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Fiquei surpresa porque esperava um filme infantil e assisti a uma história com alto poder formador que não corrompe o humor das crianças com ironias e sarcasmos que elas nem entendem anyway! Isso é raro de se ver hoje em dia e portanto louvável, na minha opinião.
Enfim, "A lenda dos guardiões" é um filme sobre a intuição. E sobre a escolha de deixar a vida ser conduzida por princípios ou pelo medo. Conta a história de dois irmãos, Soren e Kludd, suindaras que passaram a infância ouvindo do pai as histórias dos guardiões de Ga'hoole, corujas nobres que no passado defenderam todo o reino de um cruel destino. Soren ama e encena estas histórias para a irmãzinha Eglantine enquanto Kludd, pensa que tudo não passa de uma grande bobagem e um enorme tédio! Certo dia, os dois caem do ninho e são sequestrados por corujas que os levam a um lugar sombrio e inóspito, onde transformam os filhotes sequestrados de tytos-alba em soldados, pois são uma espécie superior. As demais espécies sofrem um tipo de lavagem cerebral e tornam-se coletoras de um material encontrado nas partículas regurgitadas pelas corujas para a construção do que parece ser uma "arma nuclear" que destruirá os guardiões e ajudará estas corujas sinistras a usurpar o reino.
Embora Soren possa ser um soldado, ele escolhe ficar junto com os coletores para defender uma nova amiga que fez no cativeiro. Já Kludd, sente-se envaidecido por pertencer a uma raça superior e torna-se o soldado (nazista) exemplar. Soren e Gylfie (a corujinha-duende, sua amiga) não se deixam hipnotizar e são auxiliados por um soldado cansado das vilanias dos Puros (as corujas nazistas), que os incumbe de atravessar o mar que os levaria até Ga'hoole e contar aos Guardiões tudo o que se passava naquele estranho local.
À medida que a trama avança, e Soren finalmente encontra os Guardiões, ele também encontra dentro de si mesmo todos os valores nobres e elevados que encenava em suas brincadeiras e torna-se o grande herói da história! Kludd, torna-se cada vez mais corrupto e inebriado pelo poder prometido pelos Puros. E os dois irmãos tornam-se assim os grandes exemplos antagônicos que representam a humildade que confia na própria intuição (as moelas, mencionadas na história) e se mantém fiel aos seus valores mesmo em face das piores ameaças e a arrogância que por medo, coloca o ego acima do bem e do mal e é capaz de cometer os mais absurdos atos justificando-os com sua sofismática superioridade.
O apelo visual do filme é belíssimo, porque a coruja já é um pássaro cativante e enigmático, que parece guardar mesmo a sabedoria de um outro mundo! E a animação as caracteriza com tal sutileza de detalhes que é mesmo impressionante! Ainda mais em 3D. A trilha sonora também é grandiosa e muito bem executada. Se o filme tem falhas de roteiro, se o diretor perde a mãe às vezes, deixa pra lá. O que gostei mesmo foi de ver que as crianças também podem contar alguma profundidade nas histórias que consomem, pois hoje em dia há cada vez menos opções assim. O filme é baseados nos três primeiros livros da autora Kathryn Lasky , que também espero ler em breve!