sábado, 18 de abril de 2009

Ouro Nero


"- Meu caro Sr. Francis, quem acha que realmente governa uma nação? Os governantes aparentes ou os verdadeiros, os que ficam nos bastidores, manipulando as finanças da nação, em benefício próprio? O Sr. Lincoln é tão impotente quanto nós dois. É um homem infortunado que só pode oferecer slogans a seu povo . E aparentemente o povo só deseja mesmo slogans."

A citação acima pertence à novela Os Capitães e os Reis, publicada em 76 de autoria da escritora anglo-americana Taylor Caldwell (de quem, diga-se de passagem, minha mãe é fã de carteirinha)... Enfim, se não fosse pela minha mãe provavelmente esse post não existiria... Ainda não estou nem no meio deste livro de quase 800 páginas, muitas das quais a autora preenche com descrições tão detalhadas e prolixas que fariam com que eu deixasse de lado a leitura, não fosse o instigante contexto em que o enredo se desenrola. É quase como um Zeitgeist, só que sem a abordagem publicitária e apocalíptica e mais com cara de novelão mesmo.

A trama se passa nos States pré e pós guerra da Secessão (não sei até quando, pois ainda estou na página 284 e falta muito mesmo para o final). Ao longo do enredo principal, a autora nos conta de que forma uma elite composta de investidores e industriais oriundos das mais tradicionais famílias, sabotam governos de todo o globo promovendo guerras e tomando o controle dos países envolvidos nelas através da manipulação das dívidas geradas, no que para eles (a elite conspiratória) não passam de meros quiprocós que mantêm sua estabilidade e poder.

Não vou me alongar nesse papo de teoria da conspiração, mas achei relevante linkar a citação do primeiro parágrafo deste post com a linda campanha com efeito de cores posterizadas que ajudou a eleger Barack Obama e todo o sentimento promissor que veio com sua posse e uma manchete que me chamou a atenção dias atrás dizendo que o presidente americano enviaria mais soldados e mais grana ao Afeganistão... vale comentar que na novela de Caldwell, o petróleo é um elemento significativo do pano de fundo.

Anyway, seja como for... vou fechar com mais um trecho do livro:

"- Não devemos abominar totalmente a hipocrisia. Sem ela, não teríamos civilização, os homens não poderiam viver juntos por mais de uma hora, sem se matarem. Há outras palavras para descrever a mesma coisa, como gentileza, tolerância, consideração pelo próximo, autocontrole. Vou mais longe, dizendo que, sem a hipocrisia, não teríamos igrejas nem sequer religiões.

Uma inquietação indefinida dominou Joseph totalmente.
Reconhecia na argumentação um sofisma, mas não sabia
como contestá-lo sem parecer um tolo pueril.
"


Essa mesma inquietação deve invadir muitos de nós quando paramos um pouco a roda viva do acelerado caótico do cotidiano e começamos a observar com olhar um pouco mais crítico as coisas ao redor... Quantos sofismas engolimos apenas por temer soar como tolos pueris em uma sociedade, que apesar de apologizar a tolice e pueridade (chamando-as de outros nomes enquanto ridiculariza o que deveria ser considerado) não aceita a "tolice" pura, clara e simples da Verdade?

Concluindo... tavez devêssemos compartilhar o horror que Fernando Pessoa um dia cantou:

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,

...


Já era tarde demais!!!


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