostas..............
    Você escreve muito bem........
    Bjos

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  5. Sim, talvez as perguntas sejam mais importantes que as respostas. Mas talvez haja um tempo para as perguntas e um tempo para as respostas e se nos ocupamos com as respostas quando deveríamos estar perguntando, então não poderemos esperar chegar muito longe! Primeira coisa: "questionar paradigmas tidos como verdadeiros", você disse. E faz muito bem em questionar conceitos "tidos" como verdadeiros. O fato de ser amplamente aceito como verdade não torna algo verdadeiro! Lembra da historinha das roupas novas do rei? Então... Devemos sempre ser o menino que grita: - Mas o rei está nu!!! Segunda coisa: Concordo que a supervalorização da razão não pode ser o único fiel da balança que pesa os valores e principios que vc busca. De novo faz bem em valorizar também a emoção, e aliás, o hedonismo é um dos traços mais preponderantes da contemporaneidade! Buscamos as verdades mutantes nos prazeres efêmeros das emoções fugazes. Tudo se encaixa. Mas eu, ainda acrescentaria mais uma peça nesse quebra cabeças. Se quer ter uma visão holística de verdade, contemple também a intuição. Aquela virtudezinha relegada à visão simplista de sexto sentido é muito mais do uma voz na sua cabeça! Maturana pode estar certo em parte, mas não somos apenas mamíferos. Então sinto muito em apontar aí mais uma contradição. Se Maturana nos enxerga como sendo apenas mamíferos, sua visão não pode ser holística! Anyway, já que você repudia tanto os paradoxos absolutos, gostaria de compartilhar esse pensamento do Rubem Alves, que também é admirador do Nietzshe: A vida é o que fazemos com a nossa morte. A Morte nos informa sobre o que realmente importa na vida. Quem sabe sobre a Morte são os vivos. A Morte, ao contrário, só fala sobre a Vida. (aí ele cita dom Juan) A morte é a unica conselheira sábia que temos. Sempre que sentir que está prestes a ser aniquilido, volte-se para sua Morte e pergunte-lhe se isso é verdade. Sua morte lhe dirá que está errado. Nada realmente importa fora do seu toque... Sua Morte o encarará e lhe dirá: 'Ainda não o toquei'. Achei pertinente... Vida e Morte, talvez o Paradoxo Absoluto Fundamental... o que dizer diante disso?

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  6. Érica, concordo que o paradoxo absoluto vida/morte, talvez o único(contra fatos não há argumentos – chavão jurídico..rs..). Por outro lado, descordo de você quando diz que Humberto Matura não tem visão holística, pois não fundamenta sua argumentação apenas no fato de o homem ser um animal mamífero. Vai além, pois crê que as emoções não são restrições à razão, pelo contrários, se entrelaçam no sentido de que “emoções são dinâmicas corporais que especificam domínios de ação nos quais nos movemos”.
    Ademais, o Biólogo Chileno Humberto Maturana e Frijot Capra são considerados precursores do pensamento e da reflexão holística das coisas. No entanto, você disse que Maturana não tem uma visão holística... realmente acredita nisso?
    Quando diz que “se quer ter uma visão holística de verdade, contemple também a intuição”. Esta intuição, este instinto que devemos preservar, não faz parte de um pensamento que eleva o fator emocional, a intuição não está inserida na emoção?
    Érica, tentarei contemplar mais a intuição, mas acho que este sexto sentido prevalece mais nas mulheres (não que os homens não a tem), um dos motivos para acreditar que os homens e as mulheres se completam...rs... pois se somarmos razão, emoção e intuição encontramos um resultado fantástico, ou seja, H+M=FELICIDADE... rs.
    bjos

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  7. E se ao invés de "paradoxo", usássemos a palavra "polaridade"? Pq a partir do exemplo vida/morte, podemos entrever q as polaridades são parte de uma mesma e única coisa. E ademais, uma dúvida me ocorreu; sendo vc advogado, explique-me: A justiça humana é definida pelos mesmos paradoxos q vc repudia... certo e errado! O próprio layout de um tribunal define isso! Dois individuos sentam-se perante um juiz: Se um está certo é pq o outro está errado. Se um é o réu o outro é a vítima e se um diz a verdade é porque o outro mente?! Pode haver dois réus,duas vítimas, um contra o outro num mesmo julgamento?...

    Sobre Maturana, eu realmente nao acredito nem desacredito que seja holístico ou tenha visão holística. Desculpe a ignorância mas nunca tinha ouvido falar dele até seus comentários começarem a pipocar por aqui (o que foi muito legal da sua parte, obrigada!). Mas se ele resume a figura humana no conceito de mamífero, acho justo da minha parte considerar que ele tem uma visão puramente biológica do homem, e aí faz sentido entender sua abordagem da emoção, visto tratar-se de processos bioquímicos. Se é holistico ou não, pra mim é só um rotulo que todos decidem estar de acordo a respeito, mas que pode bem ser um engodo! (O rei estaria nu?) Se ele não contempla a espiritualidade do homem, não pode ser holístico na minha opinião!

    Sobre a intuição, não trata-se de um simples sexto sentido que está atrelado mais a um gênero que a outro. Hoje em dia tanto homens quanto mulheres calam essa voz do espírito e preferem deixar-se guiar por emoções imediatistas ... depois desesperam-se por não encontrarem mais sentido em sua própria existência... Aliás, decidi que vou escrever um post sobre ela, a intuição! Aguarde e verá que a complementação Homem + Mulher só é válida quando ambos são sensiveis à essa vida espiritual e ouvem o que as vozes de suas almas dizem sobre construir uma vida em comum plena de um sentido mais elevado. Concorda?

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