Dá pra assistir o filme todo aqui
Eis que a TV a cabo ainda é uma boa, às vezes... quando você dá a sorte de achar um filme que vale mais a pena do que zapear o controle remoto. É o caso de Life as a House! De algum modo o Kevin Kline sempre me faz parar de apertar o seletor de canais, mas o filme é mesmo muito bom.
É uma daquelas histórias que mostra o que devemos escolher se queremos viver uma vida que realmente vale a pena. Apesar do climinha meio sessão da tarde, o filme aborda uma questão fundamental: a de que na maioria das vezes gastamos o tempo que temos buscando o sentido da vida onde ele não está, e deixamos de lado o que realmente tem valor.
Fala dos anseios que procastinamos, esperando o momento ideal... e ele nunca chega. Eu lembrei de novo do Nilton Bonder (quantos de nossos esforços e sacrifícios são oferendas ao nada?) e lembrei do Mario Quintana ( quando se vê, já são 6 horas... quando se vê, já é sexta feira... quando se vê, já passaram 60 anos...).
O título em português do filme é "Tempo de Recomeçar"... Eu, particularmente, acho que restringe o conceito do título original: A vida como uma casa! O Kevin Kline herda uma casa do pai, uma casa que sempre amaldiçoou e que sempre quis derrubar para construir outra. Mas nunca o fez. Viveu nela com sua esposa, seu filho passou a infância lá, nela separou-se da mulher e a dissolução da familia se deu ali. Só o cachorro ficou. A mulher casou-se de novo, o filho cresceu e se tornou um adolescente problema, hermético e sem limites. Sempre insatisfeito.
Se vemos a vida como uma casa, podemos traçar a seguinte analogia. Herdamos a vida e nem sempre ela é o que gostaríamos que fosse a não ser que tenhamos a coragem de derrubar as paredes que nos limitam e construir novas! Ou melhor seria, derrubar as paredes e construir pontes, pois o filme mostra bem o poder unificador do trabalho, que une ao mesmo tempo que redime.
De súbito, Kevin Kline vê-se com os dias contados. Diagnosticado com câncer. E começa a história meu-amor-o-que-você-faria-se-só-te-restasse-esse-dia... Ele decide pôr em prática tudo o que deixou de lado e os pequenos milagres vão acontecendo. Às vezes uma coisa ruim força uma coisa boa, ele diz. E se nós, em nossas vidinhas, percebêssemos isso com mais frequência, talvez não precisássemos mais vivenciar nada ruim! Nos adiantaríamos e quebraríamos o círculo opressivo dos comportamentos viciados e poderíamos também presenciar os pequenos milagres que dão sentido à existência, ou como melhor definiu Mario Quintana (de novo):
basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Oh foi tão lindo...!
ResponderExcluirVocê tem o poder de fazer a gente ter vontade de assistir o filme na mesma hora em que lemos ou ouvimos seus comentários...Não sei pq não te contratam logo como crítica de cinema...
Abs
Rit Marie
Oi, Érica!
ResponderExcluirAcabei de ler um artigo sobre Sócrates que me levou a ter estes mesmos sentimentos. O tempo passa e continuamos todos humanamente estúpidos. Precisamos escapar da ignorância congênita que abate sobre a espécie humana. Poucos de nós temos coragem de dar o primeiro passo: nos despojarmos de tantos clichês e paradigmas e nos abrirmos a simplicidade de VIVER. (adorei o filme) Bjs Adriana