quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Comida!



Estou preocupada, aterrorizada na verdade! Existe um Codex Alimentarius que entrou em vigor em 01 de janeiro de 2010... Ao que parece disfarça-se de preocupação com o bem-estar social mas não passa de uma conspiração macabra para que a Indústria Farmacêutica e as Grandes Corporações controlem o futuro dos alimentos.

Tem muito material pra ler e assistir bem aqui! E você pode saber melhor sobre o que é esse codex aqui.Eu não sei como vamos continuar a viver se começarmos a prestar atenção a toda teoria da conspiração que aparece... Será que abstrair poupa pelo menos o aparecimento de novos cabelos brancos?

Brincadeirinhas a parte, é claro que não! Mas mais do que nunca é preciso prestar atenção a tudo mesmo. Urge que questionemos a origem de tudo o que consumimos. Mas ainda assim continua o embrulho no estômago, porque é preciso saber em qual fonte confiar? Cada discurso está contaminado com as próprias ideologias...

Anyway, em linhas gerais o Codex estipula que (isso segundo seus opositores):

- Suplementos nutricionais, como vitaminas, por exemplo, não poderão mais ser vendidos para uso profilático ou curativo de doenças; potências de qualquer suplemento liberado, estarão limitadas a dosagens extremamente baixas, sub-dosagens, na verdade, e somente as empresas farmacêuticas terão autorização para produzir e vender esses produtos (preferencialmente na sua forma sintética) em potências mais altas - no caso da vitamina C, por exemplo, qualquer coisa acima de 200mg será considerada "alta", e será necessária uma receita médica para se poder comprá-la.

- Alimentos comuns, como o alho ou o hortelã, por exemplo, poderão ser classificados como drogas, que somente as empresas farmacêuticas poderão regulamentar e vender. Qualquer alimento ou bebida com qualquer possível efeito terapêutico poderá ser considerado uma droga.

- Alimentos geneticamente modificados não precisarão ser identificados como tal, e não saberemos a origem do que estamos comendo; a criação de animais geneticamente modificados também já consta dessa mesma pauta, ou seja, vai ser difícil saber que bicho se está comendo.

- Aditivos alimentares, a maioria sintéticos, como o aspartame, por exemplo, serão aprovados para consumo sem que se tenha conhecimento dos efeitos a longo prazo de cada um nem das interações entre eles a curto e longo prazos.

- Todos os animais destinados ao consumo humano, deverão receber hormônios e antibióticos como medida profilática; sabe aquele "gado orgânico", criado solto em pastagens e tratado só com homeopatia?... nunca mais!

- Todos os alimentos de origem vegetal deverão ser irradiados antes de serem liberados para consumo: frutas, verduras, legumes, nozes... nada mais chegará à nossa mesa como a natureza fez - tem gente brincando de Deus, mas desta vez não para criar, e sim para DEScriar.

- Os produtos "orgânicos" estarão completamente descaracterizados, pois terão seu padrão de pureza reduzido a níveis passíveis de atender às necessidades de produção em grande escala; alguns aditivos químicos e várias formas de processamento serão permitidos; tampouco haverá obrigatoriedade por parte do produtor de informar que produtos usou e em que quantidades - rótulos não serão obrigatórios na era pós-Codex.

- Para a agricultura convencional, os níveis residuais aceitáveis de pesticidas e herbicidas estarão liberados em níveis que ultrapassam em muito os atuais limites de segurança! Em outras palavras, estarão envenenando nossa comida.

Em síntese: os objetivos do Codex incluem (1) globalização das normas, (2) abolição da agricultura/criação orgânica, (3) introdução de alimentos geneticamente modificados, (4) remoção da necessidade de rótulos explicativos de qualquer espécie, (5) restrição de todos os remédios naturais, que serão classificados como drogas.


Medo!!!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Making sense

Um dos momentos mais significativos na vida de um homem é quando ele sente que se esgotaram as ambições e está simplesmente esperando, sem saber o quê. Esse é o momento em que a iluminação está mais próxima.


A iluminação não é uma meta. Não está lá, longe, para você alcançá-la. Você não pode fazer da iluminação uma ambição: essa é a maneira mais correta de perdê-la. A iluminação acontece nesse vazio, quando todas as suas ambições terminaram. Você não sabe o que fazer, aonde ir.


Nesse silêncio — porque não há um tumulto de desejos, nenhum desejo ardente de ambição — a iluminação acontece por conta própria. É um subproduto, não uma meta.


E é por isso que você está se sentindo triste, insatisfeito: muito embora todas as ambições tenham terminado... Por que uma pessoa deveria se sentir insatisfeita? Deve existir algo na vida que não seja parte da mente ambiciosa, sem a qual uma pessoa não pode se sentir satisfeita.


Você pode realizar todos os seus desejos, todas as suas ambições, e ainda assim se sentirá insatisfeito. Na verdade, você se sentirá mais insatisfeito do que aqueles que ainda estão correndo atrás de desejos, porque pelo menos para eles existe uma esperança de que amanhã eles alcançarão a meta.


Hoje pode parecer vazio, mas a ilusão, a alucinação do amanhã mantêm o hoje, de certa forma, escondido para eles. Mas agora, para você, não há nada que possa esconder sua realidade: você está insatisfeito.


Portanto, uma coisa fundamental está muito clara: mesmo que todas as ambições sejam satisfeitas, o homem não está satisfeito. Existe algo que não é uma ambição, e, a não ser que você o alcance — e não é um empreendimento —, a não ser que ele aconteça a você, a insatisfação o deixará triste.


Essa situação acontece a todas as pessoas afortunadas; quanto ao mais, todos estão correndo atrás de seus desejos, e existem tantas coisas a fazer na vida. Não há tempo para se sentir insatisfeito, não há tempo para sentir tristeza. A esperança no amanhã dissipa toda a tristeza.


Mas agora você não tem nenhuma esperança no amanhã. Somente o hoje está com você, e é bom que você esteja esperando, sem saber o quê. Se você está esperando intencionalmente por algo, isso é desejo, então a mente estará lhe pregando uma peça.


Se você está simplesmente esperando, terá chegado ao fim da estrada. Não há mais nenhum lugar para ir; o que você pode fazer exceto esperar? Mas esperar pelo quê?


Se você pudesse responder "estou esperando por isso ou por aquilo", perderá a iluminação. Então sua espera não é pura. Não é uma simples espera. Se você puder ter certeza de que é uma espera pura, não dirigida a nada, a nenhum objeto, estará na situação correta, na qual a iluminação acontece.


Portanto, você está em um belo estado, inconsciente dele, por causa da pura espera e tristeza... A pessoa não pode ver o que existe de belo nisso. Somente os despertos podem perceber o que há de belo nisso.


Essa é a situação na qual você desperta, como um subproduto. De outro modo a vida permanece um sono espiritual. Todos os desejos e ambições não são nada além de sonhos desse sono.


Uma tristeza, uma profunda insatisfação, em geral não parece algo muito glorioso, não é algo de que se orgulhar; mas eu lhe digo que isso é algo de que você pode se orgulhar. Apenas permaneça na sua tristeza. Não tente transformar isso em outra coisa.


Permaneça na sua espera — não tente dar a ela um objeto. A pura espera atrai a derradeira experiência que chamamos de iluminação. A pessoa não deve buscar a iluminação como uma meta. A iluminação vem a você quando você está maduro, e esse é um tipo de amadurecimento necessário.


No Ocidente isso está acontecendo com muitas pessoas, mas elas não sabem. Estão tristes, em profunda angústia; estão se afogando no álcool, nas drogas, em perversões sexuais; estão tentando esquecer a tristeza com todo tipo de coisas. Estão tentando, de alguma maneira, transformar sua espera em objeto.


Alguns tornam-se religiosos e começam a esperar por Deus. Alguns começam a filosofar que a vida não tem sentido, que a vida não é nada além de angústia, que dá náusea.


E a beleza é que Jean-Paul Sartre, que dizia continuamente que "a vida é sem sentido, apenas ansiedade, angústia, náusea" — também escreveu um livro chamado A Náusea —, viveu muito tempo. Então para que viver se a vida é apenas náusea, para que escrever um livro sobre isso? Se a vida é sem sentido, para que questionar isso? Para conseguir um Prêmio Nobel?


O que estou dizendo é totalmente diferente do que está acontecendo no Ocidente. O que estou dizendo é o que tem acontecido no Oriente nos últimos dez mil anos: quando o homem chega ao ponto em que todas as ambições são inúteis, é porque ele as viveu e descobriu que não valem a pena; ele alcançou a meta que queria e descobriu, então, que não havia nada a ser descoberto, que foi apenas uma alucinação, um oásis que parecia real à distância, mas que, à medida que se aproximou, desapareceu, restando somente o deserto.


O Oriente tem usado isso de diferentes maneiras. Nem um único filósofo pregou o suicídio. Nem um único homem nesse estado ficou maluco ou se voltou para as drogas. Mas durante séculos tem sido aceito que esse é o momento de maior potencial da vida.


Se você puder apenas esperar, sem esperar por nada; apenas esperar, pura espera... deixe a tristeza estar lá, deixe a insatisfação estar lá, elas não podem impedir sua iluminação. Somente uma coisa pode deter sua iluminação: se você fizer da sua iluminação um objeto.


Se a espera for pura, a iluminação acontecerá, e com o seu acontecimento existe a satisfação, grande regozijo, e a vida vem a florescer. É por isso que eu digo que esse é um momento tremendamente belo. Não o perca.

Osho, em "Dinheiro, Trabalho, Espiritualidade” (achei aqui)

Tu, só tu

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Muito melhor


Já falei bem aqui, sobre como foi provado cientificamente que felicidade é contagiante e afeta todos ao redor. A pesquisa dizia assim: "A felicidade de uma pessoa depende da felicidade daqueles com quem a pessoa em questão está conectada."

Não é que eu esteja sem assunto ou querendo me repetir! Ou melhor, não é que esteja sem assunto, mas quero sim repetir pra mim mesma que ser feliz é uma decisão que a gente faz! Sei que parece uma contradição com a afirmação acima que coloca nossa felicidade em direta interdependência com a felicidade alheia, fazendo parecer que não é responsabilidade nossa se a tristeza nos alcançar. Mas é sim, porque podemos decidir sobre aqueles com quem queremos estar conectados. Repito, porque é com tanta frequência que esquecemos disso! Porque quando deixamos de ser vigilantes só por um momentinho que seja, pronto! nos deixamos envolver por influências que nem sabemos de onde saíram e aí vamos ficando taciturnos, ansiosos, pesados.

Não que seja fácil proteger-se destas influências, é comum que os outros também estejam ligados a energias ruins sem nem perceber por qual frestinha entra aquela névoa cinza. Seria bacana se tívêssemos sensores automatizados avisando que há algo errado e fechando ou filtrando esses inputs. E talvez tivéssemos mesmo se não tívêssemos deixado de lado a única ferramenta que pode fazer isso. Hoje é tão dificil saber quando estamos realmente equivocados...

Bom, talvez todo este texto até aqui nos fizesse deduzir que o mais seguro então, é isolar-se de qualquer interação! Novamente a idéia de que sozinhos, estamos protegidos. Talvez fosse, mas a felicidade ainda depende do que nos rodeia e sozinhos é muito dificil construir um ambiente feliz (o Tom Jobim já sabia que é impossivel ser feliz sozinho). E isso não acontece porque quando se está só, não há ninguém de quem receber felicidade; mas quando se está só, você não pode doar! Não pode servir (E aí seu coração torna-se irredímivel, como na citação do C.S Lewis aí na barra ao lado). E esta é a decisão que podemos fazer, estar próximo das pessoas simplesmente porque queremos ser úteis! Esta é a fonte da felicidade e da força!

Somente um compromisso assim pode imbuir alguém de tanta força que não o deixará ser influenciado por energias negativas externas, porque este compromisso também significa que você não poderia trazer sofrimento para ninguém! Seria impossível! É assim que nasce a responsabilidade por aqueles a quem cativamos. Nunca iríamos criar vínculos desnecessários que nos sobrecarregassem de culpa. É tão óbvio que fico aqui, encantada e estarrecida de como nos perdemos tanto disso. De quanto sofrimento é responsabilidade nossa. E de quanta felicidade poderíamos plantar no mundo se simplesmente nos decidíssemos a isso! Minha escolha é essa, e espero que também seja a sua, leitor! E se você vislumbrar a menor sombra encobrindo seu sorriso, é porque não está doando o suficiente. :)


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

For landing I've been cleared


"Assim, Raquel, não se aflija. A vida é uma ciranda com muitos começos."

Finalmente assisti àquele filme Closer, tão comentado e não sabia por quê! Não achei nada de mais inclusive, e não fosse o fato de hoje eu estar meio do avesso, talvez nem o mencionasse... Anyway, o que vale a pena comentar sobre esse filme é que agora entendo porque tornou-se tão popular. A sinceridade das personagens é realmente cativante!!! Faz parecer que agem corretamente! Afinal ser sincero é uma virtude. Mas em todo o filme eles conseguem ser sinceros apenas a respeito de suas infidelidades. Não são sinceros sobre o amor que não sentem, e criam um emaranhado absurdo de fios turvos ligando o quarteto protagonista...

E o único objetivo das ligações que mantinham era o sexo. Outro ponto na audiência. Bom, tudo isso é só pra tentar resgatar um pouco do que poderia ser uma união sadia, que fizesse o casal crescer juntos... e é lógico que estou falando de uma perspectiva espiritual! É óbvio que como fazemos na maioria dos casos, procuramos permanecer dentro da nossa zona de conforto. Tudo o que nos remeta ao mais ínfimo sentimento de desconforto, descartamos. Somos especialistas em criar o álibi perfeito para justificar a permanência em nossas bolhas, tão comodamente, sendo carregados pela inércia. Acho que assim também acontece com as interações e uniões humanas. Aliás que hoje, nossa sociedade individualista prega o tempo todo o quanto é mais vantajoso ficarmos a sós. Mesmo que vamos sentir solidão... pelo menos estamos protegidos. O máximo que fazemos no sentido de nos relacionar fica no campo da distração, de chats da internet e plataformas bem distantes da vida real... Aliás, que o filme mostra bem essa faceta da atualidade.

Mas qual a dinâmica disso na realidade? Eu fico pensando que uma vez que somos criaturas em desenvolvimento, querendo se auto-educar para atingir a plena consciência, já não é fácil conviver consigo mesmo... imagina com as outras pessoas, e em um casamento, imagina tão perto de outra pessoa! Talvez por isso o nome do filme seja "Perto demais"... O problema é que só serve pra dizer que perto demais somos fracos e ainda heróis por sermos sinceros a respeito de nossas fraquezas. Se as assumimos bravamente, então estamos absolvidos. Mas isso é uma ilusão. Porque não faz com que sejamos melhores, apenas faz com que seja confortável continuar convivendo com nossos erros.

Mas pra não terminar nessa deprê, tem uma coisa que me conforta. É da dissertação "O Matrimônio", do segundo volume do livro "Na Luz da Verdade", de Abdruschin. Lá ele fala que todo matrimônio sadio precisa de trabalho em comum e objetivos elevados da mesma forma que o corpo precisa de movimento e ar fresco. Quem desejar construir vida em comum fundamentando-se na comodidade e total despreocupação só poderá colher um estado doentio com todos os efeitos colaterais.

Às vezes, e mesmo que não estejamos preparados para viver a realidade das coisas, é preciso que a gente baixe o escudo e apenas confie, aceitando o que surge (mesmo se for doído) com alegria no coração, com genuíno agradecimento. Porque nada pode ser sempre cor de rosa por aqui, e em muitos casos somente sofrimentos advindos de confrontos (aqueles os quais nos esforçamos tanto para que não nos alcancem) podem nos mostrar a Verdade. Basta que estejamos com os olhos bem abertos!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Anseio



Já falei sobre esperançar há alguns posts atrás! Pois é, esperança também é verbo, o que indica ação. À parte o momento professor Pasquale, quando esperamos que algo aconteça é inevitável sentir certa ansiedade... Mas temos que saber a diferença entre ansiedade que vem de ânsia e a que vem de anseio!

Ansiedade de ânsia é algo que quer nos consumir, ou que ficamos desesperados para consumir e assim logo se acabar. Aliás que "desesperar" já significa "não esperar". Se não sabemos esperar não poderemos viver aquilo que esperamos, pois estaremos inevitavelmente colocando aquele momento que nos causa ansiedade em algum espaço que não lhe pertence! Tudo tem seu tempo certo para acontecer, e é apenas lastimável que no atual contexto da humanidade essa sabedoria esteja se perdendo a cada dia, para dar lugar ao que podemos chamar de viver até a exaustão. Aquele ritmo mecânico em que muitos vivem (do filminho aí de cima), consumindo e sendo consumidos por sensações ou emoções que acham válido que se repita ad infinitum... mesmo que não faça nenhum sentido! E prazer por prazer é mera fuga. E longe de mim julgar as pessoas, mas acho que isso é o mesmo que se alimentar de sombras.

Ansiedade de anseio, é coisa muito diferente! É primeiro esperançar... (que relembrando, é construir, é acreditar, é levar adiante...) E aí você não se surpreende que dessa esperança tudo o que tem sintonia correspondente, se aproxime de você. E nem se surpreende que os eventos vão sucedendo-se de forma tão harmoniosa que cada momento esteja perfeitamente encaixado no tempo a que pertence. E você passa a, naturalmente, confiar tanto que o futuro que anseia é, de fato, real; que a ansiedade não é mais uma sensação de consumir. É apenas uma cóceguinha até gostosa na barriga, de bem estar, porque tudo está encaixado e só falta esperar mais um pouquinho para que o tempo e o espaço encontrem a junção perfeita! Esperar não, esperançar... continuar cultivando! Porque só mesmo assim para as coisas que queremos acontecerem. E só assim para saber que são esses os momentos pelos quais se vale a pena viver, afinal os construímos dentro de nós! São nossos.

É essencial saber que só quando agimos desse modo é que podemos sentir que tudo o que nos acontece, de fato, nos pertence. Então nunca mais poderemos reclamar do nosso contexto ou das nossas contingências, saberemos que fomos e somos responsáveis por elas! Quem gosta do Rilke sabe que “É preciso que nada de estranho nos possa advir, senão o que nos pertence desde há muito.” Falar mais, para quê?!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Numb



Filminho simples e despretensioso que assisti tempos atrás e que sempre quero escrever a respeito mas acabo deixando pra lá: "Hora de voltar" escrito e dirigido pelo também ator Zach Braff, conta a história de um carinha voltando para a cidade natal após a morte da mãe. Ausente por 9 anos, o regresso o faz confrontar-se com seu passado, com os fantasmas de sua infância e com seu pai dominador que também é seu psiquiatra e que mantém o filho sob uma contínua prescrição de lítio e outros remédios pesados para conter sua "agressividade natural".

O reencontro do protagonista com os amigos de infância e suas atuais trajetórias oferecem a base para que ele possa analisar sua própria jornada. O encontro transformador com uma garota, que ao longo da história vai se tornando muito importante para ele, o faz tomar decisões que não poderia tomar antes de conhecê-la. Tudo isso para que em sua catarse final ele decida libertar-se e ser e permitir-se viver o que acredita que pode!

Eu achei especialmente tocante a cena em que ele diz ao pai que não vai mais tomar nenhum remédio, pois não quer mais sentir-se entorpecido! Quer sentir a vida, quer poder sentir o que é a vida, mesmo que sinta dor.

Achei isso tão rico porque fico observando que muitas vezes, perdemos muito tempo tentando nos proteger e aí nos entorpecemos! Até que não haja mais movimento em nossa vida e passemos a viver, mecanicamente, somente coisas sem sentido! Aí tem uma musiquinha do Velvet Underground que você pode cantarolar para não se esquecer de que é importante deixar as portas abertas!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

the potential you'll be, that you'll never see



A Alma Imoral, do rabino Nilton Bonder, uma sofisticada análise de textos bíblicos e de parábolas judaicas sobre os fatos da vida apresenta, em uma passagem, a história de um homem rico que foi aconselhar-se com um rabino. Logo no início da consulta, quem pergunta é o religioso:

– O que você costuma comer?
– Sou bastante modesto em minhas demandas. Pão, sal e água é tudo do que necessito – respondeu o homem, achando que seria elogiado pela humildade.

– O que você acha que está fazendo?
Deve comer carne e beber vinho como uma pessoa rica [que é].
Mais tarde, os discípulos questionaram a espantosa reação do rabino, que explicou prontamente:

– Até que ele coma carne bovina e beba vinho, não vai compreender que o homem pobre precisa de pão. Enquanto ele se alimentar de pão, vai achar que o pobre pode alimentar-se de pedras.

Aquele que não faz uso de todo o potencial de sua vida de alguma maneira diminui o potencial de todos os demais. Se fôssemos todos mais corajosos e temêssemos menos a possibilidade de sermos perversos, este seria um mundo de menos interdições desnecessárias e de melhor qualidade.

Esse texto está na coluna do Eugênio Mussak na edição deste mês da Revista Vida Simples. O texto dele é sobre o real valor do dinheiro, e é muito bom! Mas esse trecho me chamou especial atenção. Além de falar da falsa humildade, nos mostra como ser verdadeiramente agradecidos. Vou repetir essa frase que contém uma chave muito importante:

Aquele que não faz uso de todo o potencial de sua vida de alguma maneira diminui o potencial de todos os demais.

Quando articulamos este pensamento ao post anterior, mais uma vez, podemos enxergar que nunca é demais responsabilizar a si mesmo quando vemos algo errado! O que recebemos devemos devolver na mesma medida, somente assim podemos demonstrar verdadeiramente nossa gratidão! Fica parecendo uma contradição com toda a minha opinião sobre o consumo tão regularmente expressa nesse blog... mas não é! Pois o texto não precisa tratar apenas de bens materiais, podemos utilizar a metáfora para falar de conhecimento também. E mesmo que seja sobre bens materiais faz sentido também, por causa da falsa humildade e porque você ainda pode ser um consumidor consciente.

A história também nos dá uma pista sobre o sentido verdadeiro do amor severo. Quando ele diz que devíamos ter menos medo de ser mais perversos, não acho que queira dizer que devemos ser sádicos. Acho que quer chamar atenção para uma coisa muito recorrente:Eu tenho uma amiga que diz que há pessoas que acham que a vida lhes deve alguma coisa! Estão sempre insatisfeitas, sempre se vitimizando e buscando que os outros lhe retribuam algo que já doaram. Estas pessoas não estão fazendo uso de seu potencial e estão tirando algo dos demais! A vida não nos pode dever nada, nunca! Quando doamos estamos sempre retribuindo e não adquirindo créditos, logo não é possível que queiramos nos colocar um rótulo de "coitadinhos" para que alguém se compadeça de nós e nos doe mais do que precisamos! E são muitos os "coitadinhos" e são muitos os que se compadecem deles também. Devíamos apenas enxergar que não há vítimas. Há apenas pessoas buscando desenvolvimento enquanto outras buscam fechar-se dentro de paradigmas de uma inconsciência coletiva totalmente fora de propósito, apenas para poderem continuar dormindo.

Mais uma vez o apelo de arregaçar as mangas, ao invés de responsabilizar os outros, faz sentido nessa parábola sobre vinho e pão!